Logo o intervalo acaba, e mesmo que um pouco triste por ter que parar de repetir os pratos, lá no fundo você sente um pouco de alívio..., definitivamente comer tanto assim não foi uma boa ideia. Nota mental: por favor, não repita isso amanhã ou em qualquer outro dia da sua vida.
As duas últimas aulas foram cansativas como você se lembra de qualquer escola que você já tenha ido ser. Aprender novas coisas, copiar matérias no caderno, e tudo aquilo que uma rede de ensino comum possuía, o que te fazia pensar que a UA não era de todo diferente do que você estava acostumada, te tranquilizando um pouco.
Você trocou números com Mina e Tsuyu — coisa que você deveria ter feito antes, mas estava concentrada demais na prova inicial para poder sequer pensar nisso. Pegou um ônibus, e calmamente voltou para casa, apenas admirando a vista que seu assento na janela lhe permitia ter.
Ainda não havia se acostumado com essa cidade: você tinha se mudado pouco tempo antes de começar a escola, então você ainda não tinha explorado nada, mas achava o lugar maravilhoso e gostaria de sair com seus colegas alguma hora pelo centro. Claro, o tamanho do município te assustava e sendo a pessoa desligada que é, se perderia facilmente. Mas não deixava de ser encantador.
"Eu definitivamente deveria começar a prestar atenção nos lugares em que eu passo". Você pensa, percebendo que mesmo na sua cidade natal, se perder não era uma dificuldade. Antes que você notasse, já estava na frente de casa, abrindo a porta. Sua mãe lhe dá uma calorosa recepção, seguida por um sermão por ter esquecido de colocar seus sapatos e ter "saído parecendo uma doida".
— Mas então, como foi seu primeiro dia? — depois de vários minutos de bronca, a expressão de Ayane (resolvi dar um nome, porque chamar de mãe toda hora seria estranho. Mas você é livre para escolher o nome da sua mãe se quiser o trocar) muda completamente de incrédula para animada, te deixando um pouco confusa.
"Coisa de mãe mesmo", você pensa.
— Bom, foi um ótimo dia na verdade. Obrigada por perguntar. — Você diz, entrando na cozinha em busca de algo que seu estômago esfomeado implorasse por um pedaço. — Eu encontrei aquelas duas garotas que eu tinha falado sobre antes. Elas estão na minha sala, e eu já consegui o número delas! — sua mãe estava genuinamente feliz por você. Era perceptível, e você não conseguiu evitar sorrir.
— Fico feliz por você, de verdade. — sua mãe respira fundo, fazendo aquela expressão que ela sempre fazia quando tentava se lembrar de algo. — Agora que você chegou, você me lembrou de alguma coisa. Eu encontrei essa senhora no elevador, muito simpática por sinal. Ela tinha dito que era síndica ou algo assim, e também tinha um filho na UA! Nossa, nós conversamos por muito tempo aqui em casa. Não faz tanto tempo que ela saiu, na verdade... — sua mãe continua, entrando em cada tópico que foi conversando com a senhora simpática. Você espera pacientemente sua mãe terminar seu monólogo.
Você até que queria interromper e pedir para ela ir direto ao ponto, mas... É como acordar um sonâmbulo. Você sabe que não faz mal algum e que é só uma coisinha boba, mas você não pode deixar de sentir um sentimento ruim ao fazê-lo. Talvez porque ela vai entrar em outro monólogo sobre como você deveria deixar os mais velhos terminarem de falar e como você não possui respeito nenhum "por tudo que ela já te fez".
— Enfim, como eu ia dizendo, você poderia fazer esse pequeno favor para mim? — você volta a prestar atenção, não sabendo como sequer responder essa pergunta. Que pequeno favor você deveria fazer para a sua mãe...? Você sentiu seu corpo se arrepiar inteiro só com o pensamento. — É só me dizer sim ou não [XXX]. Se você prestou atenção, sabe que é bem simples.
Você odiava quando sua mãe fazia alguma indagação como essa. Porque ela sempre estava certa.
— Mas é claro que eu prestei atenção! — você se amaldiçoou mentalmente no momento em que disse isso. — Bom, eu aceito. Só preciso de mais detalhes... — sua mãe sorri, e no fundo, fundo mesmo, você sabe muito bem: ela percebeu que você não estava ouvindo. E algo lhe dizia que você se arrependeria dessa ação.
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𝑰𝑵𝑺𝑶𝑵𝑰𝑪𝑶 | Shinso Hitoshi
Roman d'amour[insônico: aquele está sem sono, que possui insônia; in-so-ni-co]. 𝙰𝙾 𝙴𝙽𝙲𝙰𝚁𝙰𝚁 𝙵𝚄𝙽𝙳𝙾 𝙴𝙼 𝚂𝙴𝚄𝚂 𝙾𝙻𝙷𝙾𝚂, foi a primeira vez que percebeu suas profundas olheiras. E também seus tristes e vazios olhos púrpura. Como não havia reparad...