1.4 - Breaking our Promise

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Todas as noites, enquanto Harry o esperava pegar no sono, Louis lutava internamente contra a sua curiosidade enquanto ponderava usar algum dos itens que colecionou em baixo de sua cama para iluminar o quarto, permitindo assim, que contemplasse a real forma do garoto alado no qual dividia noites a fio por um período de tempo que era incapaz de cronometrar. Mas já o fazia sentir que era o infinito e desejava que aquele fosse um infinito que realmente durasse para sempre.

Naquela noite, enquanto o outro dormia a sua consciência já lhe pregava peças ao imaginar as possíveis características daquele que dormia ao seu lado. É claro que, a sua liberdade em tocar o corpo alheio lhe permitia imaginar algumas coisas, como os cachos que sempre sentia ao entrelaçar os dedos em seus fios, gostava de sentir sua pele macia mas se sentia um pouco sem imaginação ao constatar que mesmo com aquela pequena liberdade, sua mente não parecia capaz de formar um ser humano, mesmo sabendo que Harry não era um, que o representasse de forma adequada.

Tentou controlar o impulso de tirar as velas de sua pilha de roupas jogadas no canto da cama, mas quando percebeu já era tarde de mais e antes mesmo de pensar em desistir a vela se acendeu num passe de mágica revelando sombras de belas azas ao seu redor. Apenas o vislumbre das belas penas alvas fazia seus olhos virarem estrelas, e mesmo sendo um grande defensor do ditado "quem está na chuva é para se molhar" sentia receio ao imaginar um senário onde ele era descoberto, talvez provocando uma briga.

Controlou a vontade de acariciar aquelas asas ao perceber a cera da vela derretendo, era um pouco contraditório já que elas eram acesas com magia, pelo menos era o que pensava, mas ainda assim eram velas de cera e era lógico que derreteriam ao uso. Teria de ser rápido em sua missão, mas a cada novo detalhe iluminado pela luz amarela do fogo, sentia como se pudesse se perder ao observar aquele ser por todo o resto de sua existência.

Ao ir direcionando a luz mais para cima, enquanto iluminava as outras partes do corpo do garoto que ressonava baixo, se encantava com sua pele pálida, parecia não encontrar muito o sol. Se apoiava em seu braço esquerdo enquanto segurava a vela com sua destra, temia fazer movimentos bruscos seu corpo já começava a formigar entregando a sua demora e a vontade de trocar de posição aumentava ainda mais. Mas, quando pode finalmente iluminar a face alheia pareceu uma anestesia ao que seu corpo se perdeu naqueles cachos dos quais sempre adorou entrelaçar seus dedos, sem conseguir não sentir curiosidade em saber como seriam os olhos que aquelas pálpebras com cílios grossos escondiam.

E a curiosidade matou o gato, foi o que pensou, quando grandes olhos verdes lhe encararam surpresos.

Eros | l.s [Reescrevendo]Onde histórias criam vida. Descubra agora