Capítulo 8 - O COMANDANTE EM DESTROÇOS

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CAPÍTULO 8

Na segunda feira de manhã, não pude mais evitar as ligações da Mia.

Ela estava certa, afinal... Eu tinha errado feio.

Minha gêmea não aceitou muito bem meu pequeno, hã, vexame. Evidentemente, ela acompanhou as notícias sobre a festa na rede social da São Valentim. No final das contas, depois de um longo sermão e alguns berros consideráveis, ela me brindou com algumas ordens finais (que não seriam nada fáceis de cumprir).

Mia não aceitava perder seu passe de ouro: Thales Mourão.

Embora Feron fosse mais rico e mais popular, Mia não confiava nele. Ele era um libertino lendário: volúvel, e não sabia manter relacionamentos sérios. Era um homem historicamente complicado de se lidar.

Problemático, polêmico e estragado.

Além do mais, Thales a presenteava com toda a liberdade que uma garota como ela – que adorava pular a cerca – precisava.

Já Feron não seria tão estúpido assim. Quando queria, o garoto podia ser dominador demais – e Mia não gostava de arreios.

Suas ordens finais foram claras: fique longe de Felipe Feron. A partir de agora, você está proibida de dirigir qualquer palavra a ele.

Quando perguntei sobre o que faríamos a respeito de Thales, ela foi curta e grossa.

– Se vire. Você estragou o meu namoro, então você mesma irá consertá-lo. Eu não sou sua mamãe para te dar conselhos, então dê o seu jeito. Nós temos um acordo, e será melhor que você cumpra.

Em seguida, desligou. Muito dócil.

Dessa vez, ela tinha se irritado de verdade.

Também tive que responder as mensagens das minhas amigas.

Vívian e Antonela queriam saber se eu estava bem, como cheguei em casa naquela noite, se o Feron realmente cuidou de mim com atenção e respeito... Elas também se desculparam. As duas tinham ingerido álcool demais, e não estavam em condições de me ajudar na ocasião.

Elas só ficaram sabendo do acontecido horas depois.

Meu discurso estava pronto (um discurso falso, é claro).

Expliquei para elas que, naquela noite, eu estava sob o efeito de uma droga. Logo, nada do que havia saído da minha boca possuía qualquer sentido. E não, eu não ruminava sentimentos secretos pelo Feron – apenas estava dominava pelo delírio do êxtase. Nada além. Poderia muito bem ter me autodeclarado um Power Ranger, no lugar de chamar por Feron (vez que eu estava fora de mim).

As duas acreditaram – ou fingiram que acreditaram. Não queriam me pressionar.

Mas eu sabia que, em algum momento, elas me cobrariam a verdade; eram perceptivas demais. Não sabia até quando conseguiria esconder meus... Sentimentos.

Sim, sentimentos. Sempre fui uma garota reclusa e sem amigos, e não possuía nenhuma experiência de vida. Todavia, a mera lembrança do Feron me causava um frenesi de adrenalina nas veias – e até eu sabia que essa reação tinha uma razão de ser.

Uma verdade inconveniente; eu não queria admitir, porque causaria uma confusão.

O garoto tinha razão: você sabe sim, só que é loucura demais para admitir. E causaria o caos.

A hora de ir para a São Valentim chegou. Suspirei, pois não seria fácil.

Me arrumei rapidamente e desci para o primeiro andar. A chave do carro da Mia estava sumida – mas não preocupei (pelo menos por enquanto). Naquela noite, eu pretendia revirar o quarto; eventualmente, acabaria encontrando-a dentro de alguma das centenas de bolsas da Mia.

Príncipes PerversosOnde histórias criam vida. Descubra agora