Saudade não é um peso que carregamos na mochila,
Apenas faz um peso em nossos corações,
Para que isso não se transforme numa dor,
O remédio é saber que fizemos o que pudemos,
O que esteve ao nosso alcance, foi feito;
Parece que meus sapatos marrons foram amarrados,
Não posso voltar atrás, tenho receio de seguir,
Embora não tenha outra opção se não crescer;
Eu vou sempre lembrar de quando ríamos,
Do caminho da ida e de volta para casa,
Vou lembrar de cada noite anterior ao dia,
Lembrar até dos dias de calor e dos dias de chuva,
Castigando meu corpo, marcando minha alma;
Senti que tive um propósito, encheu meu peito,
É tão bom saber que pertence a algum lugar,
Uma ponte me levando a realizações maiores;
Esperei meses para que esse instante chegasse,
Quando cruzasse a linha da chegada,
Me sinto tão distante da partida e de onde cheguei,
O pódio é mesmo solitário daqui,
É só saudade, medo de não acontecer outra vez;
Me dê um último abraço, palavras se dissolvem no ar,
Vou gravar esses momentos de interação,
Por mais simples que sejam, valem feito ouro;
Percorrer o caminho da volta numa noite quente,
Ver o dia se dissipar e dar lugar ao fim de tarde,
Caminhar sozinho como uma estrela cadente,
Se desprendendo pelo espaço cheio de corpos,
Não me sinto só, não nesses instantes;
(Data: 09 de Fevereiro de 2020)
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AUTO PIEDADE
Poetry[2020] s.f. Sentimento, emoção ou comportamento de pena de si próprio diante de um evento estressante. É um sentimento associado ao auto-conforto. Forma de autocomplacência com relação a problemas, desgostos ou vicissitudes pessoais. Imagem retirada...