Capítulo 3

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Os dias mais claros

Ao caminhar durantes as primeiras horas do dia, eu me sentia inspirado, andei em uma rua reta por longos minutos, aqueles minutos se tornaram horas, e logo comecei a ver movimento, percebi o quanto eu morava longe das coisas, nas proximidades da minha casa, só havia mato, e as estradas eram de barro, após me afastar comecei a ver asfalto, e antes que você pergunte, sim, eu sabia o que era asfalto e pavimentação. Andando mais a frente eu pude ver umas ruas mais bonitas, elas eram asfaltadas, mas ao mesmo tempo elas tinha árvores em suas calçadas, andar naquela rua cheia de pétalas de flores caídas no chão, me fez o olhar e perceber o quanto eu perdi dentro daquela maldita casa.

Ao parar para descansar, logo senti fome, o primeiro dos obstáculos que imaginei que teria, por sorte tinha dinheiro, (de procedência errada, mas tinha) sentei no chão mesmo, abri minha mochila e peguei algumas notas, e comecei a apressar meu passo para ver se achava algo aberto, era cedo mas por sorte encontrei... era uma lanchonete, achei fantástico, eles vendiam pão na chapa com ovo frito (eu amava comer isso em casa) comi rápido, agradeci e fui embora.

Depois de umas horas andando comecei a sentir o sol, o dia estava começando a ficar quente e logo senti o calor do afasto quente, quanto mais eu andava mais eu suava, e comecei a desejar urgentemente um banho, mas era impossível, onde tomaria um banho? Como cuidaria daquele calor enorme que sentia? Eu guardei muitas coisas em minha mochila, mas um chuveiro não era uma delas kkk. Depois de muito caminhar vi uma pracinha, lá havia umas arvores com bancos de pedras em baixo, aquela praça era linda, era redondinha, rodeada de arvores e toda gramada, havia crianças brigando e eu fiquei observando aquilo, logo no meio vi uma fonte, jorrava jatos fortíssimos de água e em volta da fonte tinha um pequeno lago que a rodeava, sentei em um banco em baixo de uma arvore que era próximo à fonte.

Logo um menino, devia possivelmente ter uns 10 anos, parou em minha frente, ele era magrinho, tinha um cabelo preto, liso, porém estava bem grande, não parecia estar bem cuidado, era pequeno, tinha olhos castanhos escuros, roupas um tanto surradas, as mãos um tanto sujas, e aparentava estar com fome

- Ô tio? Disse o garoto

Eu estranhei ele puxar assunto do nada e logo perguntei - Que? Nunca havia ouvido aquela expressão

- Eu tô com fome, tem alguma coisa pra eu comer? Disse o menino mais uma vez

Abri minha mochila e tirei um biscoito que tinha pego, entreguei a ele e disse

- pode ficar para você.

Logo o menino abriu um sorrisão com aqueles dentes amarelos e saiu correndo para perto de seus amigos gritando, CHEGA AEE CHEGA AEE !!!

Mesmo depois de passar um tempo ali, eu ainda sentia calor, mesmo ventando em baixo daquela arvore, era claramente um dia bem quente. Algum tempo depois o mesmo menino voltou onde eu estava...

- Tio? Tu veio de onde?

- De longe. Respondi rápido, porque achava que ele ia pedir mais alguma coisa

- tendi, tu parece ta com muito calor. Disse o menino

- Verdade estou mesmo. Falei respirando fundo

- Por que não toma um banho?

- Onde? Ta vendo algum chuveiro? Respondi com raiva

- Na fonte ué, todo mundo toma banho lá, respondeu o menino rindo

- Mas pode?

- Sei la kkkkk, a gente toma

Me animei, me levantei e perguntei como, ele disse que é melhor eu deixar a mochila para não molhar, e que meu short secaria, então tirei a blusa e fui (deixei a mochila na arvore onde estava).

Foi maravilhoso, aquele banho ao ar livre, um céu azul, o sol tocando minha pele, o vento das arvores atingindo meu corpo molhado, senti como se fosse o melhor banho da minha vida. Após alguns minutos, sai da fonte e fui me secar um pouco e continuar meu caminho, quando vou em direção à arvore, minha mochila tinha desaparecido... Não acreditei, minha mochila sumiu, todas as minhas roupas, meu dinheiro, tudo havia ido embora junto com aqueles meninos, senti um frio na barriga, uma angustia enorme, eu queria chorar, queria gritar mas até para isso me faltou voz... respirei, sentei e comecei a juntar os fatos, será que aquele menino que ajudei, poderia ter levado minhas coisas? Não isso não é possível, ele não faria isso, eu o ajudei, por que ele me roubaria? Não pode ser.

Levantei e decidi, que iria atrás desse grupinho...

O mundo do lado de fora e suas doresOnde histórias criam vida. Descubra agora