Nakimi e eu sentamos no telhado com as pernas balançando para fora, nos cobrimos com uma coberta nas costas e uma no colo, ficamos virados para o nascente, enquanto víamos as fotos que ela tirou de mim ou de coisas relacionadas a mim. Ela tinha um álbum com o meu nome na galeria dela, mais de cem fotos só sobre mim. Havia fotos do emu quarto, fotos minhas na escola desde os primeiros minutos que nos conhecemos, fotos de mim dormindo, desenhando na aula e até fotos de mim bebendo do Rami na noite anterior. Procurei me lembrar desses momentos mas nada me apareceu ela batendo batendo fotos minhas ou algo do tipo, a garota era uma paparazzi treinada, não perdia nenhum momento ou ângulo. Claro que eu achei aquilo falta de educação e invasão de privacidade, mas, eu gostei das fotos e gostava dela demais para deixar que isso me afetasse. Ela era minha amiga, tinha intimidade para isso. Então eu ri com ela relembrando dos nossos momentos até agora.
"Bom, já são quinze fotos que você selecionou para postar!" Nakimi sorriu para mim, mas eu não tinha nenhuma rede social além de um aplicativo de mensagens instantâneas que meu antigo chefe me fez baixar para receber informações sobre o trabalho e interação com os funcionários de todos os turnos, e ainda assim eu tinha poucos contatos, não estava no grupo do pessoal da minha sala.
Meus únicos contatos salvos eram o da representante da sala que me manda bilhetes e informações da diretoria que seriam enviados no grupo, o contato da Nakimi, da Akemi, e do Rami. Não converso muito com ninguém e a mensagem mais recente era da garota que eu arquivei sem retornar para ela. Lembro que peguei o número dela mas não passei o meu contato, mesmo assim ela me encontrou.
"Eu não tenho onde postar isso!" falei para ela que me olhou sorrindo e abrindo o aplicativo e me mostrando um perfil com meu nome.
"Eu te fiz um. Postei a foto dos seus desenhos. Tem quatro seguidores só, mas questão de tempo!" ela sorriu para mim "Aliás, baixa esse aplicativo. Na hora de logar você tem que por Ikki underline Hayato, a senha é o dia em que nos conhecemos!" ela me olhou meiga e eu engoli em seco. Lembrei que fazia pouco mais de uma semana que nos conhecíamos, seria:
"08 de dezembro?" perguntei a ela tendo certeza que eu estava certo mas notei seu aborrecimento.
"Esse dia foi no domingo que eu me mudei para Nagoya na quinta-feira, dia 06. Eu fui fazer minha matrícula e na sexta-feira, dia 07 foi meu primeiro dia na escola, que você faltou!" ela parecia 'esfregar' as datas na minha cara .
"Então, segunda-feira, dia 09, nos conhecemos?"agora eu estava duvidando até da minha data de nascimento, mas ela sorriu.
"Isso mesmo. coloca a data completa e e seu nome que você consegue logar. Baixa e entra enquanto eu legendo e posto essas fotos para você. Ela tirou a coberta do nosso colo "cruza ou junta as pernas!" eu diria que ela pediu de forma autoritária, juntei as pernas para continuar balançando-as fora do telhado, Nakimi então deitou no meu colo e se cobriu com o cobertor, ela estendeu o celular na frente do rosto e começou.
"Cuidado para não derrubar ele no seu rosto!" acariciei o rosto dela e comecei a fazer cafuné em sua cabeça. Ela sorriu e revirou os olhos em uma expressão que dizia o quão bom eram aquelas carícias que recebia.
Após logar, eu fui ver as postagens no meu perfil. Todas com o mesmo número de curtidas, três. Akemi curtida todas as postagens e comentava, e até mesmo Nakimi postava e curtia automaticamente, mas o terceiro me chamou mais atenção, mais pela foto de perfil do que pelo nome de usuário, cliquei e abri o perfil confirmando quem era. Era a mesma garota que me mandou mensagem no privado "Como ela encontrou meu número?" lembrei que as informações são dadas na biografia do perfil, assim, como no perfil da garota, havia o número dela e até mesmo o link de um canal em um site de vídeos. Abri minha conta e deparei que na minha biografia tinha meu número de telefone, idade, cidade e estado. Achei arriscado algo assim, mas reparei que todos meus seguidores tinham as mesmas informações.
