Capítulo 11

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 Rami tinha razão sobre Nakimi. Ela é da Yakusa! Todos os pontos encaixavam muito bem. As tatuagens dos funcionários, a necessidade de um hospital exclusivo, hospital cujo eu nunca tinha reparado porque parecia um prédio de apartamentos, os médicos e enfermeiras com tatuagens, as imagens na casa dela, todo aquele dinheiro e uma diversidade de fatos que até então, nunca me chamaram a atenção e nem me incomodavam.

"Por enquanto esquece isso. Vamos aproveitar a viagem okay?" acalmei ele aos poucos e ele apenas concordou.

"Nunca vi você assim, Ikki." Rami falou quando paramos mais próximo das meninas "Parece feliz!" ele sorriu de lado para mim.

"Você acha?" fomos brevemente interrompidos  pela Nakimi e o portão aberto.

"Certo pessoal. Vamos entrar!" ela, como sempre, sorria demais. Começamos a entrar e Rami me respondeu:

"É baka, eu acho!" ele continuava sorrindo e me fez sorrir de canto.


  O portão alto não nos  permitiu ver a casa, mas ao entrar e inclinar o olhar para baixo, era possível ver a decida que dava caminho a uma casa de dois andares, fora térreo e sótão, uma garagem fechada, mas com muito espaço amplo, duas piscinas tão grandes quanto as de natação profissional. A vista era linda e atraiu toda nossa atenção, mas que foi nos tirada pelo susto do grito de alguém. Rami,  Yomi, Nami e eu demos um pulo do susto. Olhamos para trás e Nakimi estava agarrada a um husky siberiano e um furão. Parecia que não se viam a décadas, mas eram fofos. Outro grito que quase estourou meus ouvidos, outro furão subiu em Yumi e logo estava na cabeça dela.

    Um arrepio subiu pela minha espinha e eu gelei com um aperto no coração. Devo ter passado uns cinco minutos imóvel olhando para o nada com a cabeça vazia.


"Ne, Ikki. Vem logo!" Rami me chamou de longe. Eles estavam entrando na casa.

"A-Ah, sim. Eu estou indo!" me levantei e corri até eles.

"Ei cara, você está bem?" Rami colocou a mão em meu ombro "Está pálido!"

"Eu estou bem, Rami. Só que os furões me pareciam fazer lembrar-me de alguma coisa." expliquei "É muito vago para que eu possa ter certeza de qualquer coisa" olhei nos olhos dele e completei "Mas estou bem, obrigado!" ele sorriu meio que de lado.

"Que bom-" tive uma impressão de que ele pretendia complementar a frase mas fomos ambos interrompidos de nossos pensamentos por um  leve grito animado de uma garota.

Avistei uma garota de cabelos pretos em um corte  chanel, ela usava uma maquiagem leve no rosto um rímel e lápis em um desenho rabo-de-gato, como chamam, e um toque de de roxo, quase como cinza nas pálpebras e um batom roxo escuro. Usava uma jaqueta alta de coro de cor amarela, que parecia um top para ela. Uma camisa branca por baixo que, por ser curta e seus seios grandes levantarem mais a camisa, mostrava bem seu abdômen e nem encostava em seu corpo. A calça jeans de cor  camuflada e dobrada no tornozelo, combinava bem com seu par de sapa tênis de pano, também camuflados. A meia branca curta passava quase que despercebida por baixo do calçado. 

"Ah!" foi oque ela falou, de forma alta, curta e rápida, antes de vir na minha direção "Então você é o famoso senhor Hayato?!" me perguntei como ela sabia o meu nome, mas apenas uma olhada para Nakimi e tudo era óbvio, elas já conversaram sobre mim, mais de uma ou duas vezes.

"Pode me chamar de Ikki, por favor!" não sou chegado em muita cordialidade em situações tão casuais. 

"Yuriko Naomi. Mas pode me chamar de Yuriko!" ela piscou para mim estendendo a mão e eu a cumprimentei de volta e ouvi Rami dizer baixo para mim:

"Ela faz jus ao nome dela!" ele não esperava que ela ouvisse.

