Não sei exatamente quanto tempo se passou, só tinha certeza de algo: não estava morto, mais do que isso, as dores no corpo eram insuportáveis, a febre me consumia, mal conseguia abrir os olhos por muito tempo, toda minha respiração estava sendo afetada, não era incomum acordar por alguns momentos ofegando, pedindo por água com a garganta seca. Por vezes achei que iria sucumbir, era difícil pensar diferente quando as dores não ajudavam. O veneno era cruel, estava disseminado no meu organismo, o que poderia fazer era esperar as ervas, os remédios, o tratamento intensivo darem algum resultado. Em ondas de frio que percorriam meu corpo as vezes acordava gritando, normalmente o rei de Roham estava ao meu lado nesses momentos. Não sabia o que se passava na cabeça de Yurick. Porém, em determinados momentos sonhava com o assassino e sua máscara de marfim. Aqueles olhos frios que me matavam lentamente mostravam a minha fragilidade e o abandono. Meu avô estava disposto a me matar para ter Neopolita, estava disposto a comprar aquela guerra às custas do seu neto.
- Seyrim? – A voz que me chamava era doce reconhecia bem. Lara estava trocando o pano da minha testa. Vendo que me mexia de maneira inquieta. – A febre baixou totalmente, há alguns dias que seu corpo já não apresenta os sintomas mais severos. – A moça me explica enquanto limpava meu pescoço do suor que havia escorrido.
- E Yurick? – Pergunto tentando parecer mais forte. No entanto, minha garganta contesta, estava seca, era difícil verbalizar sem parecer que estava guinchando. – Água. – Peço com a sensação de enfraquecimento. Mas, finalmente conseguia pensar, meu corpo não doía como se cada um dos meus ossos estivessem quebrados. Por isso vou me sentando na cama com ajuda de Lara que logo me entrega o copo d'água. Bebo o líquido tão precioso de maneira ávida, pedindo mais. Estava sedento e faminto.
- Está conversando com a General. Estão investigando o que aconteceu. O rei não quer que as informações não saiam do castelo. - A moça me entrega uma bandeja com várias frutas cortadas. Como de maneira educada mesmo que estivesse com a sensação de vazio no meu estômago. – Reforçaram a segurança com guardas Neopolitanos.
Não me sentia mais seguro com aquela informação, não sabia até que ponto o espião teria influência na guarda, principalmente se fosse ir implantando um senso de liberdade falso, fazendo as pessoas acreditarem que estariam libertando Neopolita, quando na verdade um banho de sangue ainda maior estaria aos nossos pés. Só me pergunto desde quando meu avô estava envolvido. Estava na nossa corte recebendo informações? Desde o começo da guerra ou antes disso? Apenas esperando para usufruir suas vantagens diante dos reinos que tinha influência. Apostava que desde a época de minha mãe com alguns Akasianos que vieram viver no reino. Me sentia paranoico pensando no que aquele velho poderia fazer. Porém, de algo tinha certeza, era inviável contar com Akasia. Provavelmente teria que optar por estar ao lado de Yurick naquela guerra. O lado que teria menos perdas e sangue, o lado com menos mortos para o meu povo. Meu avô era hediondo usando um plano tão baixo, esperando a população matar por minha morte, morrer diante de algo que acreditariam ser obra de Roham. Era apenas decepcionante.
- Lara, você pode ir. – Estava tão absorto em pensamentos que não notei o mais velho entrar no quarto. A moça saiu fazendo uma reverência na minha direção. Yurick andando até mim se sentando ao meu lado na cama, levando as mãos até meus cabelos, deslizando os dedos em um afago até minha testa, vendo se estava com febre. O gesto simples me fez sentir vergonha. Estava tão mal assim? Meu coração estava abalado por causa da vulnerabilidade causada pelo meu estado de saúde, só isso explicava porque meu peito doía.
- Meu avô tentou me matar, Yurick. – Brinquei com a uva na ponta do dedo antes de levar até minha boca. – A Carta que escrevi era um pedido de ajuda a minha mãe. Não imaginei que esse homem estivesse tão infiltrado nos reinos, mais do que infiltrado, está tentando causar um caos em toda a cidade, causando mortes desnecessárias usando o próprio neto para incitar a revolta das pessoas pelo sentimento de perda e vergonha. – Como mais alguns frutos, assim que termino deixo o prato de lado. Voltando o olhar na direção de Yurick.
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O Peso da Coroa - A ascensão de Roham [Completa]
Fiksi PenggemarO príncipe ômega Seyrim que precisa se sujeitar a um casamento político obrigado pelo Rei que subjugou seu país com o exercito mais poderoso e implacável do continente. O que lhe resta é lutar pela própria liberdade ou aceitar o destino