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Ester

Acordei, eu continuo no sofá, minhas roupas estavam jogadas pela sala, peguei meu celular que eu lembrava de ter colocado debaixo da almofada e olhei as horas: 4 da manhã.

Olhei pela janela e nem o carro, nem a moto do Pedro estavam na garagem, ele não estava em casa.

Vesti somente o blusão, sentei no sofá e raciocinei o que tinha acontecido há algumas horas.

Eu fui estuprada pelo meu namorado.

Pensei, pensei seriamente, não queria me lembrar, apenas saber o que fazer.

Ele me agride, me trai, me estupra, e é da polícia. Eu não posso denunciar, nem terminar, ele com certeza vai me matar.

Eu ainda acreditava no amor dele, mas depois dessa, não mais.

Ele não está em casa, 5 da manhã ele tem um turno que dura até as 17 horas.

Levantei, tomei um banho rápido, coloquei um moletom grande, um short jeans, um vans e prendi o cabelo em um coque alto.

Puxei uma mala de cima do armário e abri a mesma em cima da cama, abri o armário e tirei minhas roupas de lá, com cabide e tudo, todas elas. Peguei meus 4 tênis, minhas lingeries e minha bolsinha de maquiagem, tudo pra mala.

Eu não tenho muita coisa então coube tudo em uma mala só.

Peguei os documentos e coloquei em uma bolsa, junto com minha carteira. Peguei minha caixinha embaixo da cama, onde eu guardava minhas economias, contei todo o dinheiro e deu uns 4 mil. Sim, foram 3 anos economizando pra uma viagem de lua de mel ou coisa do tipo, agora vai me ser bem mais útil.

Abri o celular e chamei um uber pro aeroporto, pedi pro homem andar rápido, dei uma desculpa que estava atrasada e ele chegou rapidinho.

Peguei minha mala e ele me ajudou a colocar a mesma no carro.

Fui o caminho todo em silêncio, ouvindo música no celular.

[...]

Comprei uma passagem pro Rio de Janeiro, era a mais em conta e a única cidade que eu já conhecia por minha avó ser de lá.

Aproveitei a 1 hora que faltava pro vôo sair e comprei um chip no aeroporto mesmo, troquei o chip do celular mantendo apenas o contato da minha avó.

O Pedro não conhece ela, conhece só minha tia já que eu vim morar com ela aqui em SP com 14 anos e como eu havia brigado com ela por conta do Pedro, ele não iria atrás dela pra me procurar.

Bloqueei o número dele do chip antigo e do novo, quebrei o chip antigo e o joguei no lixo.

Passei na Starbucks e comprei um café e um pão de queijo pra viagem, todo o rolê do chip demorou um pouco e eu já tinha que embarcar, e eu tô morrendo de fome.

[...]

Entrei no avião com minha bolsa, sentei na poltrona, olhei pela janela e respirei aliviada.

"Eu tô livre"

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Continua

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