Capitulo 3

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Estando no rochedo mais alto, consigo em fim respirar. Deixo tudo sair para fora.

O rochedo se encontra na margem de um lago, dando a liberdade de pular dentro de água.
Sem pensar, tiro minha roupa e mergulho na água gela. Nunca nadei antes, mas não significa que não o consiga. Me orgulho de conseguir aprender sem ajuda de ninguém.

A água gelada invade meu corpo quando me torno submersa à imensa solução. Sem respirar, sem saber o que ocorre em torno de mim, me torno as lágrimas e o suor acumuladas em um ralo entupido da natureza. Isso me faz, ainda mais, pertencer a ela. Por ser selvagem, viva.

Saio do lago sentindo minha nudez pelas correntezas de ar atraídas pelo acúmulo de água. E escalo até ao rochedo do qual pulei, nisso, orgulhosa da minha escolha me sento e aproveito a sensação de liberdade, controle, o fato de não se pensar em problemas. Um lugar perfeito, numa noite perfeita, para um ser perfeitamente capaz de ignorar todos os seres "racionais" da face da natureza.

Inspiro o ar puro com minhas narinas já geladas por conta do vento e da água e me deixo deitar de frente para o céu mais lindo de todos, com suas estrelas, e árvores enormes querendo trocá-las. É tão lindo que quase passou despercebido um movimento irregular.

"Quem está aí?" Perguntei sem evitar. Nenhuma resposta. " quem é um ser hipócrita humano." Disse sem mais nem menos. O movimento se torna bem ouvinte a meus ouvidos e me levanto pondo minha mão na bota para pegar meu punhal. Não enxergo nada com a escuridão, mas para que se precisa disso quando se tem os outros sentidos... outro barulho de arbusto.

Não é o Angel pois ele é muito certo em relação a suas regras, os guardada também não pois não perdem tempo com "esconde-esconde", então quem é?

Klac,

um barulho de galho. Sem ter mais paciência vou para cima na direção do ruído, vendo uma sombra se mexer, sem demora imobilizo-a com um braço e o outro espeto com o punhal em sua barriga, geme a sombra, agora visível, tem o quase dobro do meu tamanho a escuridão lhe da forma.

"O que vossa alteza faz aqui?" Pergunto irônica.

"Vim... na hora errada esfriar a cabeça" responde mal humorado. "Achava que o anjinho de Deus estava dormindo! Não devia estar acordada a uma hora destas." Ri com a mão no ferimento no abdômen. Até ferido não o suporto.

"O que um animal doméstico faz no meio da mata? Sabia que pode morrer?" Digo o olhando com meu olhar assassino limpando a faca, e por um milésimo de segundo, juro ter visto piada em suas írises cinzas como o brilho do luar.

Ele ri e tenta andar em minha direção, porém o passo do mesmo falha e cai. Por impulso me aproximo mais e me ajoelho perante ele.

"Não preciso da sua ajuda" exclama divertido " a senhorita é que devia se cuidar para não pegar uma doença..." abaixa o olhar para meu corpo " pois nua e com vento não ajuda a combater" me envergonho completamente, como eu esqueci de uma coisa dessas!

"E eu recomendo não olhar, senão irá piorar sua situação" olho para ele com nojo, deixando-o caído e vou vestir minhas roupas, limpo o punhal e o guardo.

Terminando tudo, viro-me e o vejo como se não tivesse nada demais em seu corpo ferido.

  Querendo ou não, fico próxima o suficiente para escutar sua respiração, sentir seu hálito de nozes e observar seu olhos, tudo isso para ver a profundidade do corte. Levanto as camisas de seda e observo, o corte não tá fatal, contudo é necessário álcool para desinfetar.

Ignorando-o caminho mais por lado oposto do castelo, seguindo para deixar Barry fora de vista.
"O que a princesinha faz aqui no meio da floresta?"
Como disse, ignoro-o.

"É falta de educação ignorar seu convidado real."
Paro brutalmente de andar e me viro para enxergar o rosto estranhamente angelical de Barry Arrow...

"Vossa alteza errou" digo.

"Como?"

"Não é meu convidado e sim do meu pai, e no entanto por mais que não seja da sua importância onde estou ou deixo de estar, aviso que estou aqui para fugir das correntes presas sempre que estou perto daquele chtâteau..." digo revoltada. Se continuar aqui vou desmoronar na frente dele. O que tá acontecendo comigo?

Levanto a cabeça e respiro fundo. "Sabe," abano a cabeça mostrando que estou ouvindo " cítime vinu nie je milovaný... " abaixo minha cabeça e vejo minhas mãos tremendo. De novo. Com as veias negras esfumaçando meu braço, subindo conforme o tempo passa.

Estava sendo tomada viva pela magia negra, sendo vitima da escuridão. Mesmo tendo a noção que a sua voz podia sair falha tinha que continuar a conversa.

"continua" disse sabendo que eu estou em seu campo de visão.

"Nós sentimos a culpa de não sermos amados" passos. " É isso que quer dizer..."

"Coitado!" o interrompi segurando minhas mãos ainda mais forte para pararem sem desviar meu olhar delas.

Risada. Ele. está. rindo. de. mim. "que eu vejo em seus olhos sua falta de amor pelos outros porque nunca foi amada" fecho os olhos já me acalmando, pois finalmente conseguindo respirar.

No momento em que consigo inalar o ar ao meu redor com mais facilidade penso nas palavras que lhe darei como resposta.

" Não preciso de algo que não sei como é." retenho meus olhos fechados. Assim que os abro, tenho uma visão a qual não me lembrava. Barry segurando minhas mão, com seus olhos negros como a pupila de um urso maior.

Arranco minhas mãos de seu alcance e vou em direção do meu local de origem, o castelo. Olho pra meus braços e vejo o desenhos das veias negras virando fumaça e escondendo-se.

OS DEUSES ENFURECIDOS-Eu sou Loury Castelbill-Onde histórias criam vida. Descubra agora