O5: O reencontro

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"Quando falta sorte tem que sobrar atitude. O azar morre de medo de pessoas determinadas." — Desconhecido.

Demorou um pouco para chegarmos, já que o hotel era afastado, mas assim que chegamos, nos deparamos com a multidão. A praia estava lotada e isso só iria piorar a minha procura.

— Como foi ontem à noite? — perguntei, enquanto procurávamos um lugar para ficar.

— Foi boa, você não deveria ter ido embora cedo. Ariana disse que iria chamar um amiga.

— Nada de amigos, essas histórias nunca dão certo comigo. Ali, vamos ficar ali. — apontei para um lugarzinho vago longe da água.

Sentamos e continuamos conversando sobre a noite anterior, enquanto eu olhava as pessoas e tentava encontrar Camila.

— Ai, estava precisando mesmo de um solzinho. — nós continuávamos olhando para os lados à procura. — Ah, não acredito!

— Encontrou? — Perguntei, quase desesperada.

— Não, mas olha ali a Butera. — apontou.

— Quem é Butera?

— A Ariana, esse é o sobrenome dela. Ei! — acenou para ela. — Ariana, aqui!

Ariana logo nos viu, ela estava com mais três pessoas conversando sentada na areia. Veio em nossa direção  e vi que havia perdido a ajuda de Ally.

— Olá, garotas. — nos cumprimentamos com dois beijinhos no rosto.

— Oi Ari, não pensei que iria te encontrar aqui.

— Pois é, final de semana é a hora de descansar. — olhou para mim com aqueles lindos olhos castanhos. — Veio atrás da sua procurada? — essa mulher não vai parar de me zoar nunca.

— Sim. — respondi, cruzando os braços abaixo dos seios.

— Estive pensando, tenho uma amiga chamada Camila, na verdade ela é namorada da minha prima.

— Ah, então com certeza não é ela. A Camila que eu procuro é uma mulher que adora curtir com a cara das mulheres, não é pra namorar.

— É por isso que você está atrás dela? Procurando uma noite e nada mais? — perguntou zombando e fui obrigada a dar-lhe um tapa fraco no braço.

— Idiota! Eu vou dar um mergulho.

Tirei o vestido e segui para a água. Assim que entrei, senti a água gelada refrescar meu corpo quente. Nadei para o fundo e fui aliviando todas as tensões desnecessárias que insistiam em me aborrecer. Uma dessas tensões era, sem sombra de dúvida, a Camila. Precisava encontrá-la logo e voltar para casa, tirar essa ideia louca da cabeça e seguir a minha vida. Tenho certeza de que depois de beijá-la, tudo será melhor e finalmente poderei aproveitar a vida sem afastar as pessoas no primeiro encontro. Mesmo que não encontre o amor da minha vida, poderei pelo menos me divertir um pouco.

Depois de um tempo na água, decidi sair e me esquentar na areia, precisava retocar o protetor antes que virasse um camarão. Ally havia sumido do meu campo de vista, o que era de se esperar. Estava sozinha de novo e tudo culpa da veterinária gata. Mas minha amiga estava certa, se fosse ela também não sairia da cola da veterinária, pelo menos Ally pegaria ela por mim.

O vento estava quente e arrepiava a minha pele ainda úmida pelo mar. Era uma delicia sentir o cabelo quase seco com o delicioso aroma do mar. Estava parada como uma boba sentindo aquela deliciosa brisa, quando avisto uma mulher andando em minha direção.

Fiquei paralisada por alguns segundos. Ela era linda, cabelos castanhos e ondulados, usava a parte de cima do bíquini de cor branca e um short jeans azul claro. Agora eu estava parada com a boca aberta, admirando uma desconhecida que encarava o mar sem ao menos notar a minha presença.

Tirou os óculos escuros e olhou para os lados, e foi nesse momento que eu quase fui ao chão. Não era possível. Era ela. Sim, era ela! Eu jamais esqueceria daqueles olhos, eles que me fizeram acreditar que aquela noite havia valido a pena. Eram as duas íris castanhas que juraram que tudo o que vivi e senti naquela noite, há mais de dez anos, não eram completamente mentira, e que eu não sentia tudo aquilo sozinha. E agora, tantos e tantos anos depois, ela está a poucos metros de distância.

Calma, Lauren! Você não deve enxergá-la assim, ela só servirá para tirar esse maldito azar. Somente para isso. Não importa se está bonita ou não, nada vai mudar. E agora finalmente vou conseguir flertar em paz.

— Ei! — sai correndo atrás dela, tentando não cair na areia e ao mesmo tempo, tentando controlar a respiração. — Você!

— Algum problema? — olhou-me e eu tive a certeza, era ela. A expressão continuava a mesma, os mesmos traços, a mesma carinha de bebê. A mesma mulher por quem eu cultivei ódio e amor há anos.

— É você! Camila! Camila Cabello!? — perguntei aceleradamente, ofegante pela corrida.

— Sim, sou eu. Quem é você? — perguntou-me, com o cenho franzido.

Sem me importar em responder, fiz a única coisa que vim destinada a fazer: a beijei. Não pedi permissão, não quis prolongar a conversa e muito menos saber se ela estava comprometida. Eu sei, isso era muito errado. Apesar de querer contar tantas coisas, não podia. Precisava quebrar o feitiço que Normani disse e depois seguiria minha vida. Isso, seguiria. 

Porém, aquelas lábios carnudos tinham o mesmo gosto, eram tão doces. Remetiam-me aos milhões de pensamentos sobre as fantasias que criei anos atrás. Remetiam-me ao ódio que senti, por tudo que ela fingiu não ter mudado. E trazia-me uma agitação que há muito tempo não sentia no estômago. E a agitação no coração. Era pura adrenalina, e ao mesmo tempo, somente um beijo bobo. No começo ela não correspondeu, quase nem abriu a boca, mas depois começou a se entregar, movendo seus lábios contra o meu e até mesmo, pedindo passagem com sua língua.

Estava tão envolvida naquele momento, era como se todo o resto da praia tivesse sumido. Como se fôssemos as únicas no mundo. Mas é claro que sempre acontece algo para atrapalhar.

Procura-se o Amor | CAMREN G!POnde histórias criam vida. Descubra agora