Condecorada várias vezes pela Academia Ayres, por ser uma excelente guerreira, suas estratégias de batalhas e habilidades com a espada a fizeram ser convocada para uma missão de resgate. Amarílis Ledare, filha de dois guerreiros muito conhecidos no...
Conversamos por algumas horas, muitos assuntos foram esclarecidos. Jason não tem certeza de nada, somente algumas desconfianças.
Os Draunthtz foram realmente levados por Tytamm, mas foram recrutados para o exército dele. Jason suspeita que existe um traidor no meio de seus guerreiros que está ajudando o deus exilado, ou seja, precisamos descobrir quem é o quanto antes. Não bastando isso, na última contagem de Jason estavam faltando vinte guerreiros, isso me deixou em total alerta. Se o nosso exército está diminuindo e o de Draunthtz traidores aumentando, com certeza isso não é um bom sinal, a lealdade não está completamente firmada, portanto não podemos confiar em ninguém. Provável que a pessoa está infiltrada e convencendo os guerreiros a abandonar a missão. Fiquei responsável por descobrir quem é essa pessoa.
Precisamos descobrir sobre a profecia, talvez a resposta de como derrotar Tytamm esteja nela. Analisamos o mapa e no trajeto que teremos que fazer para chegar a Oeste, se fizermos um breve desvio na rota, passaremos por Nortumbria que fica a dois dias aqui. Um Reino muito conhecido por suas riquezas e uma Rainha desalmada, mas temos esperança de que ela permita o acesso à biblioteca real. Jason já esteve aqui outras vezes, a pedido do Rei de Edinburg, mas foram recebidos com uma chuva de flechas, antes mesmo de dizer "saudações".
Quanto a mim, ele não faz ideia do que eu sou, mas suspeita que tem um poder muito forte dentro de mim, que está aprisionado.
- Alguns acontecimentos têm aumentado minha suspeita Amarílis, o seu grito que amedrontou os Caninums talvez tenha sido tão poderoso que, alertaram os instintos deles e os fizeram correr para longe. - Ele faz uma pausa colocando, um prato de sopa para mim. Enquanto conversávamos, ascendemos uma pequena fogueira com a ajuda de Raárah. - Esse poder vem sendo libertado aos poucos, a cura acelerada pode ser um sinal de que ele está crescendo, mas inconscientemente. Você me disse que a emissária que trouxe a mensagem da deusa tinha as mesmas características físicas que você, o que é raro, pois não existe nenhum outro registro de pessoas de cabelo vermelho em nosso continente, que tenha nascido de uma mulher estéril. Talvez deva começar por aí, pensar de que forma você está ligada a deusa. Olha eu posso estar enganado, mas não tenho nenhuma outra explicação para isso. - Ele enrola o mapa que estávamos analisando a pouco. - Pronto, isso é tudo o que eu sei Amarílis, satisfeita? Agora confia em mim?
- Estou satisfeita com as informações, mas me restaram somente dúvidas Jason, tenho tantas perguntas. – Balanço a cabeça inconformada. - Estamos à mercê do destino, não sabemos ao certo com que estamos lidando isso vai contra os nossos instintos, temos que conhecer o nosso inimigo e estudá-lo, precisamos saber os pontos fortes e os pontos fracos; na verdade eu nem sei se os deuses têm pontos fracos. Os outros deuses estão ao nosso favor? A ascensão de Tytamm é uma ameaça direta a eles, mas ainda sim estão entregando a missão nas mãos de meros guerreiros com espadas.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, só ouvindo o barulho da chuva e dos trovões. O homem a minha frente está perdido em pensamentos, buscando de alguma forma as respostas. Isso vai além dos nossos conhecimentos precisamos de mais informações. Vejo que seu corpo está tenso e tem rugas de expressão no meio de suas sobrancelhas, mostrando sua preocupação.
Me aproximo na intenção de tranquiliza-lo, sento ao seu lado pego sua mão.
