A guerra já durava em torno de seis meses, começou com a ameaça do Reino de Roham sob nossas terras, pois meu pai, o Rei de Neopolita não estava disposto a dividir nossos mantimentos, alegando que o inverno estava chegando consequentemente ficaríamos sem comida caso cedêssemos uma parte a nação vizinha que desejava fazer comercio em troca de suprimentos para o período mais frio. As nossas forças contra o povo guerreiro não foram o suficiente, feudo por feudo perderam seus territórios, as fazendas foram tomadas, a comida roubada e já não havia como alimentar nosso exército que teve que recuar, se não morressem de fome, morreriam pela espada de nossos inimigos. Minhas estratégias de guerra foram descartadas sumariamente conforme meu pai ouvia o conselho de anciões, ignorando as ideias de sua própria prole. E quanto mais ficávamos sem território, mais desesperado o Rei se tornava.
Agora o exercito chegava em nossa cidade-capital Neolia, não havia mais proteções além do grande portão reforçado no muro da cidade. Os soldados tentavam aguentar o máximo que poderiam. Estavam lutando pelo nosso povo enquanto nobres ficavam temerosos no grande salão do palácio, apenas esperando pelo pior.
- Não podemos apenas deixar que esses bárbaros nos invadam com facilidade. – O rei dizia enraivecido. Mesmo que "bárbaro" fosse um termo muito forte para ser usado, já que nossos inimigos estavam longe de se adequar aquela palavra, contudo, como poderia culpar o governante por estar desesperado? O local estava repleto de nobres medrosos e acovardados, o salão suntuoso cujo ambiente demonstrava a enorme riqueza e o poder da família real Demaceno.. Tapeçarias de guerra nos tempos de gloria estampavam as paredes, janelas com vitrais em desenhos que contavam a história de gerações e quadros de antigos reis e rainhas que triunfaram ao longo da história, no entanto, aquilo parecia ter chego ao fim no reino de meu pai.
- Meu senhor, não temos mais mantimentos, esses "bárbaros" queimaram tudo e subjugaram nosso exercito e agora estão destruindo nossas barreiras. O portão irá durar menos de três horas. – O chefe da guarda dizia sem esperanças. A posição que me cabia era de observador naquele mar de tragédia anunciada. Não parecia que tínhamos qualquer oportunidade. A guerra contra Roham durava tempo demais e agora estavam avançando de maneira avassaladora em nosso território, eram implacáveis e não teríamos mais oportunidades de virar o jogo. Os conselheiros e anciões acabaram acreditando em estratégias de menor perda possível em sentindo econômico para a região, isso gerou aquela derrota desastrosa.
- Meu pai, creio que deveríamos nos entregar, abrir uma concessão para que o povo sofra o menor dano possível. Os deixe entrar e lhes entregue a coroa. – Minha voz era relativamente ouvida, mesmo sendo um ômega, não fazíamos distinção de gênero, então seria o próximo da sucessão real, porém, agora seriamos cidadãos normais ou apenas morreríamos diante do povo para mostrar que era o fim da linhagem.
- Não há maneira de aceitar algo como isso, não irei me entregar a esses bastardos de Roham. – Estava tão irracional que não conseguia compreender que a cidade real seria toda queimada se não fizéssemos nada. Aquele homem alfa que um dia admirei sentado ao trono com a coroa de ferro e ouro moldada a gerações, aquele suposto rei que se comprometeu diante dos deuses a salvar seu povo, o covarde no poder com seus cabelos brancos e olhar cansado. Tão mesquinho.
- Senhor, concordo com o príncipe Seyrim, não há maneiras de aguentarmos e quanto mais demorarmos com a resposta mais pessoas morrerão. – A guerra era implacável e nosso comandante sabia disso, já havia vivenciado a guerra diversas vezes. Era um alfa velho cheio de experiência, mas ainda precisava cumprir ordens.
- Não posso morrer, não quero morrer. – O rei parecia enlouquecer repentinamente, puxando a coroa da própria cabeça e colocando contra meu peito, empurrando seu fardo com força ao filho que estava ao seu lado. – Você vai assumir essa responsabilidade, você vai morrer por essas pessoas, Seyrim. – A voz esganiçada do homem demonstrava sua insanidade. O rei simplesmente vai na direção da passagem de trás do trono. Os nobres correm o seguindo, guardas reais acompanham meu pai com baús com seus tesouros preciosos já preparados para uma possível fuga. Apenas o vejo seguir de forma desonrosa. Coloco a coroa na minha cabeça, aquele pedaço de ouro e ferro fundido tinha um peso enorme.
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O Peso da Coroa - A ascensão de Roham [Completa]
FanfictionO príncipe ômega Seyrim que precisa se sujeitar a um casamento político obrigado pelo Rei que subjugou seu país com o exercito mais poderoso e implacável do continente. O que lhe resta é lutar pela própria liberdade ou aceitar o destino