E s t e r

07

Japa

Peguei mais um litrão e levei pra mesa dos traficantes, eles estavam no intervalo e estavam todos ali tomando uma esperando dar 10 horas pra voltarem pra boca, todo dia era assim, começavam a beber cedo.

Alguns mexiam comigo, mas Loiro sempre mandava eles sossegarem, isso me deixava um pouquinho interessada, mas eu sou difícil.

- Aqui, anjos - eu disse colocando o litrão na mesa e o abrindo, quando ia saindo senti alguém mexer no bolso do meu avental, logo dei um tapa na mão do indivíduo.

- Ai porra! - Loiro me olhou feio esfregando a mão.

- Não mexe onde não foi chamado - e saí rebolando e jogando o cabelo, sou dessas.

Vi que o movimento tinha diminuído um pouco e me sentei no balcão, aproveitando pra mexer um pouco no celular. Assim que tirei o celular do bolso vi um pedaço de papel preso no mesmo, o peguei e vi que era um guardanapo.

"Chama aí Japa" e embaixo um número de telefone.

Eu não sou idiota, já tinha uma idéia de quem seria.

Vi mais clientes entrando e fui os atender, sempre sentindo um certo olhar sobre mim vindo da mesa dos traficantes.

[...]

Já eram meio-dia e meu expediente tinha acabado, tirei meu avental e o guardei na mochila, soltei meus cabelos e me sentei um pouco, apesar de ainda ser cedo, eu trabalhei bastante.

Peguei o guardanapo do meu bolso e decidi mandar mensagem pra pessoinha que colocou aquilo no meu avental.

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C tem que aprender
a parar de mexer no bolso
dos outros

Eae japinha
Achei q n fosse mandar msg

Quem é tu?

Tu vai no baile hj?

Perguntei primeiro

Aparece no baile, tua entrada no camarote ta garantida
Lá tu vai saber mto bm qm eu sou

Whatsapp

Mal sabia ele que minha entrada no camarote era sempre garantida por eu conhecer o Alemão, eu só curto bem mais ficar na muvuca.

Ester

Por a casa ser conceito aberto, coloquei um desenho na netflix, espalhei uns brinquedos e deixei a Gabi brincando na sala enquanto eu cuidava do almoço dela na cozinha.

De tempos em tempos ela dava uns gritinhos aleatórios, mas eu sabia que era me chamando e eu ia lá ver o que ela tava aprontando.

Cozinhei um arroz com brócolis e peito de frango bem desfiadinho pra ela não ter dificuldades pra comer, fiz um suquinho de morango e coloquei na mamadeira dela.

- Gabi! - chamei e vi ela se virar pra mim - hora de comer meu amor.

Primeiro dia com ela e já tava chamando de meu amor.

Ela se apoiou na parede e ficou em pé, nesse momento eu ouvi o barulho no portão e vi o Alemão chegando pela porta.

- MEU DEUS ELA TÁ DE PÉ - Ele gritou assim que a viu e ela riu, mas não se mexeu.

- Ela nunca tinha ficado em pé?

- NUNCA! PRIMEIRA VEZ CARALHO - ele disse rindo e colocou rapidamente o fuzil em cima da mesa - Gabi, vem com o pai! Vem!

Ela soltou um gritinho e apontou pra mim com a mão que antes a apoiava na parede.

- Ela quer você, Estrela! MEU DEUS ELA TÁ EM PÉ SEM APOIO NENHUM ESSA É MINHA MENINA! - Ele disse se aproximando de mim devagar, e gabi só ria.

- Okay... vamos lá - me aproximei devagar dela e quando estava a menos de 2 metros, me ajoelhei - Vem cá, Gabi! Vem com a tia! - e ela não se mexeu, só riu - Vem almoçar, Gabi! Vem no colo!

E ela veio, andando sozinha, meio cambaleando mas veio rápido, e se jogou no meu colo, rindo horrores.

- ELA ANDOU ESTER! ELA ANDOU! - Thiago gritava e se ajoelhou do meu lado, me abraçando e em seguida abraçando nós duas juntas.

Gabi ria deitada no meu colo como se aquilo fosse a melhor piada do mundo, eu não pude evitar e olhei nos olhos do Thiago, vendo a alegria e amor que ele sentia.

Thiago me olhou, encarando, mas seu sorriso não se desmanchou, eu sorri também e quando eu pude perceber, ele segurou na minha nuca e me puxou pra um beijo, lento, sem luxúria ou qualquer coisa do tipo.

Gabi deu um gritinho, nos fazendo sair do beijo e a olhar, que apontava pra cozinha.

- Vamo comer, né? - eu disse sentindo minhas bochechas queimarem, levantei e peguei na mão direita da Gabi, Alemão pegou na mão esquerda e nós seguimos a ajudando a andar até a cozinha.

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Continua