Sola ( pt)

Honra e valor

Na semana seguinte, após o culto templo. Meu pai nos informou que ele tinha sido promovido e que agora trabalhava para a casa do imperador.

- Eu ficaria permanentemente ao lado do Imperador a partir de agora. Disse o meu pai enquanto levava um pedaço de carne a sua boca. Eu o veria todos os dias, e eu não vou trabalhar mais com aristocratas.

- Com os nobres? Perguntou o meu irmão entusiasmado.
- Não, meu filho. Melhor do que isso, com os príncipes.

A minha mãe aplaudiu com tanto orgulho e não conseguia parar de sorrir. De facto, o seu modo de vida esteve assegurado durante algum tempo. Ela provavelmente já pensava que estaria com a própria imperatriz e a suas damas. Ela provavelmente viu-se a transbordar de pedras preciosas. E até disse ao meu pai que ia usar a pedra que me tinha sido dada na sua testa.

- Está fora de questão! Disse o meu pai voltando à sua aparência austera.

A minha mãe perguntou porquê e ele, por sua vez, perguntou se ela queria ofender a família imperial.
- Nós não somos iguais a eles! Nunca o seremos! Disse meu pai. Se queremos continuar a ter o favor do Imperador, devemos agir como seus fiéis súbditos.

- É uma pena esconder uma tal preciosidade. Disse o meu irmão enquanto pegava uma batata.

- O Jo tem razão. Lamentou minha mãe. O que vais fazer com essa pedra?
- Devolvê-la ao nosso imperador, claro.

Minha mãe estava escandalizada, esta pedra valia uma fortuna, podíamos comprar uma outra casa com ela. E o pai disse que era exactamente por isso que ele tinha de dar a pedra.

- Em nenhuma circunstância o imperador deve ter ciúmes de nós, não devemos fazer sombra nele, nem na sua esposa ou de qualquer membro de sua família. Temos de lhes mostrar que estamos ao seu serviço.

- Ele tem muitas pedras. Diz a minha mãe. E maiores que essa.
- Você não percebe não é ? Perguntou olhando para minha mãe.

Esta pedra foi-me dada a mim, mas eu não me atrevi em dizê-lo. Então eu fiquei assim, a ouvi-los. Porque o meu pai ou a minha mãe nunca me deixariam com algo tão querido. Era deles.

- Pai... Eu disse... Já que Cachita ainda tem os favores do Imperador. E que o senhor tem um novo cargo muito importante... Será que ainda devo me casar com este nobre kwaitaicano?

- Claro que sim.  Diz a minha mãe.  Ele vai dar muito dinheiro para casar contigo.

Para a grande surpresa de todos, meu pai disse que não, eu não teria mais que casar com aquele estrangeiro. Todos ficaram sem palavras, inclusive eu.
- Você vai ao Palácio Imperial . Serás uma das damas da Imperatriz.

Nada me faria mais feliz do que voltar para a minha irmã, estar como ela como antes.  Minha mãe discordou, e ficou espantada por seu marido ter feito uma escolha sem consultá-la.  Mas ele ignorou-o completamente.

- Acho que o casamento nos trará mais dinheiro do que se ela fosse dama de companhia .  Mesmo que seja para a Imperatriz.  Ela insistiu.

- Pelo menos eu não estaria num país estranho longe de vocês. Eu disse com um sorriso.

Minha mãe me olhou com raiva e me perguntou se um dia na minha vida eu poderia parar de pensar apenas na minha pequena pessoa.

- O Imperador está interessado em ti, minha pequena Sola.  Disse o meu pai.
- E a Cachita?  Perguntou Jo.
- Ela est uma estúpida e inútil.

Eu não podia acreditar que agora eu era a sua pequena Sola, e ele chamou a sua filha favorita de estúpida e inútil.  Só porque ele já não precisava dela.

- Mas... O que aconteceu? O Que ela fez ? Perguntou à minha mãe.  E a tua promoção?

O meu pai explicou-nos que conseguiu esta promoção por minha causa, e não por causa da minha irmã mais velha.  Ao fazer o meu pequeno número misterioso no baile, eu tinha atraído a curiosidade do Imperador.

- Mas pelo amor de Deus Tino ... Diz minha mãe.  Você sabe muito bem o que ele quer dela.  Não é apenas para ser dama de sua esposa.  Não é uma boa estratégia. O casamento é mais seguro.  E abrirá portas para nós a longo prazo.

- Mais seguro, sim, mas se ela se tornar a nova favorita...  Vamos ter mais dinheiro, mais títulos...

O olhar malicioso do meu pai assustou-me, como se ele me visse como gado gordo que em breve acabaria bem assado na sua mesa.

- Concordo contigo, mas por quanto tempo?  acrescentou a minha mãe.  Precisamos de algo longo prazo.  Não podemos voltar na situação de pânico como há algumas semanas atrás .  O imperador tem amantes que não duram mais de um ano...

- A nossa preciosa Sola tem talento.  Diz o meu pai olhando para mim.  Eu vi bem...

- Talento?!  Diz a minha mãe quase a gritar.  Chamas isso de talento?

Quando ela começou a ficar chateada, o meu pai comeu como se não fosse nada.

- Sola encontrará uma maneira de manter o imperador ocupado por mais de um ano. Não é pequena ?

Eu não disse nada. Não consegui acreditar no que entendia .  Ele não estava me pedindo para fazer isto, não era possível...

- Eu não quero ver as minhas duas filhas acabarem assim!  Uma está bem, mas duas...  Ninguém vai querer casar com a Sola, nem a irmã dela sabendo que eram as prostitutas da coroa!!!  Como eu vou poder olhar para mim mesma?  E os nossos amigos?  Teremos glória durante um ano e vergonha para o resto das nossas vidas Tino... Você não vê isso?

- Quieta, mulher !!! Gritou o meu pai batendo a mão na mesa.

Todos nós saltamos!  O meu pai era um homem refinado e persuasivo...  E detestava ser enfrentado.

- Não se fasse de coitada !  Você poderia pelo menos uma vez parar de pensar em si mesmo e na imagem que dará para seus amigos ? Esses aristocráticos hipócritas !

Depois do jantar, do meu quarto, pudia ouvir os meus pais a discutir sobre o assunto novamente.  Fiquei não só aliviada por alguém nesta casa ver que aquilo estava errado, mas também por alguém me defender.  Aqueceu-me o coração e eu tinha muita esperança de que isso mudasse a mente do meu pai.

Mas a minha mãe não resistiu por muito tempo.  Como é que o meu pai a conseguiu convencer?

- Jo terá uma melhor educação diplomática do que eu.  Ele pode trabalhar no Ministério dos Negócios Estrangeiros, se for competente.  Ele terá uma vida melhor do que a nossa, melhores contactos...
E isso foi o suficiente para a calar, para a fazer aceitar.