015 | A garota à prova de casamentos

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Caramba aquela faca era boa. Será que era Tramontina?

Acordei com raiva e olhei em volta. Várias cortinas brancas me cercavam.

- Estou em um hospital?

- Ai, Miyou, ainda bem que você acordou. - Renata abriu a cortina e me olhou contente. 

- O que você está fazendo aqui? E cadê o meu celular? - perguntei, olhando em volta e o vi na cadeira ao lado da minha cama. - Ah não.

Peguei o aparelho perfurado e o encarei com os olhos lacrimejando.

- Tá tudo dando errado na minha vida. Primeiro tirei nota ruim no vestibular, depois fui contratada pelo chefe Kim, aí fui jogada em um monte de clichê horrível e agora isso? Nunca mais vou poder voltar para casa.

- Miyou.

- Que foi, Renata?

- Você está sonhando.

Abri os olhos.

- Eita porra.

 Vi o "meu celular" engolindo a Samira como se ele fosse um buraco negro.

- Queisso? Tô sonhando ainda?! - Me descabelei.

Depois de engolir o corpo da garota por completo, o aparelho caiu no chão e apitou. 

Fiquei o encarando por longos segundos. Ele tá vivo! Ele vai me comer!

Será que é segurou eu me aproximar?

Engatinhei devagar até ele e vi que tinha uma notificação do Wattpad.

Apertei nela e a abri.

Capítulo 5 de Chefinho do mal

Asteroide Silvério veio salvar a s/n, mas quando chegou Samira já tinha desistido de seus planos malignos. Silvério confessou seu amor e pediu s/n em casamento.

- Casamento?! - arregalei os olhos.

- Acho que ela está aqui. - Ouvi vozes do lado de fora da sala.

- Miyou não vai casa com ninguém. Nem na vida real! Nem em fanfic nenhuma! 

Saí correndo na direção da janela e pulei para atravessar o vidro, o quebrando em muitos pedacinhos, mas ele era mais grosso do que eu imagina, pois tudo o que eu fiz foi bater nele e cair no chão igual um saco de batatas.

- Miyou! - A voz do meu chefe encheu meus ouvidos sujos de cera. - Você está bem?!

Lá vem o chato.

- Tô, meu bem. - respondi, forçando um sorriso amável.

- Acho que o rosto dela ficou deformado. - O senhor Kim se virou para uma equipe de médicos que estava atrás dele preocupado. - Samira deve ter espancado ela.

Sou tão feia assim?

- Aliás, cadê ela?

- Ela desistiu e fugiu. - expliquei, seguindo o roteiro do capítulo.

- Ah é? 

- É.

- Nesse caso... - Ele enfiou uma mão no bolso e puxou uma caixinha de veludo vermelha de lá.

Arregalei os olhos.

Essa não!

- Miyou, eu te amo. - falou, com um sorriso doce, que eu não sabia que ele tinha. - Você me seduziu totalmente assim que entrou na minha sala pela primeira vez.

Naquela vez em que eu chutei a porta?

- Anw. - Os médicos observavam tudo.

- Ai senhor Kim, não fala assim se não eu me emociono. - tapei o meu rosto para ele não ver a cara de cu que eu estava fazendo.

a GAROTA à prova de ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora