Capítulo 13

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  Eu não sabia oque dizer para ela.  Sei que ela já perdeu a mãe quando tinha oito anos, imagino o quão difícil deve estar sendo para ela o pensamento de perder o pai também.

"Eu não posso perde-lo, Ikki. Eu não posso perder ele!" ela se apertou no meu peito "Ele é tudo oque me resta. Eu não posso perder ele!" ela não parou de chorar em nenhum momento e eu só podia acariciar seus cabelos e tentar acalma-la. Não parecia estar dando certo. 

 Acho que passou mais trinta minutos que estávamos deitados abraçados na tubulação. Provavelmente cheios  de poeira e com o cheiro da lata nas roupas. 

"Nakimi!" ouvi a voz da Yuriko chamando abaixo de nós. Olhamos pelo duto e vimos ela entrar com o garoto do baralho na sala "Aquela Nakimi sumiu!" 

"Parando para pensar aquele garoto que estava com ela sumiu também!"  o garoto disse.

"Verdade. O Ikki também sumiu!" os dois se olharam e riram "Aquele garoto não perdeu tempo. Achei que ele fosse devagar, mas pelo visto eu me enganei!" ela rio de novo.

"Talvez Nakimi perdeu a paciência e deu um jeito de levar ele para um canto qualquer!" 

"Essa é minha garota!" Yuriko falou vitoriosa.

"E se" ele fez uma pausa e trancou a porta "a gente também parasse de perder tempo?!" ele falou maliciosamente olhando para ela que se apoiou na mesa da sala.

"No escritório de reuniões do meu pai?" ele se aproximou dela "Você não tem jeito né?" ela pegou no queixo dele e o beijou. O beijo aumentou e ele colocou ela em cima da mesa. O clima esquentou e ele tirou a jaqueta dela. 

"Vish!" Nakimi falou e segurou o riso, era bom ver ela sorrir de volta "Sabia." exclamou baixinho. Ela tirou a camisa do garoto e eu senti inveja do quão definido ele era. Ela arranhou ele um pouco e ele tirou a camisa dela. 

"Opa, vamos sair daqui né?" eu falei para ela puxei ela um pouco.

"Estraga prazeres!" ela fez um bico e rio de novo, maldito sorriso "Pornô ao vivo, quando que teríamos uma chance como essa de novo?" ela ria debochada.

"Nojento. Vamos!" comecei a sair dali.

"Discordo, mas vamos dar privacidade aqueles pervertidos!" ela não parava de rir "Vai dizer, maior peitão ela tem né?" minha mente teve um gatilho que gritava 'Epa querida, tudo bom?!' olhei para ela.

"Sou mais o seu!" curto e direto mas sem pensar. Achei incrível ela esquecer tão rápido do problema do pai. Acho que acontece quando se tem melhores amigos. Comecei a pensar quem que desviava minha atenção dos meus problemas e me fazia esquecer de tudo, até do abandono do meu pai e da morte da minha mãe. Se houver alguém, seria esse meu melhor amigo, talvez. Até consegui pensar em uma pessoa que sempre esteve muito perto de mim e me surpreendi com minha desatenção.

"Ué, já viu?" ela falou debochada ainda.

"Não, é que os seus são maiores!" já que ela não estava com vergonha, eu também não estaria.

"Q-Que?"olhei para ela que estava corada com os olhos arregalados. Continuei engatinhando em direção a porta do duto.

"Vai por mim, conheço você de ponta a ponta. Decorei seus traços, seu cheiro, os decibéis e o tom da sua voz, seus fios de cabelo, posições de tédio, nervosismo, vergonha e raiva. Ninguém pode clonar você, não para mim. Porquê para mim você é única!" olhei para trás e sorri piscando para ela. Sem dizer nada, além de ficar mais envergonhada, saímos do duto.

"Temos que fechar isso de novo, não é?" ela perguntou sobre a tampa da tubulação.

"Com certeza!" peguei os parafusos no chão me perguntando se ninguém passou ali para reparar quatro parafusos no chão em baixo de um duto de ar, mas apenas ignorei e entreguei com o canivete e a tampa para Nakimi. Ela subiu nos meus ombros e fechou a tampa.

A Solidão! (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora