Fui até a recepção, não quis esperar, melhor passar por isso logo.
- "Boa noite, meu nome é Bruna Gomes-Abbot. Recebi uma ligação sobre meus pais. Vim visitá-los." - disse agitada.
- "Boa noite, senhorita Gomes. Quais são os nomes dos seus pais?" - diz ela, com uma calma absurda.
- "William e Emma Gomes." - respondo, impaciente.
- "Oh... Sinto muito, mas eles não se encontram em um bom estado. Vou pegar o prontuário deixado pelos médicos, ele teve atualização há onze horas." - disse conferindo algo em seu computador. Enquanto eu estava em
choque com tudo que escutava. Isso nunca sairá da minha mente. Nunca.- "M-mas o que eles têm? O-o que aconteceu de fato? M-me diz!" - disse me segurando para não desabar ali, na frente de todos.
- "Senhor William e Senhora Emma foram encontrados desacordados em um galpão. A polícia está averiguando a situação, uma vez que o Departamento recebeu uma denuncia anônima. A ambulância foi acionada. Nós os encontramos deitados, juntos no chão, seus sinais vitais eram fracos, quando vínhamos para o hospital, infelizmente já estavam em estado grave. A suspeita é de um crime." - disse calma.
- "N-não, m-mas quem faria isso com eles? N-não você está errada." - disse incrédula - "Bruno, pede pra ela não mentir pra mim, p-por favor." - ele me abraça e minha avó acaricia meus cabelos.
- "Como eles foram encontrados? Algum ferimento exposto?" - A voz de Bruno sai abafada, já que estou com meu ouvido pressionado em seu peito.
- "Alguns cacos de vidro foram encontrados no chão. Senhora Emma chegou em estado grave, e após uma expedição de toque, vimos alguns desses cacos parados em seu estômago o que, dadas as possibilidades, foi muito melhor... Creio que fizeram com que Senhora Gomes-Abbot o engolisse." - ela qualifica - "Ela foi para a sala cirúrgica ontem, a cirurgia foi um sucesso, mas a paciente não está se recuperando, seu sangue está em níveis baixos, e uma transfusão seria perigoso, dada a circunstância que seu organismo pode recusar a doação, seu corpo não possui forças para lutar. Sinto muito!" - diz ela.
- "E o senhor William?" - pergunta impaciente, ainda abraçando me abraçando.
- "Ele está na UTI agora, teve um tiro de raspão na cabeça, arranhões dos cacos de vidro nos olhos, causando uma lesão na retina que foi revertida, e um corte profundo na mão. Aparentemente, os cacos de vidros, são de um medicamento, geralmente usado para dopar." - ela pausa.
- "Eu quero vê-los, por favor. Em que quarto eles estão?" - diz ela já chorando.
- "Senhora Emma e Senhor William estão no corredor G16, nos quartos 516 e 517, apenas o senhor William poderá receber visitas, pois o médico de senhora Emma não está disponível agora, está operando um paciente." - diz ela nos guiando.
Assim que entro, meu mundo desaba. Vê-lo naquela cama, inconsciente, foi horrível.
Ao tocar em sua mão, a sinto gelada, e isso já é o bastante para chorar mais ainda.
Sento ao seu lado, ele está todo machucado. Machucaram meu herói, machucaram a minha vida.
Seguro forte sua mão e começo a falar com ele:- "Papai, por favor, não me deixe. Eu não conseguirei viver sem o senhor, sem nenhum dos dois. Papai, o senhor precisa melhorar, por mim, pela mamãe e pela nossa família. Não me deixe, não, por favor." - disse perdendo ar de tanto chorar. Bruno e minha avó estavam apenas me observando, pedi para que eles deixassem meu choro livre.
Fiquei agarrada ao meu pai, ao meu herói... Até que ouvi um barulho, que apenas tinha escutado em filmes, mas agora era vida real!
Os médicos chegam correndo, pedindo que eu saísse, mas antes de sair, falei:"Papai, fica comigo, ok?" - pauso e penso - "Papai, eu não vou ser egoísta. Eu vou sofrer sem o senhor, mas se sentir que não aguenta mais, vai com Papai do Céu, queria o senhor aqui comigo, mas não vou 'forçar sua força'. Eu te amo, mais que tudo, meu exemplo, meu pai, meu primeiro amor." - dei um beijo em seu rosto e fui "expulsa" da sala. Eu estou falando como uma criança, agindo como uma criança desolada. Uma criança que precisa de carinho, que está solitária.
Saí e corri abraçar vovó que chorava...Não sei se fiz o certo em deixar ele ir, mas, algo me dizia que não existe mais volta, não existe solução. Ele iria querer ficar porque eu pedi, mas seria em vão. Tenho fé, mas creio que o momento já dizia tudo. Ele iria me deixar.
Alguns minutos passaram, e o médico vem até mim, com uma cara triste...
- "Sentimos muito, senhorita Gomes-Abbot. Ele não resistiu, fizemos o possível, mas ele teve uma parada cardiorrespiratória. Não conseguimos reverter. Seu caso estava delicado, devo dizer que as possibilidades para sua sobrevivência era menos de dois porcento. Os nutrientes de seu organismo estavam baixos, creio que ele estava anêmico antes do ocorrido, o que causou piora nessa situação, sendo que ele levou um tiro de raspão na cabeça, afetando seu cérebro. Ele precisaria de sua área cerebral intacta para voltar. Mais uma vez, sinto muito, Senhorita." - diz ele triste e eu sinto minhas pernas amolecerem, o coração errar uma batida. Pensei que iria cair, mas Bruno e o médico me seguram.
- "E a Senhora Emma?" - pergunta ele, enquanto eu apenas ouvia.
- "Ela não resistiu. Pensei que já haviam avisado a vocês. Teve complicações seríssimas, veio a óbito há 9 horas atrás. Seu organismo não tinha sangue o suficiente para o coração, se ela não recebesse sangue iria morrer, era a única alternativa. Sua cirurgia foi de sucesso, mas seu corpo não fazia mais seu trabalho para recuperá-la. Precisei fazer uma transfusão sanguínea, seu organismo rejeitou a doação, e ela infelizmente não resistiu. Eu sei que é um choque enorme, senhorita, eu realmente sinto muito!" - ele diz, colocando as mãos em meus ombros.
Eu apenas choro mais, estou péssima, não aguento isso é demais para mim. Não posso com isso, não posso.
• Capitulo triste, eu sei!
Mas é nosso último flashback.• Cena do Hospital inspirada em TRÊS FILMES, e um documentário.
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SAVE YOU - Primeira Temporada {CONCLUÍDA}
Fanfic"Save You" - Temporada Um Sacrifício, palavra forte e que causa temor, mas livramento a alguém. Todos nós já tivemos que nos "sacrificar" um dia. Por que entre aspas? Porque foram "sacrifícios" que nos deixaram vivos. Alguns momentos difíceis podem...