Algo a mais

10 1 1
                                    


- Sua Louca! Disse o meu pai quando me viu no dia seguinte.

Assim que ele soube da minha ida ele pegou uma carruagem para vir me buscar.

Ele tomou-me pelo braço, pronto para me levar à força de volta ao palácio.

- Voce quer a nossa morte ?!

A minha mãe e o meu irmão o viram, mas não falaram nada, eles eram apenas mais uma vítima da fúria do patriarca. Eles não tinham poder nenhum na família.

- Não, pai! Recuso-me a ser amante dele, recuso-me a acabar como a Cachita.

Eu caí no chão, a minha bochecha a arder... Ao ouvrir isso, ouvrir que resistia a sua autoridade m, meu pai me bateu na cara. Ele estava furioso, não se ia deixar enganar por uma criança.
- Ele deu-me um ornamento com um cristal do centro da terra. Eu disse acariciando minha bochecha. Eu devolvi-lhe os presentes. E, sim, eu fui embora sem dispensa imperial.

- Você fez o quê?! Gritou a minha mãe atrás de mim. Um cristal do centro da terra! Podíamos ter comprado o Castelo dos Banga...

- E depois o quê? Quando se cansar de mim ele vai levar tudo de volta, como fez com a Cachita! Eu disse. A senhora Prefere sofrer esta vergonha? Cachita não tem mais nada, todos os vestidos, todas as jóias... O Imperador ainda não tem nada de mim, se ele realmente me quer tanto ao ponto de me dar uma pedra preciosa ... Ele virá à minha procura.

- Você está louca...

Sem mais demoras, recebi uma carta do Imperador. O meu pai leu-o em voz alta, e eu senti-me mal. Eu teria gostado de a ler eu mesma. O Imperador disse que me procurou em todos os lugares, ardia de desejo por mim e queria um lugar no meu coração. Ele implorou-me que voltasse a corte. Com esta mensagem ele tinha-me enviado também um belo colar religioso que a minha mãe não queria mais largar.

- Eu felicito-te, minha filha. Você é tão inteligente quanto o seu pai. Disse meu pai.

Eu estava orgulhosa de mim mesmo, foi a primeira vez na minha vida que o meu pai me felicitou. Toda a minha vida ele não tinha prestado atenção em mim, eu era como uma vítima colateral de guerra. Meu irmão era o fruto de uma árvore, minha irmã Cachita era a árvore e eu era apenas a sombra da árvore que você podia ver quando era dia de sol.

Mas quem se importava com uma sombra? Quem se ia fazer perguntas sobre uma sombra? Uma sombra era o que eu era e é tudo. Se um dia a sombra da árvore não estava no chão, ninguém ia tentar saber porquê, ninguém iria prestar atenção . Excepto hoje, havia muito sol, e o meu pai precisava daquela sombra para o manter fresco, para o proteger do sol.

Alguns dias depois, foi organizado um baile na casa do nosso vizinho, os Benga. Eles já estavam no fim da suas forças financeiramente . Mas como recusar o pedido do Imperador? Aceitaram, mas não por medo de recusar, é que pelo menos nem todos os pobres se poderiam vangloriar de ter recebido pessoalmente o Imperador em sua casa.

Dizem que foi para me ver que ele pediu para passar dois dias na casa deles. Algumas pessoas da corte vieram, mas também havia muita da pequena aristocracia, mas eles estavam festejando lá fora. Na esperança de ver o Imperador quando ele olhar pela janela.

Todos nos ajoelhamos quando ele entrou no grande salão da casa dos Banga. Para espanto de todos, a Imperatriz estava lá. Ouvi dizer que ela seguia o esposo como a lua segue o sol. Quem diria que a mais bela e pura criatura do Império se encontraria em um lugar como este.

Quando fui ao pátio para apanhar ar fresco, ele me seguiu, eu sabia, eu o tinha visto.
- Estou à espera há dias para te ver novamente, Sola. Estás tão bonita hoje.

- Obrigado Senhor.

- Eu que só estava habituado a te ver sde cinzento, estou impressionado como tudo te vai tão bem. Inclusive o colar que ofereci. Estou contente que o tenha metido.

A minha mãe teve que me desviáveis para que o Imperador me visse a usá-lo... Então coloquei a minha mão no colar.

- Não vais me retornar às boas palavras ? Perguntou ele.
E timidamente eu disse-lhe que todas as noites ele estava nos meus sonhos e o seu nome em todas as minhas orações.

- E você não me acha ao seu gosto? Não sou da sua conveniência?

Ele sorriu mas parecia triste ou nervoso...

- Porque o senhor importas com o que eu penso de voce ? Eu sou apenas sua criada senhor...
Ele sorriu timidamente, sua boca se movia estranhamente como se estivesse mastigando sua língua. Ele acariciou-me o queixo, e dei um passo para trás fingindo que não queria. Mesmo que este gesto me fizesse cócegas na ponta dos mamilos, sua pele era macia como uma pena...

- Quem é o jovem com quem você estava dançando ? Vieste aqui para apanhar ar fresco... Ele deu-te calor?
- Era o meu irmão Jo. Eu respondi com um sorriso.
- O teu irmão... Ele disse-o outra vez.
- Sim, Vossa Majestade...

Ele perguntou-me quando é que eu ai voltar a corte.
- Só é preciso uma palavra minha e os meus guardas virão e levá-la força. Ele sussurrou-me.

- Mas você é um homem demasiado galante para isso.

Durante todas as festividades ele continuava me encarando com desejo, e aplaudia minha proeza de dançar como uma criança maravilhada, em grande detrimento de sua pobre esposa. Tudo o que fiz foi aproveitar a minha noite. Embora o baile continuasse por três dias, o Imperador foi embora na manhã seguinte, e toda a sua comitiva o seguiu. No final só ficaram os locais.

Talvez ele tivesse se cansado de correr atrás de uma garota que, na realidade, não era tão bonita assim. Porque eu fiz isso? Como se eu fosse alguém ...

Mas as letras continuaram e os presentes também. Meu pai guardava tudo e eu não tinha mais nada, ele até poderia ter comprado seus próprios presentes para a sua mulher, mas não, ele dava os meus. Não tirava nada do bolso para oferecer a minha mãe. E ela, enquanto ele dava... não lhe importava se comprou ou mais. Na verdade, acho que ela até preferia os meus presentes aos que o seu marido poderia-lhe ter dado. Assim, era como se o Imperador lhos tivesse dado a ela . Como se finalmente ela estava realizando seus sonhos mais proibidos...

Sola ( pt)Onde histórias criam vida. Descubra agora