(...)
Sina ruborizou.
–Não no sentido figurado, claro – acrescentou Sabina.
Sina rolou os olhos.
–Só não entorne nada, por favor.
Mas Sabina já havia ido e voltado com copos e travessas na mão; quando Sina se sentou na cama, a mesa estava posta diante dela – só que sobre o colchão.
–É. Porque se cair um farelinho no colchão, milhões de vermes subirão nessa cama e te comerão viva – disse Sabina, tenebrosamente, se sentando ao lado de Sina.
–Engraçadinha. Eu nunca como na minha cama – acrescentou, pensativa.
–Eu gosto de fazer isso. Prato?
Sina passou o prato para Sabina, que a serviu.
–Hum! Está quente – exclamou Sina, pegando o prato por baixo.
Sabina soltou a colher com que se servia e pegou rapidamente uma almofada, a colocando no colo de Sina que colocou o prato sobre a almofada.
–Obrigada – agradeceu Sina.
–Salvei sua vida. Se fossemos romanas, você me deveria servidão eterna.
–Bem vinda à França, então.
Sabina deu de ombros como quem lamenta, terminando de se servir.
Sina serviu um pouco da torta no próprio garfo e levava até a boca de Sabina.
–Espera – disse Sina, parando no meio do caminho.
–Hum?
E Sina assoprou delicadamente, para esfriar. Qualquer coisa se aqueceu dentro de Sabina. E isso não tinha nada a ver com o prato quente sobre a almofada em seu colo. Não totalmente, pelo menos.
–Está quente? – perguntou Sina, depois de servi-la.
–Não – respondeu Sabina, sorrindo. – Mas sabe qual é a melhor parte?
–Não faço ideia.
–Você esfriou minha comida. Você está cuidando de mim.
E Sabina parecia genuinamente satisfeita com isso. Sina arqueou as sobrancelhas, um pouquinho ruborizada.
–E daí?
–E daí que você não quer minha língua queimada, no fim das contas.
–Lembra do item mais constrangedor do roteiro de hoje? – perguntou Sina.
–Humm... o coração na areia? – mas Sina semicerrou os olhos para Sabina, que deu de ombros. – Certo, o beijo.
–Exatamente. Eu não quero uma língua queimada na minha boca – e voltou a servi-la.
–Isso não mudaria nada. Eu consigo te dar o melhor beijo da sua vida com a língua queimada ou não – acrescentou Sabina, sorrindo de forma convencida, se encostando folgadamente sobre os travesseiros.
–O seu ego... me comove.
–Só fale quando eu lhe permitir, serva – Sabina afundou nas almofadas tal qual uma poderosa rainha faria. – Sirva meu vinho e me dê comida.
–E o que mais, te chamo de "majestade"? – perguntou Sina, cética.
–Sem dúvida – respondeu Sabina, untuosamente. – Onde está minha comida, serva?
– "Serva" é o seu nariz. Se sente direito, se não vou entornar comida na sua roupa.
–Por favor, faça isso. Assim vou ter uma desculpa para tirar esse forno ambulante.
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The Experiment || Sibina
RomanceUm milhão de dólares, esse era o valor do prêmio que a maior rede de cientistas do mundo estava oferecendo para duas pessoas que fossem escolhidas para fazer parte de um experimento social. Esse experimento se baseava em colocar duas pessoas de pers...