Capítulo 6 - O MISTERIOSO CORAÇÃO DO GAROTO

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CAPÍTULO 6

A partir daquele dia, as coisas ficaram... Estranhas.

Para começar, acordei com o celular tocando de forma insistente. Quando atendi, Mia berrava do outro lado da linha.

– Você pode me explicar o que diabos você está fazendo com a minha vida?

– O quê? – murmurei, ainda sonolenta. – Pensei que já tivesse me passado esse sermão anteontem.

Outra vez? Ninguém merece.

– Meu Deus, as vezes você é muito estúpida – ela grunhiu. – Olhe a rede social da São Valentim, agora. Depois me explique o que está acontecendo. Será melhor que você ter uma ótima desculpa, caso contrário já pode ir preparando seu enterro. – E então ela desligou na minha cara.

Tão carinhosa.

Confusa, entrei na rede social de fofocas da São Valentim através do celular. A notícia mais recente havia sido postada naquela madrugada.

Para o meu espanto, lá estava eu outra vez: protagonizando outro escândalo.

Era uma foto minha entrando no carro do Feron. Apesar de embaçada e escura, dava para notar o meu perfil – inconfundível. A placa do carro do Feron também era visível; ninguém mais na São Valentim tinha um Range Rover preto.

A postagem era anônima. Na legenda, uma chamada polêmica: Mia Santorini e Felipe Feron ontem à noite, sozinhos. Tirem suas próprias conclusões.

Os comentários eram cruéis.

Thales vai perder para o Feron outra vez.

O Feron quer tudo o que é do amigo.

A Santorini é uma oportunista. Agora que o comandante chegou, ela não vai querer ficar com um mero soldado.

Larguei o celular, indignada. Então nós não estávamos sozinhos ontem – havia alguém observando; provavelmente um aluno fofoqueiro.

Droga, suspirei. Minha vida estava ficando mais complicada do que eu esperava. Mandei uma mensagem para Mia explicando que aquilo havia sido uma coincidência. Também mandei uma mensagem para o Thales, dizendo: não é o que você pensa, eu posso explicar. O Feron só me deu uma carona.

Quando cheguei à faculdade, Vívian e Antonela me esperavam no banco de sempre, no gramado.

Antonela me entregou o copo de café e foi direto ao ponto.

– Você vai explicar, ou teremos que arrancar a resposta de você?

Suspirei de cansaço mental. Sentei-me no banco e expliquei a coincidência para elas.

Feron propôs uma trégua passageira – e só.

– Humm... Tudo bem então – Vívian aceitou, bebericando seu café. – Vamos acreditar em você. Na verdade, era uma especulação estúpida mesmo; um envolvimento entre vocês não tem fundamento. O Feron quer te matar, não te beijar.

– Pois é – concordei (embora não acreditasse nas minhas próprias palavras). Até ontem, eu também pensava que Feron me odiava. Mas hoje já não tenho tanta certeza – por mais absurdo que fosse. Dei de ombros. – Eu acho que ele só está querendo reconquistar a confiança do Thales. Foi o único motivo para ele ter sido gentil comigo.

– Pois é, mas agora as fofocas se espalharam... Feron e gentileza são duas palavras que não cabem na mesma frase. Os alunos daqui vão pensar besteira.

Príncipes PerversosOnde histórias criam vida. Descubra agora