Hanna havia sumido. Insisti em procurarmos por ela. Sempre nos encontrávamos na cafeteria após a aula, contudo hoje recebemos uma mensagem desmarcando o encontro que dizia: "Não poderei ir. Há assuntos pendentes que preciso resolver." Não entendi isso de "assuntos pendentes." Como Hanna pode ter "assuntos pendentes" que nós não sabemos quais são? Fiquei preocupada instantaneamente. Mine tem uma filosofia de vida que privacidade e espaço pessoal são coisas muito importantes, não gosta que as pessoas intrometam-se nas coisas que está fazendo e por isso também não questiona e nem da palpite em nossos assuntos pessoais, a menos que seja algo de suma importância. Como Hanna não disse com o que está se envolvendo Mine apenas respondeu a mensagem com: "Tudo bem. Vou para casa, quando chegar me liga." Eu não consigo ter essa plenitude. Resolvi checar o que Hanna estava fazendo.
Encontra-la foi algo de fato muito mais complexo do que esperava. Hanna havia estado em vários lugares entre as aulas. A primeira informação que obtive foi de Tom.
- A Hanna? Sim, eu a vi hoje antes da aula. - Tom diz com aquele sorriso caloroso mostrando todos os dentes brancos. - Ela pediu uns três vasos de flores há algumas semanas e veio buscá-los hoje. - Ela não é de acordar cedo. porém hoje levantou antes de todo mundo e veio buscar vasos de flores? - Por que quer saber? - Tom estava apoiado em uma bancada de madeira coberta de húmus e diz isso se inclinando em minha direção. Dou passos para trás instintivamente.
- Por nada. É que ela sumiu, então estou coletando informações. - Digo e logo algo me parece estranhamente familiar - Tom, ela queria vasos de quais flores?
- Orquídeas. Por que? Mas pediu para que eu tirasse as flores antes de sair daqui. - Parece notar algo. - Sua amiga estressada não está te ajudando ?
- A Mine? Não... ela acha que Hanna não vai se meter em confusão. Deve estar indo para casa agora.
- Entendi. Mais alguma coisa ? Estou ao seu dispor. - Tom, pisca ambos os olhos verdes e fico levemente hipnotizada por alguns segundo antes de responder.
- Ah... não, nada. - Sorrio. - Vou procurar a Hanna. Até semana que vem. - Me despeço de Tom meio sem jeito, estou começando a não saber como agir perto dele.
"Para com essa maluquice."
Bato com as mãos em ambas a bochechas bem forte como se isso fosse me despertar para a realidade. "Vamos focar em encontrar Hanna, pensar em garotos nunca é a melhor opção." Mesmo que o garoto seja praticamente perfeito...
Não quero descrever todos os lugares pelos quais passei procurando por Hanna, pois se fizesse tal coisa esse capítulo teria 1000 páginas, apenas relatei meu encontro com Tom porque... Bom a questão é que vamos resumir. Hanna estava se consultando com a nutricionista da faculdade, com a psicóloga, frequentando a acadêmia e realizando treinos de arremesso de cestas com o time júnior de basquete. Não é novidade que ela é uma pessoa levemente aleatória, entretanto isso já está ficando maluco demais.
- Deixa eu ver... ela pegou uma das bolas emprestado há alguns minutos e saiu. Acho que ia ao estacionamento praticar, ou coisa assim. - Fredie era um cara do time de basquete que parecia ter certa dificuldade em lembrar das coisas. - É foi só isso. Pode pedir para ela vir entregar a bola amanhã? Nós já estamos indo embora.
- Ok, eu digo. - Falo saindo e praticamente correndo em direção ao estacionamento.
Eu tenho um físico bom na verdade, no entanto correr até lá me cansou um pouco, uma vez que fiz isso o mais rápido que eu pude. Olho em volta procurando a primeira pessoa de cabelos loiros que meus olhos consigam capturar, até agora nada. Começo a vagar em meio aos carros em busca de Hanna que parece ter evaporado. "Se eu a encontrar irei mata-la". Quando começo a pensar que ela talvez não esteja ali. Hanna passa por mim com roupa de ginástica e segurando uma bola de basquete. Tom e Mine passam logo em seguia como se tivessem a intensão de deixa a vista ainda mais estranha. Sigo o grupo que se dirige para o estacionamento de motos. Hanna não corre muito rápido, ela tem pernas curtas e está segurando peso, de forma que assim que para de correr todos nós nos encontramos atrás dela. Estou prestes a gritar seu nome quando ouço pela primeira vez na vida Hanna gritar o nome de alguém com ódio.
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Azul é Verde e Vermelho
RomanceHana, Mine e Isa não poderiam estar em um momento mais feliz de suas vidas. Estudantes populares do ensino médio com o status perfeito e fundadoras de uma escola de dança chamada Baby Dolls, as meninas têm o sonho de ingressar na faculdade dos sonh...