O6: Finalmente livre... ou não

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"Tudo o que começa com raiva, acaba em vergonha." — Benjamin Franklin.

— KARLA CAMILA!!! — uma maluca separou nós duas em um movimento brusco, e então acordei para a realidade. Eu estava livre! — O que significa isso?

— Significa que eu estou livre! Livre! — olhei para as duas e comecei a saltitar. Eu estava muito emocionada. — Obrigada! Obrigada, Camila! Eu te amo. — apertei as bochechas dela e sai correndo pela areia. — ESTOU LIVREEEEE!

A garota e Camila tentaram me chamar, mas ignorei totalmente, estava feliz demais para me importar.

Sai correndo pela areia animada e contente. E como se o destino estivesse conspirando ao meu favor, do outro lado na mesma direção vinha um homem musculoso com os cabelos molhados. Olhei para ele e sorri, era nítida a minha felicidade, ele continuou correndo em minha direção e eu na sua. Esse era o momento: finalmente conseguiria sair com alguém.

Porém, como nem tudo é um mar de rosas, tropecei nos meus próprios pés e antes que pudesse fazer algo para impedir, meu rosto estava enfiado na areia e já havia ralado as mãos e os joelhos. Não consigo acreditar, estava quase me aproximando de alguém e cai de cara na areia. Que sorte é essa!?

Podia ouvir as risadinhas das pessoas a minha volta e foi então que a garota que acompanhava Camila, resolveu aproximar-se de mim e começou a falar mais do que a própria boca. Malmente conseguia erguer o rosto, estava tudo ardendo, os joelhos, as mãos, e principalmente os olhos, sem contar o gosto horrível na boca. 

— Quem é você para sair beijando pessoas comprometidas? — ela perguntou, enquanto eu tentava enxergar alguma coisa. — Anda Camila, conta tudo agora! Quem é ela!? — gritou.

— Eu não sei amor, eu juro. — dizia a coitada. Pelo visto, havia a colocado em confusão, mas, pensando bem, os relacionamentos dela nunca eram duradouros, creio que isso não faria muita diferença.

— Como não sabe!? Ela te beijou! — a mulher estava bem raivosa, e eu tateava o completo nada, procurando-as com as mãos para pedir ajuda, mas pelo visto, estava indo na direção oposta.

— Me ajudem, suas doidas! Eu não estou vendo nada. — resmunguei, fazendo uma careta ao sentir o gosto da areia.

— Quem é você? — as duas perguntaram ao mesmo tempo, e nesse momento percebi que não receberia ajuda. E como nem tudo é o fim do mundo, logo escutei a voz de Ally aproximando-se.

— Lauren!? O que aconteceu com você? — perguntou, segurando meu braço.

— Me tira daqui Ally, por favor. Eu vou matar a Normani! — respondi nervosa e irritada.

— Vamos. — ela me ajudou a levantar e andar. — Acho que tenho água para você lavar o rosto. Depois nos vemos Ari.

Finalmente consegui tirar um pouco da areia do corpo com a ducha que havia em uma parte da praia. Meus olhos ficaram vermelhos e meus joelhos estavam doendo, mas, pelo menos, havia me livrado daquelas malucas.

Eu fui tão idiota por ter acreditado nessa teoria ridícula! Como um beijo desfaria tudo? Nada foi desfeito, continuo com azar e Normani está cada vez mais louca. Vou matar ela! Além de passar vergonha, ainda beijei uma mulher que nem queria. Não muito.

Um tempo depois, voltamos para o hotel e pude tomar um banho relaxante, retirando qualquer resquício de areia e até mesmo, da humilhação. Será que mandei muito mal beijando ela daquela maneira? Ela 'tá tão bonita... Quero dizer, não muito. 

──「✾」──

Finalmente chegou a hora. Normani havia entrado no Skype e agora ela ouvirá tudo o que eu tenho a dizer.

— NORMANI!! Você é uma mentirosa! — esbravejei, cruzando os braços e observando a tela do notebook.

— Oi para você também, Michelle. O que aconteceu? — perguntou, curvando os lábios em um sorriso zombeteiro.

