De dois em dois dias tive de comparecer no gabinete de meu pai para lhe dar a ele e ao meu tio um relato da minha relação com o Imperador. Como estava a evoluir, o que ele me dizia, que assuntos o preocupavam ...
Tinha que entrar nos mais pequenos e pormenores detalhes sem lhes esconder nada, nem sequer as nossas intimidades.Foi tão embaraçoso... Eu olhava para o meu tio e nos seus olhos via que ele gostava de ouvir as minhas histórias. Consegue imaginar isso? O teu tio e o teu pai com os braços cruzados à tua frente. E você aí sentada obrigada a contar uma palavra depois da outra que foi, beijada e que o Imperador meteu sua mão entre minhas pernas.
"Até onde ele foi? " perguntou o meu tio com os olhos brilhando de excitação.
Senti-me oprimida e foi profundamente humilhante.Eu estava cansada de agir como uma espiã. Eu senti-me culpada de fazer isso ao Imperador. Mas o meu pai avisou-me para não mergulhar no meu próprio jogo, correndo o risco de me magoar.
- Não perca o propósito do que estamos a fazer, Sola. Disse o meu pai, segurando-me pelos ombros. Estamos aqui apenas para assegurar o nosso futuro.
O nosso futuro? Eu nem sequer sabia que estava a jogar um jogo. E ao fazer isso, estava apenas a pôr em risco o meu futuro, eram eles que eu estava a salvar, eles é quem iam acabar bem no final. Não havia lugar para uma mulher sem marido neste mundo.
No início, o meu pai teve medo quando eu lhe disse que eu ia ser a próxima imperatriz. Mas depois decidiu ajudar-me. E formou toda uma equipe para apoiar o lado do Imperador no repúdio da sua esposa.Mas ela ainda tinha muitos apoiantes, e o Grande Pastor era um deles. Ele era desonesto para um homem de Deus, jogando jogos duplos e conspirando contra mim. Ele fez tudo para que o repúdio não acontecesse, ele tinha as suas razões, ela era sua sobrinha.
Quando regressávamos de um piquenique com os amigos do Imperador. Assim que chegámos ao portão grande, ele foi interceptado. Era sobre a Imperatriz. Assim que soube que ela estava doente, o Imperador saltou do cavalo e correu com os seguidores da sua mulher em direcção ao palácio da Imperatriz, esquecendo-se de mim.
Durante dois dias interroguei-me sobre o que se estaria a passar lá, eles dois... Eu e algumas damas de companhia não fomos autorizadas a entrar nos appartementos da Imperatriz.
- Dizem que o Imperador tem estado lá este tempo todo. Me disse a senhorita Vanuza. Ele não tira os olhos de cima dela.
Ali estávamos nós em frente à porta da câmara do soberano, guardados por dois guardas que impediram a nossa entrada. Mais uma vez... Para um homem que chamou à sua mulher de chata, ele estava demasiado preocupado.
Quando o voltei a ver, ele veio para o meu quarto e abraçou-me. Eu tive que fingir, eu tive que me esforçar En fazer parecer que não me importava. Enquanto eu me sentava na minha poltrona, em vez de se sentar ao meu lado, ele ajoelhou-se e enterrou o rosto entre os meus seios.
- Como esta Imperatriz? Tive pressa em perguntar. Não me deixaram entrar no quarto dela.
- Ela está a ficar cada vez melhor. respondeu ele sem fôlego.
- Muito bem, rezei noite e dia pela sua saúde.
Não era verdade, se o seu rosto tivesse sido levantado na minha direcção, ele teria visto que eu estava a mentir, mas lá, ele estava contente por sentir meu cheiro denovo.
- Você realmente me surpreendes, Sola. sussurrou ele. Não és uma mulher como as outras, pensei que te acharia louca de ciúmes. Estou aliviado, mas pergunto-me se realmente se preocupa comigo. Depois de todos os meus esforços para conquistar o seu coração eu só vejo indiferença da sua parte. Me ama realmente Sola ?
- Meu mestre, meu caro mestre... Estou me mordendo de ciúmes, quero magoar-te, porque durante dois dias estiveste com outra mulher. Mas ela é a minha Imperatriz, sua esposa. Sou apenas uma criada e não posso competir com ela.
Ele levantou a cabeça, sorriu e disse que eu tinha medo dele. Mas ele pareceu-me irritado quando eu ri e disse que em circunstância alguma tinha medo de um homem que se ajoelhasse diante de mim com a cabeça entre os meus seios. Mas esse homem era o meu Imperador e eu era demasiado esperto para o perturbar.
Tive finalmente autorização para deixar o serviço da Imperatriz.
Fui vê-la para lhe agradecer todo o tempo que passei com ela e tudo o que me tinha ensinado. Foi um protocolo, um sinal de respeito. Quando me ajoelhei diante dela, nos seus olhos vi ódio, ela queria a minha dor, ela queria a minha morte. Se ela pudesse, teria saltado para cima de mim para libertar todo o ódio que tinha, todo o ódio que sentia.A Imperatriz sabiá muito bem por que razão eu estava a abandonar o meu posto. Ela sabiá muito bem o que se ia seguir, eu vi nos seus olhos. É por isso que, em vez de ter medo, eu estava a rir por dentro. Lamento muito, mas não pude evitar, porque era mais do que óbvio que, nesta batalha, eu estava a ganhar. Eu fui adiante dela, estava assuma dela no coração do hommen, e daqui a pouco tempo no coração do povo também. Eu estava a subir cada vez mais alto enquanto ela era como um nevoeiro, desaparecendo, queimada pelo sol dado meio dia.
Foi isso mesmo! Sim, foi isso mesmo. Era isso, eu estava a esmagá-la.
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Sola ( pt)
RomanceSéculo XVIII Bem-vindo à África Ocidental Entre a terra do pequeno mar e o grande Kilimanjaro Vou contar-vos o incrível destino da mulher mais intrigante e misteriosa do seu tempo, Sola Kiluanji. A história vai recordá-la como uma mulher obcecad...