O carro vermelho fez um zig zag radical passando pela esquina mais apertada da cidade. Tomou uma outra estrada perto da avenida Semedo. E bem pouco depois, elevou a velocidade para adiante da estrada que se estendia desde Mateb até a colinas do cruzeiro.
As mãos firmes do Fank seguravam com pressão desajeitada o volante que girava ora para aqui ora para acolá. Seu carro novo, oferecido pela tia Clemilda na última venda do livro que se tornou Best seller. Ia para mais a norte da cidade. Passaria pelas colinas do cruzeiro e teria como destino. A velha cidade do Orion.Dava no rádio a canção meiga e suave da Selda. Os ombros cansados do Frank balançavam ao sabor da música num movimento preguiçoso. Enquanto os olhos desatentos vagueavam para o nada, um sorriso bonito e esperançoso. Se projectava no canto dos lábios dele. Seria tão bom se a Rita la estivesse. A Rita amava imenso aquele bonito sorriso. Foi com aquele sorriso que no dia 21 de Fevereiro. Rita, antes uma simples garsonete. Se apaixonara com o jovem escritor. Frank Miller. Dois anos adiante, o amor foi tanto que os dava dor de cabeça e a pressa desgraçada assumiu conta do controle. E pouco tardou ao assinarem a papelada e a dizerem "sim! Eu aceito" A voz viva do padre disse. " o noivo pode beijar a noiva"
Frank Miller. Não era la grande coisa para o camião da Rita. Mas e daí. Ela amava tanto ele ao ponto de tatuar o nome do Frank no coração. Justamente no outono de 2015. Rita morreu horrivelmente num acidente na avenida Semedo e como ficou o coração do jovem escritor? Em fragmentos que jamais seriam juntados.
O carro chegou perto da oficina do grandão Xavier. Um sujeito educado que afirmou ser o fã número um. Do livro SOMBRAS DO ABRIL. Terceiro best seller do Frank Miller.
O homem magricela desceu do carro vestido de uma calsa jeans apertada e de uma camisa leve havaiana. Estava um calor de merda por toda a cidade velha do Orion. Xavier levantou a cabeça assim que ouviu o clique da porta fechada.
- Miller! Ah! é você.
- É. Sou eu mesmo. Em pele e osso.
Frank respodeu com um perfeito sorriso acolhedor. O grandão saiu do porão da oficina. Seu macacão azul estava bem encardido de óleo preto e o que falar das mãos? Eram enormes e bem pretas como se nunca sentiu a frescura de uma água. Ele limpou as mãos ruidosamente com um pano e botou no rosto seu alegre sorriso.
- que surpresa trazes por cá?
Frank apertou a mão do homem sem algum receio e disse:
- vim dar a última olhada na casa perto da farmácia Saúde viva. Porém, preciso conversar com o Ed. Por causa da bomba de água no quintal. Parece que está pifada.-você disse a casa perto da farmácia? Quer dizer, a casa do irmão do Ed?
Xavier perguntou apreensivo.
- sim. Oque tem nela?
Ele reflectiu com um ar assustador, meneou a cabeça positivamente e disse em desfalse:- nada. Sou curiosidade...
- o Ed me disse que a casa era dele...
- era do seu irmão. Bernardo. Mas pergunta a ele mesmo oque aconteceu com o Bernardo e a família dele no ano passado.Frank se aproximou com os olhos arregalados e o sorriso tinha desaparecido.
- oque houve Xavier?
- eu sou teu amigo. Mas não gosto de falar Coisas alheias. Seria mais adequado falares com o Ed. E talvez deverias pensar bem, antes de alugar aquela casa.
Xavier se afastou e uma camionete verde passou pela estrada deixando uma nuvem de poeira por trás. Frank ficou pensando demorados segundos. E depois se retirou dali. Despediu o Xavier. O seu coração batia desta vez mais forte e as palavras do amigo. Voavam caoticamente na cabeça dele. " e talvez deveria pensar bem, antes de alugar aquela casa"Frank ligou o carro. E deu partida para a outra rua. O sol radiante e abrasador estava no meio do céu azul e os ponteiros do relógio, marcavam uma da tarde.
Ele estacionou o carro na garagem da casa. ( o único local por enquanto aberto daquela casa) saiu e ficou esperando o Ed na porta da entrada principal daquela grande casa. Com uma varanda. Um gramado ali perto. Uma garagem e uma sala vasta ligadas a três quartos com uma cozinha. Para além destas divisões, a casa localizava-se num ponto meio morto, um ponto calmo e recheado de paz. Os vizinhos eram uns bandos de velhos tagarelos e fofoqueiros. A rua era visitada por poucos carros e ninguém o conhecia naquela cidade. Um ponto de sorte para ficar solidamente solitário, com a cabeça preparada e fresca para começar a escrever o próximo livro.Ed chegou bem perto das 13 e meia. Bateu uma conversa rápida com o Frank. Frank acinou a papelada. Ed apertou a mãos dele calorosamente Feliz pela o negócio e saiu de emediato com o seu Honda novinho em folha. Quando o Honda aparecia la longe do horizonte. Fank lenbrou que teria de perguntar ao Ed, oque realmente aconteceu com a família do tal Bernardo. Mas o Ed ja estava distante e provavelmente no dia seguinte estaria em Luanda. Talvez so votaria em Maio do ano seguinte.
