Capítulo 46

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Hellooo Beloveds

Boa leitura!
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POV BRUNNA

Muitas vezes criamos expectativas em algo que não saberíamos lidar com as consequências que estariam por vir. Nos submetemos a deixar alguns medos, inseguranças, receios tomar conta de nós por alguma coisa que não imaginamos se daria certo ou não. Porque nos submetemos a sofrer por alguma coisa que ainda não aconteceu? Para que depositamos esperanças naquilo que não podem acontecer? Poupamos os nossos corações do sofrimento evitando as expectativas excessivas. Poderemos acreditar no quanto menos nós esperarmos das outras pessoas, menos nos decepcionamos.

Eram as incontáveis vezes que Ludmilla me abordava seja na mesa do café da manhã, no almoço, na janta, no meu trabalho, e muitas das vezes quando íamos dormir sobre o assunto, filho. Em todas elas, eram as mesmas respostas de sempre. "Vamos pensar bem sobre esse assunto". "Amor, deixemos para discutir sobre isso outro dia". "Não estou preparada". Expectativas, foi o que ela e nossa garotinha depositaram em mim. E eu sempre contestava em cima.

Até em uma certa noite, em uma conversa que tive com a minha mãe ao telefone, que me fez parar para pensar e refletir. Porque não? Somos casadas, nos amamos, ela era a mulher da minha vida, temos uma família linda, e bem sucedida. Porque deixar o medo e as inseguranças falarem mais alto, se o pior nós já passamos e superamos?

Depois dessa longa conversa, basicamente dois meses atrás procurei por meu ginecologista para fazer todo o procedimento para engravidar. Retirei o DIU, e com algumas orientações de Renatinho, segui com todos os seus regimentos, e aqui estou eu, grávida novamente, de seis semanas. O convite para o programa foi meu ponto chave para fazer essa pequena surpresa a minha esposa. Foi tudo pensado e calculado milimetricamente.

Assim que deixei minha filha e minha esposa no aeroporto, uma hora depois estava levantando voo em meu jatinho particular para o Brasil. Fernanda com todo seu carisma, me ofereceu sua casa para me hospedar até o momento em que iria para a sede do programa. Toda nossa família sabia da minha gravidez, e quando falei sobre, meu pai e meu sogro só faltaram pular de uma ponte de tanta felicidade que transbordaram deles, sabendo da mais nova notícia.

Após a surpresa que fiz para minha esposa no programa que se encerrou logo em seguida. Resolvemos nos unir nos bastidores e conversar sobre coisas aleatórias. Eu já havia conhecido todos eles bem antes de Ludmilla, o que foi uma grande surpresa para ela que não desconfiou de nada. Também não demoramos ali, depois de lhe confessar que eu estava cansada e sobrecarregada com a viagem, não demorando para nos despedirmos de todos eles e agradecendo Fernanda pelo convite.

Um dos nossos seguranças já estavam à nossa espera quando pisamos para fora daquele prédio. Quando chegamos em casa, já era um pouco tarde da noite, o que deixou um pouco chateada por não ter conseguido pegar minha filhota acordada. Deixei um beijo casto em seu rostinho sereno antes de caminhar para o banheiro, precisava muito de um banho.

Encontrei minha esposa sentada na cama com as costas apoiadas na cabeceira, e conhecendo ela muito bem, eu já sabia o que ela queria. Relatei sobre tudo para com ela, desde a conversa com minha mãe até a decisão que havia tomado, e ali, minha esposa chorou de verdade. Chorou igual uma criança. Puxei ela para que deitasse com a cabeça em uma de minhas coxas e iniciei uma carícia em suas madeixas enquanto relatava todo o processo da minha gravidez. Sua respiração estava alterada devido os grossos soluços que ela deixava escapar por conta dos espasmos que ela soltava. E foi ali, em nosso quarto, juntamente a nossa filha que estava dormindo tranquilamente, que eu descobri ter feito a melhor escolha de minha vida. Nossa família estava aumentando, e mais um Gonçalves Oliveira estava se preparando para vir ao mundo.

Dormir não foi muito difícil naquela noite. Mas infelizmente acordei bem mais cedo do que o inesperado, devido à grande ardência que se formou em minha garganta. Parecia que iria começar tudo de novo, mas dessa vez eu já estava preparada. Levantei da cama rapidamente, chegando a tempo de cair sobre meus joelhos no pé do vaso e colocar para fora tudo o que havia comido na janta da noite anterior. Quando penso que não poderia melhorar, sinto mãos afagarem meus cabelos juntando-os no topo de minha cabeça enquanto a sua outra segurava minha testa para que não batesse com ela no vaso.

