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Ester

Fazia muito tempo que eu não dormia assim, não dormia com medo ou com dor.

Eu literalmente apaguei naquela poltrona, depois de 2 horas eu acordei com a voz do piloto avisando que haviamos chegado no Rio.

Acho que eu nunca fiquei tão feliz na minha vida.

Peguei minha bolsa e desci do avião, logo o calor do Rio invadiu meu corpo e meu coração.

Enquanto esperava minha mala, peguei meu celular e liguei pra minha avó.

-Oi, vózinha, "bença" - eu disse super feliz assim que ela atendeu e disse "alô"

-Oi minha Estrelinha! Uai, que número é esse Ester? - eu estava morrendo de saudades dessa voz fofa.

-É meu número novo, vó... A senhora ainda tá morando no Alemão?

-Tô sim meu amor, aqui é meu lar, não saio por nada nesse mundo! - enquanto ouvia ela contar o quanto amava aquele lugar e como sentia minha falta, eu peguei minhas malas e saí do aeroporto - Porque quer saber, meu bem?

-Voltei pro Rio, vó. Tô pegando um uber praí, viu? - ela pareceu assustada, mas prometi que iria explicar pra ela o que aconteceu quando chegasse lá.

-Vai pegar Uber nenhum, menina! Eu tenho moral com os meninos daqui, vou pedir pra eles mandarem alguém te buscar.

-Tá bem, vó! Vou esperar aqui na frente do aeroporto, bença!

Ela respondeu com "Deus te abençoe" e eu desliguei a chamada. Fiquei lá esperando sentada em um dos bancos e em 20 minutos apareceu um homem de blusa branca e bermuda preta, boné preto e óculos escuros. Sentou do meu lado fingindo que não me viu.

-Tu é a Ester? - ele disse sem me olhar nos olhos.

-Quem quer saber? - eu tava bem desconfiada, com medo do Pedro já ter descoberto tudo.

-Léo, a avó da Ester pediu pra eu vir buscar ela, e pelo o que ela me descreveu, é tu.

-Sou eu sim - disse sorrindo e lhe estendi a mão - prazer, Ester, mas pode me chamar de Estrela.

-Já me apresentei, né. - ele respondeu pegando a minha mala e me chamando pro carro.

Eu peguei minha bolsa e o segui, entramos no carro e eu puxei assunto, acabamos conversando bastante.

O Léo tem 22 anos e é sub dono do morro do Alemão, ele me contou que só veio porque minha avó tem mais moral que o próprio Alemão lá, diz ele que ela é a mãezona de todo mundo lá.

É bem a cara da Dona Diná mesmo.

[...]

-Abaixa o vidro - um menino loiro na entrada do morro mandou e eu e o Léo abaixamos o vidro - quem é a "leãozinho"? - disse pelo meu cabelo e eu mostrei língua, em seguida sorri.

-Moradora nova, né mina? - Léo sorriu e me abraçou, a gente já tava amigão.

O loiro acionou o radinho e perguntou algumas coisas pra um Alemão, o dono do morro.

-Pode ir, Estrelinha - ele disse rindo, eu mostrei língua de novo - Quem mostra língua pede beijo! - ele gritou e o Léo acelerou o carro.

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Continua

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