2.2 - The Court

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Apesar de sentir como se tudo estivesse resolvido, Harry sabia que não era verdade. Sabia que de uma forma ou de outra teria que dizer adeus a Louis, não pediria para o garoto desistir de toda uma vida por si, além do mais, ele tinha que voltar para sua família. Pessoas não desaparecem assim do nada. Observava o garoto dormir, parecia tranquilo, mas já haviam se passado alguns dias desde que voltaram do submundo e sabia que ele sentia falta de casa. Não queria admitir para si, mas era a sua vez de fazer algum sacrifício por aquela relação.

Teria que agir antes do amanhecer, antes que Louis percebesse a sua ausência na cama, e antes que sua coragem se esgotasse. Com todo o cuidado que conseguiu juntar em seu ser, levantou-se da cama, abrindo as asas enquanto dava os passos em direção a janela e de lá saiu. Rumou a procura de sua mãe, e, antes mesmo de colocar os pés no chão ao sobrevoar sua janela, a viu olhar em sua direção com aquele sorriso de compreensão que quase nunca recebia.

- imagino o que lhe trouxe aqui – andou na direção do garoto – não vou mais brigar, suas ações me mostraram que é inútil

- agradeço – respondeu ao sentir os braços de sua mãe o acolherem – preciso de ajuda

- o que quer que seja meu filho, espero que esteja preparado para as consequências

- espero que a senhora também – a abraçou - preciso de uma audiência com Zeus – disse firme quando a soltou

Assim, Harry voltou ao palácio com a promessa de que sua mãe lhe ajudaria. Era quase capaz de sentir o medo que as palavras que ouviu dela lhe causavam, tentava ao máximo não demonstrar aquele sentimento a Louis, mas, dois dias depois de seu encontro, recebeu uma das ninfas de sua mãe avisando que poderia ir até lá. Precisava fazer com que Louis fosse consigo de bom grado, já que não havia contado nada sobre seu plano ao menor e talvez aquilo não fosse tão simples.

Mas, ao contrário do que previu, o garoto aceitou rapidamente. Talvez aquele era o acordo não verbal entre eles, talvez aquele sentimento que incomodava apenas o cacheado e ao soltar a mão de Louis logo depois de receber um belo sorrido dele, foi toda a comprovação de que precisava antes de puxa-lo de volta para os seus braços e finalmente erguer suas asas ao céu.

Ao aterrissar junto ao garoto, degraus os levaram ao pátio central, pode perceber a sala do trono. Colunas se erguiam até o teto decorado com constelações capazes de se mover, e ao chão, doze tronos, ocupados por seres tão belos e poderosos como sua mãe, estavam alinhados em um U invertido. Ninguém foi capaz de se mover quando puseram os olhos no garoto mortal que se posicionava no meio daquele semicírculo junto ao filho de Afrodite.

- Mãe – falou Harry ao se aproximar de seu trono e fazer uma reverência. Louis ainda sem saber como reagir, apenas seguiu seus movimentos. Seu coração parecia que sairia pela boca e tentava controlar sua respiração ao mesmo tempo em que se policiava para não encarar todos aqueles deuses por tempo demais

- Você não devia se dirigir primeiro ao senhor dessa casa, criança? – a voz de Zeus foi ouvida por todos

- Paz – Afrodite pediu – ele deve mostrar respeito a sua mãe

- E você, ainda o defende, vendo a prova do crime de pé em nossa frente? – perguntou, parecia estar contendo sua fúria

- Por favor, vamos ouvir o que ele tem a dizer

- Eu deveria jogá-lo pelos ares, para fora do céu, pelo seu desrespeito e atrevimento – ainda falava com desdém enquanto olhava entre Louis e Harry

- Vamos ouvi-lo – argumentou Hera, que recebeu mais murmúrios de seu marido, o que não a impediu de gesticular para que Harry defendesse a sua causa.

Harry sabia que precisava, pelo menos, ganhar a afeição de Hera para que Zeus aceitasse a sua súplica. E, apesar de Louis interferir em seu argumento diversas vezes foi capaz de defender sua causa e ganhar aprovação. Sabia que o que pedia teria um preço, e achava que estava preparado para ele, mas a cada minuto que passava sentado naqueles belos degraus com Louis ao seu lado enquanto via os desuses discutindo entre si percebia que estava com mais medo do que poderia aguentar.

Assim que Zeus se colocou em pé, Harry sabia que eles haviam chegado em um acordo. Agarrou a mão de Louis o mais forte que podia, sem que o machucasse, e o arrastou de volta a grande sala. Os garotos se puseram em sua frente, ele segurava um frasco que parecia ser água, pois o líquido era tão transparente quanto.

- Dou-lhes uma escolha – ergueu o frasco em direção a Louis – Bebe isso, e será imortal. Mas perderá sua memória humana, terá que viver aqui conosco. – O garoto arregalou os olhos, mas antes que tomasse o frasco em suas mãos, o homem se virou para Harry

-Bebe isso, e será mortal. E assim como eles, não terás memorias daqui. – Harry agarrouo frasco em suas mãos e os agradeceu, olhou para a sua mãe mais uma vez e soubeque aquela seria uma briga entre ele e Louis.

Eros | l.s [Reescrevendo]Onde histórias criam vida. Descubra agora