De volta a estaca zero

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Eu não podia acreditar que aquilo me acontecia, depois de tudo que passei.

Rodolfo havia me ensinado o que a policia fazia, mas além de um péssimo padrasto, ainda era mentiroso, eu não havia feito nada, e mesmo assim, fui pego, e posto dentro de um carro, por pessoas que juraram proteger, todo e qualquer cidadão, aprendi que os representantes do estado são a apolicia, e que eles iriam proteger e cuidar de cada pessoa da sociedade, aprendi que ninguém, está a cima da lei, e nem abaixo dela.... e naquele dia descobri, que tudo era mentira.

Eu fiquei horas naquele carro, eu estava soando muito, e decidi novamente retrucar as acusas feitas outrora

- Olha eu não sei o que disseram para vocês, mas eu juro, eu não fiz nada, eu passei o dia todo naquela praça.

-Não interessa se você realmente fez ou não, é um perigo deixar gente como você livre na rua. Disse o policial que dirigia

- Gente como eu? oque quer dizer com isso?!! falei com voz alterada

Antes que ele me respondesse, o policial sentado ao seu lado, virou corpo para onde eu estava, esticou sua mão e me segurou pelo ombro, dizendo -Sossega moleque, você não está falando com seus amiguinhos da rua não.

eu fique completamente paralisado, eu estava com medo, a forma que ele se direcionou a mim, foi tão firme, senti como se ele tivesse autoridade para me matar... mas eu sabia que isso era impossível, afinal eles não poderia me matar, até porque eu sabia que as leis do nosso pais não previam pena de morta, e mesmo que fosse permitido, eu não seria executado, até porque esse tipo de crime não configura execução, mas mesmo eu sabendo disso, eu via maldade naquele olhar.

Foram horas dentro daquele carro, cada minuto parecia uma eternidade. Depois de uma longa viajem, o carro pega uma estrada de barro, que ao fim dela haviam um prédio enorme.

Assim que cheguei, fui pego pelo braço e posto para fora, na frente desse prédio, haviam um portão de ferro enorme, o qual me impedia de ver qualquer coisa lá dentro, mas havia uma janelinha nesse portão, que também estava fechada.

Após ficarmos enfrente a esse prédio, ouvi o policial dizer

-E ai pivete, gostou? Essa é sua nova casa

NOVA CASA? O QUE ELE QUERIA DIZER COM ISSO?? 

Eu pensei muito naquela frase que ele me contou, e por mais que eu tentasse, não fazia sentido, depois de tudo que eu passei, voltaria a ficar confinado em um lugar?

O policial se aproximou do portão e deu duas batidas fortes. Logo um homem bem alto abriu, era gordo, e careca, não havia em seu rosto um pelo sequer, a não ser o da sobrancelha, me encarou com um olhar cruel, como se soubesse tudo sobre mim

Antes que ele dissesse qualquer coisa, o policial que me tirou do carro disse.

-Ai pereira, troucemos outro trombadinha, Creusa ta ai? precisamos dar entrada.

-Eu não sou trombadinha! eu não estava fazendo nada, eles estão mentindo

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, o tal do pereira me cortou dizendo.

-Mal educado esse menino não? será que não ensinaram para ele a não responder os mais velho? não tem problema, aqui você vai aprender...

Após dizer isso, ele ficou me encarando com um olhar estático, deixando a pupila dos seus olhos fixos nos meus. Senti meu corpo gelar, apenas com ele me olhando, ele era dona de uma voz extremamente grossa, e bem alta.

Me entrega ele aqui, estendeu as mãos quando um dos policias me pegou pelo braço e me dirigiu a ele. Ele me pegou pelo braço e me conduziu para dentro do prédio, que quando entrei vi que havia um patio enorme, lotado de garotos da minha idade, todos utilizando a mesma roupa, o curioso, é que eles não estavam brincando, estava todos em fila, em quanto um homem vestido com uma roupa parecida com a do Pereira falava, segurando algo, que para mim na época parecia um cano, mas depois eu descobri que era bem mais duro que um cano.

passamos do patio e chegamos a sala de entrada, ela estava repleto de policias, todos conversando entre si, enquanto bebia café, a nossa frente havia uma escada, subimos ela, e eu fui conduzido a uma sala, onde só havia uma mulher sentada, e na frente dela, os policias que trouxeram...

Que?? como eles chegaram antes de mim? bem isso não importa, o que importa é que aquele foi com certeza um dos momentos mais injustos da minha vida 

A senhora, chamada por eles de Creusa, carimbava alguns papeis quando se dirigiu a mim, perguntou o que eu roubei, enquanto ela me perguntava, Pereira mantinha suas mãos, sobre meus dois ombros, quando pensei em me defender, ele lentamente, de maneira bem disfarçada, forçou eles, então decidi apenas abaixar a cabeça e não dizer nada

-Então tomarei por nota, que o dito por vocês policia,s está correto. Disse Creusa

-Como o acusado não possui nem tipo de identificação, iremos providenciar uma a ele, meu jovem como se chama?

-Leonardo

-Um bonito nome rapaz, você está em um reformatório, Espero que seu tempo aqui, o ajude a ser uma pessoa melhor, faremos o possível para que você aprender a ser uma pessoa de bem.

Até hoje eu me pergunto se ela acreditava mesmo no que dizia, ou se ela só dizia isso para se sentir melhor a noite....

Fui conduzido a um local em quarto com um fundo todo branco, tiraram uma foto minha e me deram um numero B12062019.

A partir de agora esse será seu nome garoto . Disse Pereira


O mundo do lado de fora e suas doresOnde histórias criam vida. Descubra agora