Capítulo 10 - O Fantasma

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Ryan

Acho engraçado o modo como ela me olha a cada dez segundos.

- Eu entendi tudo errado. - ela diz e esconde o rosto entre as mãos - Meu Deus, que vergonha!

- Vamos fingir que isso nunca aconteceu. - falo e ela assente - E eu estava falando sério. Você devia ir a polícia. O que seu ex fez foi roubo.

- Não importa. - ela diz desanimada - Ele levou até as notas fiscais. Eu não tenho como provar que o que ele levou era meu.

- E o que vai fazer? - pergunto e ela passa as duas mãos pelos cabelos tentando pensar.

- Eu sinceramente não sei. - ela responde - Acho que vou comprar uma cama primeiro.

- Por que não vai para a casa dos seus pais? - pergunto.

- Não. - ela diz - Não posso voltar para lá. Não posso viver tão friamente.

- Tudo bem. - falo e olho a hora - Suas roupas já devem estar secas e tem uma escova de dentes e toalhas limpas para você dentro do banheiro. Eu tenho que me aprontar para correr atrás das licenças para Nerissa.

- Entendo. - ela diz e se levanta -Pode me dar uma carona até o meu carro?

- Claro. - falo e corro para o quarto para me aprontar.

Tenho um longo dia pela frente. Visto uma calça preta e camisa branca, colete e terno pretos e caço sapatos sociais de couro combinando. Arrumo meu cabelo, coloco meu perfume e estou pronto. Saio do quarto e esbarro em Sheyla saindo de toalha do banheiro.

- Desculpe. - ela diz e eu sou pego olhando para os seios dela - Pensei que fosse  um cavalheiro! - ela diz e tenta escondê-los. - E você não viu tudo noite passada?

- E que homem é indiferente a uma mulher nua? - pergunto e me afasto deixando ela vermelha de novo  e eu com um certo desconforto nas calças.

Nerissa

Saio da casa de Caleb de uber e vou para casa pegar o carro de passeio do meu pai para ir buscar Celina. Continuo vendo ela morrendo e eu correndo pelas ruas perdida e desesperada por ajuda e isso causa um caos em mim. Me sinto... afundando. Como se essa merda me puxasse para baixo. Respiro fundo e continuo dirigindo. Tenho me me manter sob controle.

 Encontro Celina em frente a sua casa e ela me guia para o centro da cidade. Ela está sorridente e animada por me ajudar com o projeto.

- Quando Logan me disse que você precisaria de um lugar para o seu projeto eu lembrei logo de um galpão abandonado em que me escondi quando meu pai sumiu. - ela diz enquanto eu estaciono em frente a um galpão enorme com muitas janelas quebradas e lixo por todo lado - Ficava escondida aqui quando ele se metia em confusão e eu não podia ficar com ele. Ficava aqui até ele vir me buscar. - ela continua falando e eu penso que talvez ela possa me entender, afinal a mãe dela também foi morta quando ela era pequena e ela viu tudo - Tem muita gente por aí precisando de ajuda. É uma coisa muito legal o que vão fazer e eu quero ajudar. Conheço bem a área e posso ajudar se quiser.

- Celina, você sonha com a sua mãe? - pergunto e ela me olha surpresa - Sonha com ela morrendo?

- As vezes sim. - ela responde baixinho - Mas meu pai costumava dizer que se eu deixar o fantasma dela continuar a me assombrar eu vou deixar de viver, vou perder minha oportunidade de ser feliz. - ela conta e sorri - Acho que ele só não queria que eu ficasse triste, mas... deu certo. - eu assinto e descemos do carro.

- Eu sonho com a minha mãe as vezes. - falo e sinto um tremor percorrer o meu corpo - Sonho com o dia em que a perdi.

- E como ela era? - Celina pergunta, me pega pela mão e me puxa para a calçada - Como a sua mãe era?

MandonaOnde histórias criam vida. Descubra agora