- Alô.
- Oi.
- Oi. – achou estranho atender uma ligação dele de forma tão impessoal, afinal, foram 13 meses de namoro e cinco anos morando juntos. O enlace não tinha conseguido superar a maldição dos cinco anos. Não que acreditasse em superstições, mas era quase uma regra. Não conhecia uma pessoa que não tivesse enfrentando a crise dos cinco. Era o limiar: ou dura para sempre, ou acaba ali. No caso dela, o fim era iminente.
- Está podendo falar? Queria conversar.
- Estou sim, acabei de sair do banho.
- Posso ir aí?
Ela demorou para responder e Gabriel conseguiu ouvir sua respiração profunda, soltando o ar pesadamente.
- Ok.
- Daqui uma hora estou aí.
Se era para resolver, que resolvessem rápido. Não queria abrir o armário e ver as roupas dele, nem sua toalha e a escova de dentes no banheiro. Se fosse para ir, que levasse tudo embora. Não sabia como seria a divisão, se ele ficaria com a casa ou o carro, ou os móveis. Nem ela sabia ao certo o que queria nisso tudo. Mudou-se para lá com ele, deixou sua cidade natal e optou por viver em um lugar onde não conhecia ninguém. Por sorte, Juliana conseguiu um emprego em uma indústria por ali e, finalmente, tinha por perto uma amiga que a conhecia antes de Gabriel. Sentia saudades da mãe, dos vizinhos e dos amigos. Talvez agora pudesse retornar. Mas ainda havia um problema maior, a empresa.
A produtora estava no nome dela e de Gabriel. Seria possível continuar trabalhando juntos? Iria começar do zero? Deixar para ele, ou pegar tudo para ela? Talvez, fosse a hora de procurar uma nova profissão e, finalmente, correr atrás de seus sonhos. Mas já nem sabia quais eram. Novamente, "a metamorfose acontecendo, graças a Deus", refletia.
🎸🎸🎸
- E aí, como foi o show? - ele não falou oi, não disse o típico e formal 'tudo bem', apenas foi entrando em casa e perguntando.
- Foi ok. Teve prejuízo, deu briga.
- O Tato me falou.
"Se ele já sabia, por que estava perguntando", se questionou Karen em silêncio. Apenas olhou séria para ele.
- Você devia ter me avisado com antecedência que não ia.
- Ué, mas você não é toda poderosa, consegue se virar sozinha. Eu não sirvo para nada mesmo.
Teve a certeza de que realmente o conhecia como ninguém! Adivinhou todas as palavras que iria usar e, sabendo tanto, já previa como terminaria aquela conversa. E mais, já sabendo o fim, queria logo avançar aquele meio.
- Nem me contou que tinha contratado uma banda nova. Nunca tínhamos trabalhado com eles.
- Pensei que você ia gostar de ver o 'bonitão' lá - provocou, enquanto se dirigia a cozinha, abrindo a geladeira e tirando uma das cervejas.
- E continua bonitão mesmo - não teve medo de provocá-lo, naquele ponto, não tinha nada a perder, queria mesmo que ele fosse embora rápido, para que voltasse a sonhar com aquela noite de sábado.
- Ah Karen, fala sério. O cara tá quase careca e gordo. Você me faz rir. Aliás, que eu já imaginava que o cara ia ficar careca né? Naquela foto que você tinha ele já tinha umas entradas.
Karen revirou os olhos e naquele exato momento não conseguia se lembrar do porquê tinha se casado com Gabriel. Ele não tinha absolutamente nada que a atraísse, tirando as tatuagens que começavam nos ombros e desciam até o punho. A única explicação que suas amigas davam para isso era a de que ele tinha sido seu 'primeiro homem'. "A gente sempre se apaixona na primeira transa", disse Alice, já alertando os riscos.
🎸🎸🎸
Não conversaram muito, Gabriel preencheu todas as malas e saiu carregando quase tudo em caixas de papelão. O pai dele chegou para buscá-lo de carro, colocou tudo no porta-malas e foi embora sem se despedir.
🎸🎸🎸⭐
Gente! Fiquei tão feliz que chegamos aos 500 views que liberei o capítulo antes!!! Muito obrigada! E vamos lá!! 🥰😘
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O cara do pôster - DEGUSTAÇÃO
Storie d'amoreDurante muitos anos o pôster com a foto do guitarrista da banda Mistic Feelings esteve colado na parede do quarto de Karen. Ela não era a primeira e não seria a última fã a sonhar com uma história de amor com um ídolo do rock. O que ela não imaginav...