Capítulo 6: Pesadelo

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É oficial: em dois dias é a véspera de natal

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É oficial: em dois dias é a véspera de natal. 

Nesses últimos dias Joan está enfurnada na cozinha preparando um banquete para um batalhão. O que eu acho estranho, já que a pequena Paige me disse que só quem vem passar a véspera de natal com eles é a tia Lucinda e o seu buldogue Sansão. 

No dia de natal, eles se reúnem na casa de Maurice e Amber, almoçam, jogam conversa fora e fazem uma troca de presentes. Não me admira. Pelo pouco tempo que vi Shawn e Maurice conversando, pude perceber o quanto eles são amigos de verdade e se importam mesmo um com o outro. A amizade deles me faz sentir uma saudade agonizante de Nick. Ele já deve ter incentivado as crianças a escrevem cartas para o bom velhinho, desejando de todo coração que elas mantenham viva a crença de que existe um velhinho por aí que presenteia as crianças, mesmo órfãs, sem pedir nada em troca. Bom, talvez alguns biscoitos e um copo de leite bem fresquinho. 

Nick já deve ter feito os outros mais velhos perderem as estribeiras com sua insistência em decorarem a sala de estar com umas luzinhas velhas, a maioria das lâmpadas queimadas e meias de cada um deles. A pequenina árvore de natal já deve estar dando um colorido no canto da sala, com pequenas bolinhas vermelhas e verdes e uma estrela no topo. Uma das coisas que mais admiro em meu amigo é que ele lê pacientemente cada carta que as crianças escrevem para o Papai Noel e, de um jeito ou de outro, tenta chegar o mais perto de realizar o que elas queriam. 

Se deixasse só pela Monstros SA eles só ganhariam mochilas novas que já estão curiosamente surradas. Quando vejo onde estou, me sinto mal por eles. Nick, Ambrose, Lola e os outros também deveriam passar o natal com uma família acolhedora. Não há nada mais triste que não ter ninguém nessa data comemorativa. 

— No que tanto pensa, garoto? — Pergunta Shawn, me olhando e notando que estou em outro planeta.

Estou ajudando ele a mexer no motor do seu carro na garagem. Basicamente, só estou alcançando as ferramentas que ele me pede. 

— No orfanato. Com o natal chegando só consigo pensar no tanto que Nick e os outros estão se sentindo sem ter uma família ao lado deles. — Suspiro pesadamente. 

— Era difícil, não era? — Limpa as mãos em um pano já sujo de graxa. 

— É muito difícil quando não tem uma família ao seu lado. 

— Ei. — Ele coloca a mão em meu ombro e olha dentro dos meus olhos — Você tem a gente agora, filho. — Sorri. 

Retribuo seu sorriso e assinto. Já é a terceira vez que Shawn me chama de filho. Ontem estávamos todos jantando e, do nada, ele me chamou de filho quando pediu que eu lhe alcançasse o sal. Na primeira vez foi enquanto jogavámos basquete, eu fiz uma cesta e ele se animou tanto que gritou "Meu filho fez uma cesta". Tem acontecido quase naturalmente desde então.

Ele me convida para entrar e ajudar Joan e Paige na cozinha. Paige está colada na mãe. Ela diz que quer aprender a fazer todas aquelas comidas gostosas que Joan faz, para quando casar, cozinhar para o seu marido. Toda vez que ela fala isso me dá uma vontade de socar a cara de um cara que ainda nem conheço e espero não conhecer tão cedo. Shawn, ao contrário de mim, nem se dá ao trabalho de esconder o ciúme e o incômodo e já vai logo pedindo a ela que pare de falar asneiras. 

Feliz natal, AdamOnde histórias criam vida. Descubra agora