Capítulo 05 - Um sopro de liberdade

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O frio se fazia presente, os ventos vindos Oeste chegaram mais rápido do que o previsto, infelizmente os dias pareciam passar com velocidade anormal mesmo sabendo que aquilo era apenas algo projetado pela minha mente por causa do dia do grande casamento que foi anunciado em toda Neopolita, indicando o rendimento e a subserviência da minha família diante do novo rei imperador dessas terras. Ainda era difícil engolir meu orgulho, mesmo que estivesse auxiliando Yurick a aprender o idioma do meu avô, dando alguns conselhos sobre estratégias de guerra. O Rei era rápido em aprender, isso era impressionante, aprendeu todo o alfabeto em pouco tempo, além de inteligente, era extremamente perigoso, poderia absorver todo o conteúdo em pouco tempo. O que seria feito depois? De alguma forma estava apreciando nossas aulas, porque era quem estava passando o conhecimento, poderia ter duas horas por dia para me sentir um pouco superior.

- Porque está atrasado? – O esperava a meia hora na biblioteca enquanto ficava devaneando encarando a janela que estava aberta, entrando o vento frio, passando a mão no livro aberto.

- Resolvendo alguns problemas. – Yurick soltando um bocejo mal educado enquanto se senta na minha frente. Fazia alguns dias que o alfa não dormia bem, estava acordando pelas noites e saindo do quarto procurando algo. Poderia ser o batedor que enviou há duas semanas com algumas de suas tropas, no entanto, duvidava que algo assim lhe perturbasse tão profundamente, no final eram apenas alguns soldados que estavam verificando o terreno, poucas pessoas sabiam do assalto na direção da floresta.

- O que está acontecendo? Toda vez que sai da cama para andar pelos corredores como fantasma incomoda as pessoas e os guardas. Acha que os empregados vêm reclamar para quem quando há algum problema como esse? – Sim, não sabia porque tinha que cuidar de problemas menores. Os soldados, os servos, as pessoas que circulavam no castelo vinham até mim para resolver questões como cozinha, deposito, despensa, estabulo, fantasmas, armaduras. Isso ficava com a intendente que precisava cuidar desses pormenores. – Troque essa mulher de cargo, senão irei ficar sobrecarregado. – Além da educação do homem a minha frente, precisava tratar do casamento e das reclamações do povo, não poderia apenas deixar que algo mais administrativo dentro do palácio me sobrecarregasse. – Essa mulher é assustadora e não consegue falar algo a alguém sem lhes ameaçar, por isso que veem correndo até mim como se tivesse que me responsabilizar por isso.

- Compreendo sua fala, mas Mafalda é de minha total e inteira confiança, com o tempo verão que não é tão ruim quanto dizem. – Yurick sorriu de maneira divertida desviando o assunto principal.

- Creio que quando Mafalda parar de ameaçar os outros com uma navalha poderá ser bem mais simpática, Yurick. – Levo a mão a têmpora. Sabia que as pessoas viam em mim uma figura carismática, de confiança, porém, ter mais funções do que aguentaria não era divertido. Nem sei porque estava tratando desse casamento. O Buffet, as roupas, a estampa, quem conhecia a cultura era o alfa. Porém, sabia que estava fazendo aquilo para me ensinar como tudo em seu reino funcionava, porque tinha que pesquisar e de maneira profunda para não errar em nada, deixar tudo perfeito e impecável. Então estava tendo longas conversas com a anciã que veio na comitiva da semana passada, estava me instruindo, como agir, como me comportar, o que dizer na cerimônia final, a dança que teria que fazer sozinho no meio de todas aquelas pessoas. A pressão era enorme.

- Não mude de assunto, apenas diga porque você está tão perturbado. – Sabia que tinha grande chance do alfa não dizer nada. Levo a mão até o livro de línguas, o fechando. Acariciando a capa por alguns momentos, nervoso por achar que Yurick apenas dizer que o problema não era meu, de fato tinha razão.

O Peso da Coroa - A ascensão de Roham [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora