–Vamos? – chamou Sabina, baixinho, após alguns minutos.
– O Sol vai se pôr e ele fica mais bonito se o olharmos dali.
–Vamos – concordou Sina e a soltou.
Sabina se levantou e estendeu a mão para Sina, as duas desceram para mais perto do mar, Sina afundando os pés na areia molhada. O silêncio estava confortável, porque nenhuma delas estava com a mente longe, estavam de corpo e alma ali, aproveitando cada segundo juntas, andando em direção ao nada de forma completamente segura e foi nesse ritmo casual e impreciso que Sina procurou a mão de Sabina e a segurou ao redor da sua.
Sina sentiu primeiro a surpresa de Sabina, depois a compreensão e, enfim, o momento em que Sabina entrelaçou seus dedos nos de Sina, acariciando-a com o polegar.
–Você sente falta disso? – perguntou Sina, olhando para o mar e adorando sentir a espuma da água molhar seus pés enquanto andava.
–Do quê?
–De... não, de... alguém para...
–Segurar a mão? – sugeriu Sabina e Sina assentiu.
– Na maioria das vezes. – Sabina suspirou. –Você não sente como as coisas deveriam ser? Foi o que você sentiu mais cedo, olhando o mar, era o cenário perfeito. Se você estivesse sozinha, esse momento teria se perdido, e são esses momentos que eu lamento ter que perder se estou sozinha. Como se uma parte da vida estivesse acontecendo e eu não percebesse.
Sina olhou pensativamente para frente, diminuindo o passo.
–Eu nunca havia pensado desse modo.
Sabina apertou a mão de Sina mais forte.
–Mas você já sentiu isso antes, não foi? Como se de repente ficar sozinha mais um minuto fosse te asfixiar.
Sina assentiu, olhando para Sabina.
–Muitas vezes e eu olhava pela janela e pensava o que estava faltando, o que eu não conseguia ver. Por que de repente tudo se tornara monótono. Quente, abafado e sem vida.
–Porque você precisava de alguém que atrapalhasse a sua vida meticulosamente organizada.
Sina riu, dando de ombros. Os raios já alaranjados do Sol batendo em seu rosto a faziam se sentir viva e leve.
–Talvez.
–Você fica bem quando está feliz – disse Sabina, diminuindo o passo.
As bochechas de Sina ficaram vermelhas.
–Obrigada.
–Gostaria de deixá-la assim sempre – disse Sabina, fazendo-a sorrir.
–Você consegue ser encantadora quando quer.
Sabina sorriu.
–Vamos parar por aqui, o sol já vai se pôr.
Sina se virou para o horizonte, de fato, o sol estava começando a se fundir com o mar, o céu repleto de manchas que iam do rosado ao alaranjado. Sabina a colocou na sua frente, a abraçando por trás e estremecendo ao senti-la aninhar-se em seus braços, era um sensação completamente nova, aquele calor humano, os sorrisos, as pegadas lado a lado na areia. Era incrível, imprevisível e totalmente correto e natural.
Sabina a abraçou mais forte, e Sina fechou os olhos.
x-x
Por alguns minutos, tudo parecia perfeito para Sina, como se Sina finalmente estivesse bem, tranquila, aceita, confortada, querida, ninguém nunca havia dito o quão perfeito um abraço de Sabina poderia ser, o quão a respiração de Sabina em seu cabelo poderia soar natural, o quão Sina ficaria bem só por estar perto de Sabina e, por alguns minutos, Sina realmente sentiu tudo o que tantas músicas diziam, Sina se sentiu amada, e essa constatação, forte e imutável, a fez abrir os olhos e descobrir que o Sol já se fora, que só restavam alguns raios alaranjados e tardios no horizonte.
Sina mordeu o lábio. Estaria sentindo isso mesmo? Estaria Sina realmente... Mas seus pensamentos se interromperam quando Sina sentiu seus pés na água gelada.
–Vamos para o mar?– perguntou Sabina com uma expressão pidona.
Sina não respondeu, mas sorria de forma tranquila e segura, ela se virou para Sabina a acompanhando em direção ao mar.
–A água está gelada – disse Sina, uma onda quebrou não muito distante de onde elas estavam e a espuma foi até a cintura de Sina, a fazendo tremer de frio.
Sabina andou mais alguns passos, segurando uma das mãos de Sina. O vento do começo da noite soprou, fazendo Sina se retesar sob a água, as mãos de Sabina estavam em sua cintura, a segurando contra si. As mãos de Sina estavam apoiadas em seus ombros e suas roupas molhadas estavam grudadas. Sabina se aproximou de Sina, que mordeu o lábio inferior, seus narizes estavam a milímetros de se encontrarem e Sabina podia ver em seus olhos que Sina estava passando por um furacão de sensações e pensamentos e, em um movimento suave, Sabina se aproximou mais, seus lábios roçando nos de Sina.
–Não percebeu? Esse é mais um momento perfeito.
Sina estremeceu quando Sabina a beijou, não foi programado nem previsto pelo roteiro. Foi como deveria ser, impetuoso, calmo, quente, morno, carinhoso e possessivo, uma confusão de sentimentos que a entorpecia.
Sina acariciou sua nuca, seu corpo tremendo, ela nunca havia sentido aquilo antes; nada havia sido tão intenso, tão mágico. Elas se separam no momento em que as primeiras estrelas surgiram, como se elas estivessem se escondendo para dar-lhes privacidade.
–Agora eu percebi – sussurrou Sina, sorrindo.
O coração de Sabina se acelerou como se sob uma droga alucinógena. Sabina a abraçou mais forte e beijou seu nariz.
–Eu amo você.
O tempo parou para Sina, tudo entrou em câmera lenta, todas as sensações deixaram seu corpo. Foi só quando Sina compreendeu, como se uma gota de água gelada houvesse caído no vazio.
–Isso estava no Roteiro – murmurou Sina.
–Eu teria dito mesmo que não estivesse – respondeu Sabina, segura, beijando sua bochecha.
–Eu...
Sina enterrou o rosto na curva do pescoço de Sabina, a abraçando, o coração descompassado.
–Sina? O que foi? – perguntou Sabina, surpresa.
–Eu... –murmurou Sina. – Eu não posso, Sabina.
O mundo de Sabina saiu de foco.
–Sina...
–Eu estou confusa. Eu... – Sina mordeu o lábio, amaldiçoando-se por falar isso ao mesmo tempo em que o pescoço de Sabina era tão confortável.
Sabina olhou para o mar por alguns segundos, depois fechou os olhos.
–Tudo bem – sussurrou Sabina, surpreendendo-a. – Vamos voltar para casa. Não me diga nada agora. Faça o que você sempre fez: Pense primeiro...
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The Experiment || Sibina
RomanceUm milhão de dólares, esse era o valor do prêmio que a maior rede de cientistas do mundo estava oferecendo para duas pessoas que fossem escolhidas para fazer parte de um experimento social. Esse experimento se baseava em colocar duas pessoas de pers...