Capítulo 09 - A sombra de Neopolita

208 35 1
                                    



- Não posso simplesmente ficar a minha vida inteira dentro desse quarto. – Solto um enorme suspiro. Meu corpo estava dolorido, tinha um péssimo humor no momento, principalmente depois de ser devidamente informado que teria que ficar um tempo trancado naquela torre. Não confiava em ninguém a parte de Yurick e Lara, sabia que alguém tentava me matar, mas pensar nisso quando se tinha passado a noite inteira recebendo algo grande dentro de si não era um dos melhores momentos. Volto a deitar na cama inconformado.

- Porque está sendo tão teimoso? Sabe que sua vida corre perigo. Até encontrarmos o traidor preciso te deixar em um lugar seguro, talvez transfira o quarto para algum sem janelas. – Yurick estava sentado na cama ponderando o assunto, vestia apenas uma calça folgada, mas poderia ver seu peitoral, havia arranhado seu corpo e mordido em algumas partes, encarar aquilo sem dúvida me deixava constrangido. Fazer isso no meu marido daquela maneira como se amasse o sexo. Bom, com o alfa era diferente.

- Sei que quer me proteger, aprecio isso do fundo do meu coração, mas sou o único que ouviu a voz desse assassino de Akasia, sou o único que saberia identificá-lo se o ouvisse apenas uma vez. Se me permitir ouvir as reuniões de guerra poderia tentar identificar quem poderia ser descoberto o culpado poderia se iniciar uma investigação sobre a circunstância e saber os planejamentos do meu avô. O que importa é que os planos foram frustrados, mas isso não significa que não tenham outros truques. Fazer parecer que você me matou pode ser apenas um deles, um atentado pode ser outro, usar alguém para manchar sua honra diante de todos, não sei, são palpites. – Tento argumentar. A verdade é que também não queria ficar sozinho naquele lugar o dia todo, poderia ajudar mais se estivesse ao lado do maior. Mesmo que ainda fosse difícil pensar no que tivemos na noite anterior, ainda era a melhor opção, tentava ser minimamente racional, mesmo que meu coração e as lembranças estivessem tentando me trair, fugindo da temática primordial.

O alfa não teve que pensar muito sobre o assunto, apenas soltou um suspiro frustrado, voltando o olhar na minha direção, levando a mão até meu rosto, acariciando de maneira suave. Seus atos cordiais e gentis muito me confundiam, as vezes era difícil saber porque fazia isso. Apenas algo para manter o laço político? Quais suas intenções? Tudo me confundia, mas ao menos Yurick me ouvia.

- Você tem razão, não sei com quem estou lidando e apesar de não termos visto o rosto, ainda existe a possibilidade de descobrir quem foi. – O alfa se levanta, pedindo a Lara que entre. – Mas por hoje você irá descansar, há medicamento e comida, depois de ontem seu corpo precisa de um dia de descanso. – Sorriso petulante de sempre, irritante, mas que não odiava.

As janelas ficaram fechadas, trancadas com as cortinas grossas cobrindo dando um ar ainda mais escuro ao redor, cuja iluminação vinha dos castiçais e candelabros espalhados pelo quarto. Lara me ajudou a passar o medicamente em cada parte do meu corpo que estava marcada. Meus mamilos estavam com marcas de dentes e chupões, fiquei com um cheiro estranho do remédio, mas isso não me incomodava. Só me alimentei enquanto ouvia as histórias da menina. Lara era de confiança, então poderia dormir facilmente ao seu lado.

Mesmo achando que teria alguns sonhos eróticos, o que tive foi a demonstração de que poderia estar sujeito a traumas e pânico noturno. Alguém estava me perseguindo, seu corpo era maior, tenebroso, seu rosto envolvo em uma mascara assombrosa, vinha na minha direção fazendo meu corpo gelar, meus batimentos eram acelerados e o medo tomava conta da minha existência. Não importava o quanto tentasse correr, não poderia fugir, pensei que Yurick apareceria a qualquer momento para me resgatar, no entanto, parece que o pesadelo se mostrava ainda mais cruel que a própria realidade. Abri os olhos repentinamente, meu corpo estava paralisado na cama, a respiração saia ofegante, percebia sombra no canto da parede, esperanto, à espreita de qualquer oportunidade, se aproximando lentamente com a respiração calma, o frio fazia parte do ambiente. Abri a boca para gritar, mas a voz não se projeta em nenhuma circunstância. Porque meu corpo não me obedecia? A aproximação sórdida mostrava ainda mais minha vulnerabilidade. As lagrimas desciam pelo meu rosto aos poucos, até sentir algo me tocar, mas não era o assassino. O alfa estava ao meu lado na cama, tinha acabado de acordar, encarou meu corpo e meu olhar de terror. Levou a mão ao meu rosto.

O Peso da Coroa - A ascensão de Roham [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora