Delírio

Parte XIV

Rafa POV

Acabei pegando no sono depois de tanto chorar. Nem vi o pessoal entrando no quarto. Eu pensei bastante sobre o que aconteceu ontem, e entendi que aqui é um jogo. Por mais que eu tenha ficado triste, essa decisão também não deve ter sido fácil pra ela. Talvez ela ache que eu tenha mais chance de ficar do que a Thelma. Mas isso é uma coisa que só ela pode dizer.

Depois do raio-x, fomos tomar café da manhã e a Manu me chamou pra conversar.

-Amiga, a Gigi tentou falar com você ontem. Mas eu intervi e pedir pra ela respeitar seu tempo.

-Ai Manu, eu não esperava me decepcionar tanto com ela. Eu realmente fiquei muito chateada com tudo o que aconteceu

-Rafa, ela me contou o que aconteceu. Dava pra ver a tristeza nos olhos dela, amiga. É um assunto pra vocês resolverem. Qualquer coisa que acontecer, eu tô aqui por você tá?!

Dou um abraço bem apertado nela e seguro firme uma lágrima que queria cair.

[...]

Tá fazendo um lindo de sol e eu fui aproveitar a piscina. Sinto alguém se aproximando e imaginei quem poderia ser.

-Posso sentar aqui? - disse a Gi apontando pro meu lado

-Claro, fique a vontade. -respondo seca

-A gente pode conversar sobre uma coisa que tá me maltratando por dentro?

-Diga! - digo me arrumando na cadeira e olhando pra ela. Ela realmente estava com uma energia muito tristinha.

-Eu queria me justificar sobre o porquê do voto de ontem - ela engole a saliva a seco e prossegue - eu já vacilei muito com a Thelminha, você sabe bem… Quando o Tiago disse que tava entre vocês duas eu fiquei dividida entre minha razão e emoção, por isso me ofereci pra ir no lugar. Como não tinha jeito, tentei agir pela razão. Você já voltou de mais paredões do que a Thelma, tenho certeza que a sua torcida é enorme o que te dá menos chance de sair. Eu sei que fazendo isso eu coloquei a Ivy direto no fogo, aumentando muito a chance dela sair. Mas eu virei a noite rezando, pedindo e suplicando pro Brasil pra vocês ficarem na casa. - aquele olhar de cachorrinho emocionado e "pidão" que só ela tinha começou a surgir - espero que você consiga entender minha atitude e que consiga me perdoar.

Vendo esse jeitinho que ela me olha, eu não consigo ficar brava com ela. E existe realmente uma questão muito importante pra ela

-Obrigada por ter vindo conversar comigo - digo, me sentando na cadeira frente a frente com ela e pegando em sua mão - eu entendo que é um jogo, e que agora estamos na reta final. Esse tipo de situação pode realmente acontecer. Fiquei muito magoada porque me pegou de surpresa, mas depois que fui pro quarto pensei bastante e tinha chegado a uma conclusão parecida com o que você me disse.

- Cê não tá chateada comigo? - ela perguntou mudando seu semblante de gato de botas do Shrek pra um filhotinho lindo e excitado

-Como que eu poderia ficar de mal com você, Titchela?! Acontece, estamos num jogo.

Ela me dá um abraço tão gostoso e apertado que por pouco não quebrou minhas costelas.

[...]

Tivemos uma big festa ontem, e pela primeira vez eu tive que colocar os inimigos do fim pra dentro de casa. E por incrível que pareça, Dona Maria Manoela me deu um trabalhão. Para não perder o costume, babei muito na Gizelly e dessa vez eu não fiz a menor questão de ser discreta. Poderia ser minha última festa mesmo.

Tentei não pensar muito sobre, mas estava com uma sensação boa que eu iria ficar na casa por mais uma semana. Aleluia, arrepiei! Sonhei muito estar aqui na casa, e se for da vontade de Deus eu hei de ficar.

Quando a Manu acordou, eu já tinha pedido um remédio pra ressaca e tinha um copo d'água esperando ela na cabeceira da cama.

-boa tarde, inimiga do fim - digo, debochando da coitada que já coloca uma blusa no olho pra voltar a dormir - ó, já trouxe pra você um remédio pra dor de cabeça. Aí eu deixo cê dormir mais.

Ela sentou na cama, me fuzilou com os olhos, tomou o remédio e voltou a dormir, sem dizer uma palavra.

Como o paredão era logo mais de noitinha, aproveitei e voltei a deitar ao lado dela.

 [...]

Acordamos e percebemos que o sol já ia caindo, então começamos a nos arrumarmos pro ao vivo. Eles sempre colocam músicas mais animadas enquanto rola essa preparação, mas hoje foi diferente. Muita sofrência, nunca tinha tocado música do Rodolfo mas hoje tocou. Aquilo me deu um aperto no peito, mas tentei não focar muito e emanar energia muito positiva.

Chegando na hora do paredão, senti um arrepio nas costas. Agora danô-se de vez, minha esperança já estava abaixando. Não podia negar que um paredão com o Babu seria realmente difícil. Qualquer um que saísse, abalaria a estrutura da casa.

Eis que o Ti aparece na sala anunciando que a votação tinha sido encerrada, e que já já voltaria para levar um de nós pro mundo real. Fui pro banheiro tentar disfarçar o choro que vinha. Me recompus e voltei pro meu lugar, entre a Manu e a Thelma.

-Vamos ao resultado...