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Ester

A menina do outro lado da rua não parava de me encarar, eu não tive outra atitude a não ser sorrir e mandar um beijo, tadinha, saiu bufando ela e as duas amiguinhas dela.

Nem sei pra quê me olhar assim sendo que não fiz nada pra ninguém.

- Ô vó - chamei e ela olhou pra mim enquanto comia o açaí dela - quem é aquela? - falei apontando com a cabeça pra menina.

- Marmita - Japa respondeu e todo mundo riu.

- Mas não tá errada não - minha avó disse - é isso aí mesmo, marmita de bandido que se acha a fiel só porque ele paga ela.

- Pra mim o nome disso é puta - o Loiro falou e fez toque com o Léo, que concordou com ele.

- Barraqueira pra um caralho, não mexe com ela não senão ela vai quebrar madeira nas tuas perna, e nem com o Alemão - minha avó advertiu.

- Por que não com ele?

- Porque senão ela te quebra na porrada, se acha a mulher dele ela - Japa completou.

Só concordei, anotado: não mexer com o Alemão.

Tomamos o açaí e cada um pediu uma coxinha, eu como sou gulosa pedi duas, e logo chega o Thi com uma menininha linda no colo.

- Biba! - a menininha gritou já se jogando nos braços da minha avó

- Oi, Gabi! Quer coxinha da bisa meu amor? - a menina já saiu metendo a mão na coxinha e eu olhei pro Thi, que tava babando nela.

Quando ela terminou de comer, me olhou e ficou fixada no meu cabelo, pedindo colo; peguei ela no colo e a Gabi dava gritinhos passando a mão pelos meus cachos enquanto eu terminava minhas coxinhas e conversava com todos, tentando conhecer mais eles.

Logo que terminei a Gabi começou a querer descer do colo e apontar pro parquinho da pracinha ali na frente, pedi pro Alemão que deixou eu levar ela.

Fiquei ali brincando com ela e pensando em como eu queria ter um filho com o Pedro antes, agora não mais. Tudo mudou tão rápido, menos ele. Engoli o choro enquanto ajudava a Gabi a sentar no balanço, ajudando ela a balançar devagar.

- Ela gostou de tu, não costuma ir no colo de ninguém assim de primeira - ouvi a voz do Thiago atrás de mim.

- Ela é um amor, Thiago.

- Aqui tu não pode mais me chamar assim, só de Alemão - concordei com a cabeça - ela é a minha princesa, mato e morro por ela.

- E a mãe dela? - perguntei e vi ele desmanchar o sorriso

- Polícia matou. Tava grávida de gêmeas. - ele falou rápido e frio, pude ver uma lágrima escorrer pelo seu rosto.

Vi que a Gabi tava segura no balanço e me aproximei do Alemão, passando um dedo na sua bochecha pra secar a lágrima.

- E tu? Porque demorou tanto vir pra cá? - disse com a voz embargada, mas já recuperando a pose de durão.

- Não sei. Amor talvez? Eu amava o Pedro demais, achava que ele ia mudar. Ou talvez medo, medo de terminar e ele me matar.

- Relaxa, aqui tu tá segura - ele disse me abraçando de lado e eu abracei ele também - Sabe, tu precisa de um emprego, né?

- Tô precisando, tenho que ajudar minha avó com as contas, não posso ficar só de pernas pro ar enquanto ela trabalha.

- Pô, vem ser babá da Gabi, preciso de alguém pra cuidar dela de manhã e a noite. Te pago 5.000 por mês.

- Caralho Alemão tudo isso? Só pra cuidar desse anjo? Não precisa, pode ser menos.

- Vai querer ou não, Ester? - ele disse pegando a Gabi no colo, que já estava toda suja de areia do parquinho.

- Claro que vou, vai ser uma honra cuidar dessa princesinha - disse batendo de leve com a ponta do dedo no nariz da Gabi e ela riu.

- Vocês até já se dão bem, tu começa amanhã 8 da manhã, pode ser?

- 8 da manhã eu vou estar na tua porta hein.

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Continua


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