Frank deu uma limpeza no interior e no exterior da casa. Dois casais de velhos surgiram por la para o desejar Bem vindo. Os velhos, ficaram enrolados num assunto chato e depois foram embora. Frank mudou suas coisas para a casa nova. Na noite daquele dia.
Na manhã de terça feira, já se encontrava em nova casa. Respirando o ar da paz. Uma casa que porém, um tal de Bernardo já morou nela e com a sua família. Mas o que aconteceu com eles? Oque houve com o Bernardo e a sua maldita família?
Antes de o Frank iniciar a escrever os primeiros capítulos do novo livro. Passou na casa do Xavier. Conversaram muito, beberam cervejas. Mas em nenhum momento da embriaguez, Xavier tocou no assunto que envolvia o Bernardo e a família dele.
Bem pela noite. Frank, ficou de frente do computador e escreveu bastante pela noite inteira. Se deitou as 3 da manhã e acordou as 9. Uma vida perfeita de solteiro cheio de nostalgias melancólicas. Rita foi uma injusta. Uma Ingrata. Morreu com o filho do Frank em seu útero. E agora o homem era uma árvore inútil sem frutos.
Por todo o dia. A rotina, do Frank foi. Escrever, assistir, comer, beber com o Xavier e dormir tarde. Até que na quinzena do mês de Julho. A coisa mudou. Frank começava a ouvir vozes, risos, e choros. Vindo por toda a parte da casa. No início achou que fosse uma anomalia psicológica da sua mente criativa. Mas por outros restantes dias, a coisa piorou. Os choros foram entoados de maneira frenética e as noites de sono do Frank, foram interrompidos por vários pesadelos que consumiam a sua vital energia. A parte mais assustadora de tudo isso.
Foi quando numa noite de chuva. Frank ia para o quarto de banho e se deparou com uma mulher estranha vestida de uma saia cheia de sangue e a mulher tinha a sua mandíbula quebrada e bem como o pescoço. Vermes saiam dos olhos e da boca dela. Quando ela abriu a tal boca nojenta. Uma quantidade excessiva de moscas sairam dentro dela e perseguiram o Frank que escondeu-se no quatro pelo resto da noite.
Cansado daqueles acontecimentos paranormais, Frank Miller ligou por 3 vezes o Ed e so dava desligado. Xavier não se encontrava na cidade e ele já não tinha com quem conversar. Quando empilhou uns livros velhos numa caixa para guardar num dos quartos. Frank encontrou de baixo do armário, uma folha de jornal. Ele segurou a folha com estimado interesse. Leu a primeira manchete e não o chamou atenção, quando virou ao verso. Seus olhos embrulhados, não quiseram acreditar no que leu.
UM ASSASINATO BRUTAL. Estava assim a Manchete. E se seguia no Subtítulo: UM HOMEM CHAMADO BERNARDO GABRIEL, ASSASSINOU A SUA FAMÍLIA( SUA ESPOSA E MAIS TRÊS FILHAS) COM UM TACO DE BESBOL NESTA MANHÃ, EM CIDADE DO ORION.No canto havia a foto de um homem gordo com o rosto de gente infeliz.
- meu Deus!
Frank exclamou num suspiro e de súbito, a porta do quarto fechou com força. Frank ficou la dentro e viu oque não deveria ver. Seu último grito de agonia foi feita de forma ronca e a sua luz se apagou de vez.Uma semana depois, no jornal lia-se: ESCRITOR BEST SELLER. FRANK MILLER. FOI ENCONTRADO TERRIVELMENTE MORTO EM SUA CASA. NA CIDADE DE ORION. POR INDIVIDUOS ATÉ AGORA DESCONHECIDOS.
Na mesma tarde de sol. Xavier lia o jornal sentado em sua poltrona dobrável.
- Frank. Frank. Ah homem. Eu avisei você. Aquela casa é uma aberração.Nos dias de hoje, a casa da aberração ainda se encontra em Orion e mais uma dúzia de casos de mortes terríveis foi se registando. A polícia nunca chegou a apanhar os supostos criminosos.
As pessoas naquela cidade, sabiam do segredo que aquela casa tinha. Entretanto, nunca chegaram a revelar. Devido o medo. Medo de os demónios tomarem conta total da cidade.
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A Caveira do Rei.
TerrorTodos nós temos segredos. Uns mais graves, outros mais terríveis. Oque na verdade importa é o valor desses segredos que acabam por permitir sobreviver num mundo cheio de coisas perversas. Um mundo terrível com pessoas que aparentam serem normais...