— Essa história toda é uma mentira, e eu passei a maior vergonha do mundo por sua causa! Eu encontrei ela na praia hoje e beijei ela, e depois caí na areia, estou toda machucada! — falei nervosa, levantando um dos joelhos até a altura da tela, mostrando-a os hematomas e os arranhões.

— Espera, você a beijou? — ignorou completamente meus machucados e voltou ao assunto do beijo. Revirei os olhos.

— Sim, e beijei do jeito que você disse, mas nada mudou. — Normani gargalhou do outro lado, deixando-me mais brava. — Está rindo do que!?

— Não era para você apenas beijar. Lauren, isso tudo aconteceu porque vocês transaram, e para desfazer o feitiço, você precisa transar com ela de novo.

— O QUE!? — isso só pode ser brincadeira. Normani estava brincando comigo, assim como o universo. Até parece que eu vou dormir com aquela garota de novo! Nossa primeira vez foi péssima, imagine ir de novo!? Nem que a vaca tussa. Como faria isso!? Não posso simplesmente pedir para transar com a Camila, e também nem sinto tesão por ela (não muita).

— Foi isso que eu quis dizer naquele dia, Laur. Você precisa ficar com ela de novo, sei que é difícil, mas você consegue. Ela até deve estar solteira. — disse, enrolando uma mecha de seu cabelo. Ela estava tão tranquila! Como podia ficar tranquila em uma situação assim?

— Você é louca? Ficar para mim é só beijar e não dormir. — murmurei, suspirando. — Eu não sei se ela está solteira, mas perdi todas as chances, a beijei sem permissão, sem dizer quem sou eu e ainda cai na areia depois disso. Eu não quero mais ver ela de novo.

— Não é o fim do mundo, amiga. Ela deve estar bem bonita e você pode tentar até o dia do meu casamento, ela também virá. — ah, que ótimo, tenho até mesmo uma data para reencontrá-la, e ainda lembrarei de toda a vergonha que passei. — Tente a sorte.

— É justamente por isso que estou aqui, Normani! — gritei, bufando em seguida. — Eu não tenho sorte! — desliguei a vídeo-chamada em sua cara e fechei o notebook, deitando-me na cama.

Estava ficando cada vez mais doida com essa história. Como poderia transar com ela novamente se ela nem ao menos sabe quem sou eu? Essa missão é muito complicada, não consigo nem beijar um homem depois que começo a falar, imagina tentar levar ela para cama, que para começo de conversa, não faz nem o meu tipo. Propor isso a ela seria humilhante e provocar até ela sentir interesse era impossível. Estou em uma rua sem saída.

E quando eu achava que não tinha como piorar, o telefone do hotel começou a tocar. Será que Ally havia feito aprontado algo enquanto eu tomava banho? Ela deixou apenas um bilhete dizendo que voltaria logo. 

— O que é? — perguntei direta, e percebi pouco tempo depois o quão grosseira fui. Pigarreei e continuei: — Desculpe, estou apenas tendo um dia difícil.

— Tudo bem, senhorita. Acho que seu dia melhorará. — disse a mulher risonha do outro lado da linha. Isso era alguma pegadinha? — Tem uma senhora esperando a senhorita aqui na recepção.

— Uma velha? — perguntei, franzindo o cenho, e percebendo novamente o meu mau jeito de expressar.

— Não, é uma mulher nova, senhorita.

— Não conheço nenhuma mulher.

— Nenhuma? — perguntou zombeteira. Até mesmo os funcionários do hotel zombavam de mim. Respirei fundo antes de continuar.

— A senhora me entendeu. — respondi curta e grossa, sem me desculpar desta vez. — Estou descendo.

Precisei descer de escada, pois o elevador estava quebrado. Que buraco é esse onde eu me enfiei? Não vejo a hora de voltar para minha casa em Ohio e esquecer desta história louca. Desci cinco lances de escada correndo e cheguei a recepção cansada, quase morrendo — confesso que minha vida é meio sedentária. Cheguei ao balcão ofegante, e antes que pudesse perguntar sobre a pessoa que me esperava, alguém apareceu do meu lado.

— Lauren Jauregui. — ih, droga. Como ela me encontrou aqui?

Procura-se o Amor | CAMREN G!POnde histórias criam vida. Descubra agora