Wake up, you motherfucker.

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Caraca, que sonho louco que eu tive, pensei ter acordado numa caçamba e ter sido atacado por uns caras. Acho que bebi demais, essa foi a última vez que eu fiz uma festa de halloween na minha casa.

 “ACORDA SEU FILHO DA PUTA!”. Me pergunto se a Gemma precisa mesmo gritar na minha orelha logo de manhã. Abro os olhos e ela não está do meu lado, vejo ela do lado de fora de casa fritando a campainha. Levanto e sinto a forte dor de cabeça, coloco a mão na frente do rosto por que o sol está muito forte. Estranho, pois estamos em Londres. Abro a porta para Gemma que já me condena à morte com palavras e mais palavras (a maioria palavrões), sinto minha cabeça martelar com todo esse barulho.

 - Gemma, tem como falar mais baixo?- Falei me sentando no sofá olhando para seu cabelo recém-pintado de rosa.

 - Pelo amor de Deus, Hazz, o que houve com você?- Ela me olhava como se eu fosse um mostro ou algo assim.

 - Estou tão ruim assim?

 - Harry olha no espelho...- Ela estava com os olhos arregalados como se eles fossem saltar do rosto. Me levantei e fui até o espelho da escada. Me deparo com meus olhos completamente negros, sem íris, sem pupila, só preto. Minha pele pálida e uma enorme mordida no pescoço, passei minha mão por cima dela, queimava como fogo. Meus canino perfurando meu lábio inferior. NÃO ERA UM SONHO. Era real, e doía muito.

 - Gemma o que aconteceu comigo? Pelo amor de Deus! –Ela estava estática, não se movia, não piscava, sequer respirava. – Gemma me responde!

 - Desculpa, Hazz, mas eu não sei o que te dizer. – Ela veio me abraçar. Quanto mais ela se aproximava mais eu sentia um cheiro doce, um tambor em minha cabeça e de repente um puxão no estômago, tão grande que me derrubou, caí no chão me contorcendo de dor. Eu já sentia o gosto do meu sangue na boca, mas era um gosto diferente, mais ferroso ou algo assim.

Gemma, horrorizada, pegou o celular e começou a falar desesperadamente com alguém, pedindo que viesse o mais rápido possível.  Nesse meio tempo eu me lembrei de algumas cenas da noite passada. Aqueles três garotos me dando bebida, os mesmos pedindo para eu apresentar a vizinhança, o garoto de olhos azuis dizendo “boa noite” e mordendo meu pescoço em seguida, o outro garoto no meu antebraço e o de topete observando a cena fumando um cigarro. Cheguei a sussurrar um socorro bem fraco e ele me deu um sorriso de canto enquanto dava mais uma tragada, e pronto, minhas lembranças acabam aqui.

Minha irmã se aproximou de novo, dizendo que pediu ajuda. O cheiro doce que ela exalava me deu outro puxão no estômago, mas umas três vezes mais forte. Me contorci e sem querer dei um soco na parede que rachou exatamente onde meu punho acertou.

 - Gemma se...afaste.- gemi enquanto ela tentava colocar a mão no meu cabelo. Ouvi o baque ensurdecedor da porta sendo fechada.

- Zayn, pelo amor de Deus, me diz o que meu irmão tem, por favor!

- Acalme-se Gemma, onde ele está?- Ouvi a voz desse tal de Zayn, me parecia familiar.

- Ali, atrás do sofá, ele está se contorcendo faz uns 3 minutos já.

Esse Zayn se aproximou, deixou a mochila de lado e colocou a mão no meu rosto. Frio. Foi o que eu senti.

 - Ora, ora, ora, mas não é que o seu irmão foi o lanchinho de ontem dos meus meninos?

 - O que... você quer dizer...uuh... com lanchinho?- perguntei , gemendo de dor.

- Sério que vocês não sabem? Você nem desconfia Gemma?- ela enrugou a testa como se dizendo “não” – Meus amores, eu sou um vampiro.- Ouvi o coração de Gemma acelerando. Como sei que era o de Gemma? Era o único coração vivo ali naquela sala. Ela apertou o passo e acertou o rosto de Zayn com as mãos bem abertas e depois veio um urro de dor.

- Mortais não podem nos atingir, somos “duros” demais.- Zayn disse fazendo aspas com as mãos.

- E agora, Zayn?- Gemma perguntou, indo buscar uma bolsa de gelo na cozinha.

- Não tem saída, ele já se transformou, é tarde demais pra fazer alguma coisa.- Senti outro puxão no estômago, dessa vez muito forte, espremi até os olhos.  Zayn abriu a mochila e me entregou algo.

- Aqui garotão, só enfincar os dentes. Bon Appétit.

Senti aquele cheiro doce de novo. Coloquei meus “novos dentes” onde Zayn me disse para colocar e senti aquele líquido pastoso e quente descendo pela minha garganta.  Era quase tão gostoso quanto pizza, talvez tão gostoso quanto. Senti o puxão diminuindo aos poucos até não existir mais e eu poder levantar do chão. Olhei para o espelho e meus olhos estavam verdes de novo, meio mortos, mas ainda verdes. Os caninos já não tão grandes quanto antes, mas ainda assim maiores que o normal.

Logo depois Zayn me explicou tudo o que eu deveria saber. Disse que eu não poderia ficar muito tempo no sol, não que eu fosse pegar fogo ou algo assim, mas iria irritar muito a minha vista, ficar uns quatro dias em casa para me acostumar com a ideia de conviver com corações pulsando sangue a todo segundo, terei que me alimentar de sangue pelo menos de dois em dois dias para evitar a dor que eu senti hoje, mas que com o tempo eu me alimentarei com menos frequência e me disse também que comida normal não afeta em nada ela mata a fome, não a sede.

- Acho que por enquanto é isso, se tiver alguma dúvida me liga.- Gemma acompanhou ele até a porta e ele pediu desculpas pelo transtorno. Enquanto eles conversavam, subi até meu quarto e fiquei sentado na cama pensando em como seria minha “vida” depois disso.

Eu.Virei.Um.Vampiro.

Bite MeOnde histórias criam vida. Descubra agora