Capítulo 12 - ALGUÉM SABE O QUE FIZEMOS

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CAPÍTULO 12

Ao lado do corpo morto, o fantasma de Maria Ísis apareceu.

Ela continha uma luz translúcida e azulada, parecendo desnorteada. Olhava para o seu corpo no chão, olhos arregalados – sem acreditar no que havia acontecido.

– O que aconteceu comigo? – arfou. – O que aconteceu comigo?! – gritou em desespero, mas ninguém podia ouvi-la. Aquilo partiu meu coração.

Mas como eu estava cercada de gente, não pude fazer contato com ela (ou todos pensariam que eu era louca).

Além disso, naquele momento o diretor da São Valentim chegou correndo, e nos mandou sair da cafeteria; ele já havia chamado as autoridades. As aulas, obviamente, foram suspensas pelo resto do dia.

Feron me levou para a casa em seu carro. No caminho de volta para casa, o garoto estranhou meu silêncio. Eu disse a ele que nunca tinha visto uma pessoa morrer bem na minha frente, e por isso me encontrava abalada. Ele acreditou (afinal, não possuía motivos para desconfiar de mim).

Mas essa não era a verdade. Não me encontrava em choque – eu via almas penadas há anos, pelo amor de Deus.

Um corpo morto não era nada para mim.

No entanto, de uma coisa eu tinha certeza: a morte de Maria Ísis não fora acidental (e isso me deixava aterrorizada). Todos pensavam que ela havia morrido por meios naturais, mas eu tinha certeza do contrário. Aquilo era obra do assassino secreto. Em breve, o laudo pericial mostraria a causa da morte – e então eu teria minha resposta.

A mensagem perturbadora ainda pairava em minha mente. O assassino não estava de brincadeira: duas garotas da lista já haviam morrido; só faltavam três, e eu era uma delas. Perguntei-me se não era a hora de contar tudo para a Mia... Talvez ela pudesse ajudar.

Não sabia muito bem por que ainda não havia contado o fato para minha gêmea. Talvez porque não quisesse desesperá-la, antes de obter provas concretas. Até então, a lista era apenas uma especulação; mas com a morte de Maria Ísis não dava mais para ignorar o fato.

Quando Feron estacionou na frente da minha casa, eu desafivelei o cinto e ele me puxou para seus braços. Dentro do seu abraço era quente e confortável.

Ele murmurou.

– Não fique espantada, ok? Pessoas morrem todos os dias... Pode acontecer com qualquer um.

– Ok... Eu vou ficar bem.

Ele se afastou.

– Bom... Amanhã à noite eu te levarei à um lugar.

– Ai, meu Deus... Vindo de você, devo ficar com medo. E qual seria esse lugar?

Ele ergueu as sobrancelhas, atrevido.

– Só indo para saber.

Bufei.

– Você é cheio de mistérios.

Ele soltou um riso lateral enigmático.

– Não viu nada ainda, Santorini.

Nós nos despedimos e eu observei o garoto partir. Entrei em casa, ainda extasiada pelo cheiro dele – que penetrara em minha pele, inebriante. Nada no mundo poderia se comparar.

Como Tomás e Stela ainda estavam no trabalho, fui direto para o meu quarto, tomei um banho e relaxei na frente da Tv. Contudo, quando a noite caiu meu celular apitou – mostrando uma mensagem de um número desconhecido.

Príncipes PerversosOnde histórias criam vida. Descubra agora