Capítulo 5 - O AMOR QUE NÃO QUERIAM

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CAPÍTULO 5

Mostrei para Nicole a mensagem misteriosa que eu havia recebido.

Nós conversávamos, sentadas na cama da Mia. Se alguém chegasse agora, pensaria que eu era algum tipo de louca – sentada na cama, falando sozinha.

– Eu também recebi essa mensagem – Nicole olhava para a tela do meu celular, testa vincada. – Recebi uma mensagem com a lista mais cedo. Se você também recebeu, é provável que também tenha sido enviada para as outras meninas da lista. Nós temos um inimigo em comum.

– Vamos conversar com elas e descobrir.

Nicole cruzou os braços, me encarando.

Pigarreei.

– Aliás, eu vou conversar com elas. – Nicole estava morta demais para qualquer debate em grupo. – Você conhece alguma delas?

– Só de vista. Você pode contatá-las através da caixa de mensagens das suas redes sociais. É só procurar: Pietra de Bragança, Maria Ísis Cavalcanti e Pilar Monferrari.

Ah, que ótimo. A Pilar: arqui-inimiga da minha gêmea. Seria um bate-papo maravilhoso.

– Você não lembra nada mesmo sobre o momento da sua morte? – perguntei outra vez.

Fantasmas sempre esqueciam o momento de suas mortes, se essas tivessem sido muito traumáticas. Aprendi isso da pior forma possível ao longo dos anos.

– Não – ela reafirmou. – Saí da palestra de Direito Penal mais cedo, estava com enxaqueca. Fui pegar meu carro no estacionamento: aquele da ala oeste, perto da biblioteca. Ele é o mais vazio. Estava escuro e já era bem tarde, não tinha ninguém por perto. Ouvi passos atrás de mim, mas quando me virei, alguém me acertou bem na cabeça. Parecia um pedaço de pau. Depois disso, desmaiei e não vi mais nada. Só lembro de ter acordado do lado do meu corpo enforcado, sem entender porque diabos eu estava pendurada ali. Seminua e espancada.

Engoli em seco; foi realmente brutal.

– Mas e sobre todos aqueles machucados no seu corpo? Pensei que seriam evidências de uma luta.

– Não houve luta; ele deve ter me espancado depois de me apagar. Essa pessoa deve ter muita raiva de mim. Não queria só me matar... Queria me destruir da forma mais cruel possível. – Ela suspirou, massageando as têmporas; a expressão destruída. – Uma hora dessas deve estar acontecendo meu velório. Coitada da minha mãe... – uma lágrima desceu pelo seu rosto.

Eu sabia que Nicole não tinha muito mais lágrimas para chorar. As olheiras embaixo de seus olhos denunciavam: o fantasma já havia chorado demais.

Aquilo tocou meu coração, pois era sempre muito triste vê-los sofrendo.

Peguei sua mão; ela era gelada e tinha uma textura estranha.

– Nós vamos pegar esse maldito, Nicole, eu te prometo. Ele vai pagar pelo que fez.

Nicole suspirou, desviando os olhos. Ela era uma garota muito séria e sensata, e não gostava de chorar na frente dos outros.

– À essa altura, eles já fizeram o exame de corpo de delito. Mas eu duvido que o assassino tenha sido burro o suficiente para deixar evidências para trás. Daqui a pouco a polícia vai instaurar um inquérito para investigar o caso. Eles já devem ter visto as mensagens no meu celular... Com certeza farão a conexão. É possível que você e as outras três meninas sejam chamadas para prestar depoimento na delegacia. Afinal, o nome de vocês também está naquela lista.

Príncipes PerversosOnde histórias criam vida. Descubra agora