"Agora eu sei como Aimi Sayuri conseguiu meu número. Não é, Nakimi?" olhei para ela que me encarou "Podia ter me avisado que deixou meu número de maneira pública!" ela coçou a nuca e pediu desculpas. Ela até disse que eu poderia apagar, mas deixei assim.
"Quem é essa garota?" então eu mostrei a foto de perfil e algumas fotos de Aimi. Havia foto onde ela usava um curto vestido azul escuro que destacava bem suas curvas e com uma camisa xadrez em tom degrade em cor esverdeada e de botões pretos por cima do vestido para não parecer tão vulgar e, para completar, uma bota preta. "Essa garota esteve no hospital para ver você. Meu pai até achou estranho como ela sabia que o hospital era ali. Ela passou uma noite em claro até o dia em que você acordou, ela disse que precisava trabalhar e que voltaria para ver como você estava" ela deslizou mais a tela e vasculhou as fotos "Sim, certeza!" ela confirmou "Quem é a garota, Ikki?" o tom de ciúmes dela era evidente.
"Então" enrolei um pouco "Minha mãe fez ela passar o número dela para mim. Ela não me conhecia, mas como eu não tirei meus olhos dela, minha mãe sentiu que eu a admirava de certa maneira. Mas não me lembro de dar nenhuma informação extra sobre mim!" fiquei confuso. Puxei em minhas memórias momentos desse dia, mas a morte da minha mãe abafava qualquer outro fato desse dia, até que lembrei de quando perdi o número dela e tive que voltar a loja e minha mãe foi para fora quando começamos a conversar, enrolei demais até que minha mãe me chamou pelo nome completo e Aimi Sayuri me disse:
"Vai lá, Ikki Hayato, não vou esquecer seu nome. Espero nos falarmos logo, Romeu!" ela piscou e eu sorri, me virei e saí. A lembrança era fraca, porém, acessível. Me voltei a Nakimi.
"Me lembrei!" expliquei a ela que não parecia contente, mas de certa maneira, ela ficou feliz em saber que alguém era confiável em todo meu passado.
"E por que não mandou mensagem para ela?" questionou.
"Não tive cabeça para isso, e mais nada. Foi a noite que minha mãe foi assassinada!" expliquei rapidamente, sem pausas, sem desviar o olhar. Se eu entrar em detalhes, sei que terei uma crise, e não quero. "Ela mandou mensagem recentemente, mas eu apenas arquivei nem responde-la!" Nakimi apenas pegou meu celular e abriu as conversas arquivadas "Oque está fazendo?" ela me olhou enquanto digitava sem nem olhar o celular. Era como se já tivesse decorado as posições das teclas no celular.
"Já passou a hora de você chamar ela!" ela sorriu sem perguntar minha opinião. Abri minha boca mas fechei logo "Vamos, é só uma garota. Não tem porque se preocupar, não é mesmo?" eu apenas fiquei quieto. Passaram alguns minutos e ouvimos os nossos amigos se levantarem, eram dez horas da manhã. "Vamos descer até eles!" ela levantou e eu fui atrás dela. Na hora que descemos e fomos até nossos amigos, eu fui atrás e segurei sua mão.
"Nakimi!" eu chamei ela que se virou. Decisões que nenhum dos dois se arrependeu de tomar.
Continua...
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A Solidão! (Concluída)
CasualeVolume 1- Ikki, um garoto jovem, magro, quieto. Com problemas em casa e na escola, o garoto não vê outra solução se não se fechar do mundo e usar roupas largas para esconder as marcas em seu corpo. Sem coragem para tirar a própria vida, ele vive po...