- Shhh ... - afagou minhas costas carinhosamente quando não havia mais nada para ser vomitado - Consegue levantar? - perguntou o que apenas neguei com a cabeça sentindo uma leve tontura com tal ato. Como se era de esperar, senti um de seus braços fortes deslizarem pela parte detrás dos meus joelhos me ajustando melhor antes de me levantar do chão quando seu braço direito circundou minhas costas.

Meu estômago estava queimando, o gosto do ácido chicoteando minha garganta deixando-me incômoda com aquilo. Ludmilla me pôs em cima da banqueta da pia, e com toda sua paciência, pegou minha escova de dente e me entregando quando ela fez uma fileira de pasta na mesma. Agradeci antes de pegá-la e fazer toda a higienização bucal.

- Obrigada - agradeci com a voz rouca pela ardência em minha faringe.

- Você está pálida, não quer ir no hospital? - perguntou na qual neguei com a cabeça enquanto sentia suas mãos acariciarem minhas bochechas - Se você não estiver se sentindo bem, nós vamos embora agora mesmo, e marcamos uma consulta com o Renatinho - se apressou em dizer caminhando em direção a nossa banheira e ligando o registro para enchê-la.

- Está tudo bem, Cariño. Eu já havia deixado uma consulta marcada para quando voltássemos de viagem - garanti sentindo seus braços me circundarem outra vez antes de me carregar para a banheira.

- Não esconda nada de mim, meu anjo, não se acanhe em falar o que está sentindo - pediu beijando minha testa o que me fez soltar um gemido satisfatório quando ela me aninhou no meio de suas pernas sentindo a água morna relaxarem os meus músculos.

- Não se preocupe tanto, meu amor, esqueceu que já passei por isso? - indaguei soltando uma risada anasalada, repousando minha cabeça em um de seus ombros.

- Eu sou uma pessoa desatenta, Bru, como fui burra em não adivinhar as suas mudanças de temperamento, eu sou uma péssima esposa - suspirou em meu ouvido e imediatamente me virei de modo que ficasse de frente para ela agarrando suas duas bochechas com minhas mãos.

- Nunca mais, está me ouvindo? Nunca mais repita algo parecido. Você é uma esposa maravilhosa, a melhor em todos os aspectos. Eu não admito você se auto diminuir por bobagens, encare os fatos, meu amor, eu estou grávida, faz parte do ciclo eu passar por todas as fases que uma gravidez exige - selei nossos lábios em um selinho demorado voltando a posição que estava antes - Eu te amo, Ludmilla, não se esqueça disso, mas se você falar isso novamente, irei privá-la de nunca mais ter filhos - asseverei dando para ouvir o barulho de sua garganta se movendo quando senti seu corpo se enrijecer atrás de mim.

- Me perdoe - pediu baixinho iniciando uma carícia ao redor de meus seios. Amava sentir seus toques em meu corpo.

- Ainda precisamos dar a notícia para nossa filhota. Como ela está? - perguntei fechando os olhos apreciando de sua massagem.

- Hum, insegura. Por mais que ela seja uma criança, eu sei que ela ainda está confusa - confessou e eu sabia muito bem do que ela estava dizendo.

Quando eu fiquei grávida de Chloe, desde o início de minha gravidez, Renatinho, sempre me afirmou de que era uma menina. Mas as probabilidades de nascer com as mesmas idiossincrasias de Ludmilla, não eram nulas. Mesmo os exames que eu havia feito para descobrir o sexo do bebê no segundo mês gestacional apontando ser uma menina, devido os cromossomos sexuais XX. Minha filhota realmente é uma menininha, nunca enxerguei ao contrário. Durante os meses em que estava grávida, eu não segui completamente com as ultrassonografias corretamente, por este fato é que só descobrimos que ela era intersexual quando ela nasceu.

Como eu e minha esposa éramos muito reservadas, por esse motivo e outros é que não tocávamos nesse assunto com ninguém. Apenas nossa família e amigos que sabiam sobre as condições de minha filha, mais ninguém. Ludmilla e eu, desde sempre viemos falando sobre esse assunto com Chloe, explicando tudo o que ela queria saber. Nossa filha sabia muito bem o que era uma vagina e um pênis, suas diferenças e as funcionalidades. Não escondemos nada dela, explicando e deixando sempre às claras, para que em um futuro próximo ela não se confundisse sobre sua orientação sexual.

Eu agradeço imensamente a Deus, por minha filha ter uma mente aberta sobre esses tipos de assuntos. Conforme ela ia crescendo, suas passagens por seu pediatra ficavam cada vez mais ausentes. Renatinho, fazia questão de sempre manter minha menininha com seus exames rotineiros em dia. Em uma consulta com ele, para saber mais sobre o caso de minha filha, que segundo Ludmilla, passou pelos mesmos procedimentos quando mais nova, o obstetra pediu um exame para saber se Chloe era fértil ou não. E como poderíamos imaginar, mesmo que as chances seriam mínimas, ela era opimo.