- Jason - ele levanta o olhar surpreso com a minha atitude, mas não se afasta. Com o indicador da outra mão massageio sua têmpora. Vejo seu corpo relaxar de imediato, ele fecha os olhos apreciando a massagem. - Desse jeito vai ficar com rugas antes que seus pais Comandante. - Ele ri da minha observação. Os Draunthtz demoram a envelhecer, em comparação com os civis. - Olha, a princípio devemos seguir caminho e não contar a ninguém o que sabemos, daqui duas estações chegaremos no território dos Nocturiumm, nós temos tempo, não se preocupe por ora.
Ele assente meio sonolento. Estamos sentados frente à frente, ao lado da pequena fogueira que ascendemos, agora só restam algumas brasas acesas. Como ele não fez menção de me afastar continuo a massagear, pressiono levemente e faço movimentos no sentido horário, desenhando uma espiral invisível na sua têmpora direita, assim como Dália fazia quando eu ficava tensa e irritada no passado, quando as pessoas zombavam de mim, sempre funcionou comigo para me acalmar e pelo visto com o Comandante também.
Quando paro de massagear, Jason abre os olhos e me encara por alguns segundos. Sinto meu corpo estremecer e não por causa do vento frio que entra na caverna, mas pela nossa aproximação. Não consigo desviar o olhar há algo nele que me atrai, um desejo ardente que cresce dentro de mim, consigo ouvir o barulho do meu coração batendo desesperado. Pelos deuses! Como é que se respira mesmo? Me pego olhando para seus lábios entreabertos, e fico tentada a me aproximar um pouco mais e provar o sabor do seu beijo. Passo a língua discretamente no meu lábio inferior tentando controlar minha imaginação fértil, espero que eu não esteja vendo coisas, mas por um momento pude ver desejo em seus olhos tão azuis quanto o céu.
- Jason, eu... – Sussurro, sem saber ao certo o que dizer. Quebro nosso contato visual, quando percebo que não tem mais barulho de chuva. O motivo perfeito para sair desta situação. – Olha só, a chuva está parando, nós temos que ir. – Digo, já me levantando.
Minha nossa, o que foi isso?
Visto minha capa e coloco minhas coisas em Kira. Acordo o pássaro de fogo que dormiu esse tempo todo, estico minha mão para fazer carinho e suas penas. Mas ela abre o bico assim que me aproximo, soltando um grunhido.
Eu te entendo Raaráh, também não gosto de ser acordada do meu sono da beleza.
- Vejo que alguém acordou mal-humorada. - Levo um susto, quando escuto a voz de Jason bem próxima ao meu ouvido.
- Kithz Jason! Que susto! - Digo colocando a mão no peito. - É pelo visto ela não gosta de ser acordada.
- Me desculpe, não tinha a intenção de assusta-la. - Me viro para encara-lo - Amarílis, creio que seja melhor para os dois, não ficarmos próximos na frente dos guerreiros, afim de evitar indagações desagradáveis e bochichos desnecessários, certamente você concorda comigo. Como eu disse antes, eu não me importo, mas não quero que você fique em uma situação desconfortável por minha causa.
Que? Sem aproximação? Pelo visto demos um passo para frente e dois para trás Comandante...
- Mas é claro, concordo plenamente. - Assinto com a cabeça.
Ele sai da caverna sem dizer mais nada. Termino de colocar os braceletes e apertar minhas botas. "Certamente concorda comigo, mi mi mi". Certeza que não quer que os guerreiros pensem que conversamos amigavelmente durante todo esse tempo. Monto em Kira e instigo ela para fora da caverna. Ótimo, que assim seja Jason!
Ao chegar na gruta, todos os guerreiros já estavam prontos para partir. Vejo que Fryns realmente fez um bom trabalho na ausência do Comandante. Vou para minha posição no meio da tropa e cumprimento o pessoal, Leea e Mark, me encaram como se dissessem "Você não vai escapar, queremos saber tudo o que aconteceu". Faço uma careta em resposta. É, guerreiros, aconteceu tudo menos o que vocês estão pensando.
Partimos a toda velocidade, os cavalos estão bem descansados, portanto estão mais velozes, acredito que chegaremos ao Reino de Nortumbria ao amanhecer.
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