"Todos dizem isso querido!" ela piscou para ele antes de voltar seus olhos para mim e colocar as mãos atrás do meu pescoço e se aproximar mais e mais de mim, de modo mais sensual possível. Ela se apoiou um pouco e, quase que automático, minhas mãos seguraram firme sua cintura. Ela estava completamente colada em mim.

"Err..." eu travei um pouco e olhei Nakimi, totalmente desconfortável com a situação "Eu acho melhor-" ela me interrompeu.

"Você é bem melhor do que eu imaginava quando Nakimi me contou de você!" olhei Nakimi e ela corou, Yuriko deslizou suas mãos pelos meus ombros e desceu até meu abdômen, arranhando levemente enquanto me alisava, como se me provocasse, ela respirou fundo e ficou na ponta dos pés, desviei para olhar Nakimi e a garota chegou no meu ouvido sussurrando "É bom cuidar bem do meu bebê!" ela falou frio, mas logo sorriu e lambeu os lábios e me beijou na bochecha, me marcando de batom. Eu passei a mão, mas só borrou. Yumi e Nami se aproximaram para limpar com um lenço que tinha na bolsa delas.

"Arigatou!" fiz carinho na cabeça das duas.

"Okay. Vocês já conheceram meus bebês, agora vou apresentar a casa!" ela sorriu e se virou "Me sigam!"  

  Olhei para Nakimi que desviou o olhar. Ela estava bem nervosa por conta do ocorrido, estava envergonhada também. O rosto estava vermelho como pimentão. Ela se apoiou na parede e com o rosto virado. Peguei na sua mão e entrelacei nossos dedos, não sei ao certo, mas me parecia o melhor a se fazer, ela me olhou e beijei seu rosto. Ela não parou de me olhar oque me fez ficar vermelho e desviar o olhar.

"V-Vamos!" andei puxando ela de leve. Ela abraçou meu braço e grudou contra seu peito me fazendo ficar mais vermelho, ela não tinha nem metade do tamanho dos seios da Yuriko, mas ainda eram macios e perceptíveis  Hoje está complicado de pensar nas coisas  olhei para ela que sorriu para mim. 


        Em nenhum momento eu esbocei alguma reação além do rosto vermelho. Não sorri e nem expressei qualquer sentimento, mesmo assim, me sentia bem por dentro. Bem por estar com ela, bem por saber que ela se sentiu confortável com meu carinho, e ela parecia saber bem como eu me sentia. 

      Demorou mais ou menos trinta minutos até terminarmos de ver a casa da Yuriko. Era grande como um labirinto muito chique. Logo chegaram algumas meninas e era possível ver Rami quase babando. Era verdade que fazia tempo que ele não namorava ou se relacionava diretamente com alguma garota, parecia até abstinência. Ele me olhava com os olhos arregalados e de queixo caído toda vez que as garotas vinham falar comigo. Elas só pararam quando encostei na parede e puxei Nakimi para perto, abracei ela por trás, sem malícia, e praticamente fiquei invisível para as garotas. Ela parecia estar gostando muito da situação, mas não sei em qual sentido. Tinha alguns garotos também. Um deles se aproximou com algo entre os dedos, seja oque for, o cheiro era forte. Yuriko discutiu com o garoto que apagou o embolado na própria palma da mão e jogou na lixeira do lado, me arrepiei de nervosismo, aquilo devia doer. Outro deixou Nakimi e Yuriko bem animadas... ele tinha um baralho de truco e isso chamou até minha atenção. Sentamos em uma mesa de madeira ao lado da piscina e começamos a jogar. A festa nem tinha começado mas já tinha gente bebendo e fazendo carne. Começou a ficar animado quando o pai da Yuriko chegou acompanhado do Sr. Showa, pai da Nakimi. Eles nos cumprimentaram e adentraram na casa, parecia ser sério e preocupou Nakimi, que parecia inquieta com a aparição dos dois de forma tão séria.




Continua...

A Solidão! (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora