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Não tenho a ínfima ideia do sentimento que se apossa de outras pessoas ao olhar para o céu noturno, isto é, se suas cervizes não estiverem tão rígidas que ainda permitam-lhes enxergar a beleza na simplicidade dos espetáculos pelos quais somos agraciados periodicamente...
Entretanto estou incerta se desejo realmente que sintam o que eu sinto — sentimentos que se reviram por sobre as entranhas da minha índole já frágil e débil por tantos anos áridos de qualquer força que me mantenha firme. E todo essa vastidão de sentimentos emaranhados é tão intimamente entranhada ao meu ser que me sentiria translocada caso outro alguém por ventura proferisse palavras que descreveriam o que sinto — o que é pouco provável. já que o infinito sistema numérico não seria capaz de expressar precisamente a intensidade do meu amor, muito menos dicionários poderiam descrevê-lo.
Quanto a isso meus nervos estão tranquilos, mas a mera ideia de ser compreendida, assusta-me, sequer eu própria posso entender toda magnitude esmagadora que estremece pelo meu corpo devido a todos esses buracos negros — não consigo imaginar o alvoroço que estes causariam à outrem que ousassem explorá-los.
Contudo desfaleci-me à singularidade avassaladora de todos sentimentos pressionados contra à razão de meu juízo já tão desgastado e desnorteado, mas infelizmente foi tudo que restou-me. Estive tanto tempo perdida no mais intrínseco de meu núcleo ardente que oscilei ao levantar os olhos para o céu. E oh! Tão acostumadas com a escuridão que devorava minh'alma que levaram infindáveis minutos para que as pupilas se contraíssem e tornassem toda aquela claridade confortável para mim.
Parecia irônico o fato de que tantas estrelas não fossem suficientes para iluminar e aquecer a noite. E mesmo que até o tutano dos meus ossos estivessem gélidos, eu sequer sentira frio.
Admirava a coragem daqueles astros de permanecerem fixos apesar das ávidas trevas prontas para engoli-lhes. Coragem que eu não tivera sequer para sepultar-te ou de enfrentar meus abismos mais íntimos...
Então, escolhestes tu o mais trágico e belo dos cemitérios: as constelações — não meros aglomerados de estrelas mortas mas lembretes de juras de amor que perpassam o espaço-tempo e iluminam a noite suficientemente para mostrar que ainda há centelhas de esperança mesmo em meio a toda escuridão que somos.