- Isso são os mínimos detalhes, Cielo. Chloe é muito nova para poder assimilar as inúmeras questões que surgem em sua cabecinha.

- Eu sei, só não quero que ela fique sobrecarregada demais - suspirou audivelmente quando senti sua respiração bater contra meu pescoço.

- Mommy ... - ouvi a voz rouquinha de minha filha quando ela apareceu na porta do banheiro coçando os olhinhos - Mosi? - perguntou ela tentando arquear uma de suas sobrancelhas em sinal claro de confusão.

- Eu mesma - respondi abrindo um sorriso quando ela ainda continuava parada na porta me encarando.

- Eu vou voltar a dormir, porque acho que estou sonhando - apontou para o quarto um pouco desnorteada saindo de nossas vistas.

- Ela é estranha ... Aí, Bru - resmungou Ludmilla quando acertei um tapa em sua cabeça.

- Não chame nossa filha de estranha - adverti me levantando da banheira e me enrolando em uma toalha antes de sair daquele cômodo e encontrando minha bolinha deitada na cama novamente de barriga para cima enquanto tamborilava os dedos sobre a mesma - Ei - chamei notando-a fitar o teto perdida em seus pensamentos.

- Você não é minha, Mosi. É apenas coisa da minha cabeça, e eu estou delirando - passou a mão por sua testa sem ao menos me encarar.

- Para com isso, Chloe, claro que sou eu - sorri pegando-a no colo antes de encher seu rostinho de beijos.

- Você é a minha, Mosi? - perguntou me encarando na qual eu concordei com a cabeça - E eu não estou delirando? - voltou a perguntar enquanto me limitava a negar com a cabeça - Hum, eu senti a sua falta, mãe – "Mãe", era a primeira vez que ela me chamou de mãe desde o seu nascimento. No início, quando ela aprendeu a falar, ela sempre me chamava de "Mama", ou "Ma". Mas, com o tempo ela me apelidou por "Mosi" alegando que todo mundo chamava as mães de "Mãe" ou "Mamãe", segundo ela, queria um nome exclusivo, e pelo visto encontrou, pois daquele dia em diante, só me chamava por ele.

- Eu também senti a sua falta, pedaço meu - sorri apertando ela ainda mais em meus braços sentindo seu cheirinho de bebê - Eu e sua Mommy temos uma notícia para te dar - contei tendo agora seus olhos curiosos sobre mim.

- O quê? - perguntou franzindo a testa onde passei meus dedos desmanchando aquele ato. Olhei para Ludmilla que estava com os ombros escorados no batente da porta, não me dando conta de que ela estava usando uma cueca box preta e um top da mesma cor.

- Bom dia, pimentinha - desejou ela se acomodando na cama de frente para nós.

- Dia Mommy - sorriu beijando suas bochechas.

- Filha, lembra daquele assunto que eu e você sempre conversávamos todas as noites? - questionou minha esposa encarando nossa filha que estava com uma expressão contrariada tentando se lembrar de algo - Sobre você ter um irmãozinho ou uma irmãzinha? - prosseguiu quando Chloe permaneceu em silêncio e como se uma luz iluminasse sua cabeça a mesma não demorou para alargar um sorriso antes de concordar.

- Eu lembro, Mommy. Lembro quando fomos para o telhado de casa, e você disse para eu fazer um pedido quando vimos uma estrela cadente - concordou como se estivesse lembrando de algo - Eu pedi um irmãozinho - sussurrou no ouvido de minha esposa para que só ela escutasse.

- Eu acho que o seu pedido foi concebido - alegou ela com seus olhinhos brilhantes enquanto encarava nossa filha nostálgica - Você terá um irmãozinho, ou uma irmãzinha - contou não contendo a felicidade em suas palavras. Minha filha continuava encarando sua outra mãe com um olhar de "Sério mesmo?" como se não acreditasse no que tinha acabado de ouvir.

- Mosi - saiu ela de seus devaneios direcionando seu olhar para mim o que apenas concordei com a cabeça para as suas desconfianças - Irmãozinho, é? - perguntou ainda atônita com aquela novidade - Oxe, porque vocês estão me olhando como duas retardadas? - perguntou apontando para mim e Ludmilla.

- Chloe - chamei-a abrindo meu sorriso mais perverso, contando até dez para não dar um tapas nela - Repita essa palavra novamente e a última coisa que você irá ver será o seu irmão - adverti vendo-a arregalar os olhos.

- Está na TPM, Mosi? - perguntou saindo de fininho da cama enquanto Ludmilla tentava segurar o riso.

- Olha aqui sua nega de uma figa, eu capo você em, Chloe, você não me testa - repreendi olhando feio para minha esposa quando ela não conseguiu mais segurar a risada.

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