Capítulo- 7

25 10 3
                                    

Adoram me fazer de estulto, inepto, obtuso. Sou temido por todos e odiado por muitos, porem, isso não muda o facto de estar aprisionado no corpo de uma incapaz. De uma incompetente princesa dominada pela ira. Dizem que sou repugnante, insensível e monstruoso. Tudo isso reconforta meu ego.

A incapaz da princesa não tinha se dado conta da armadilha que criaram, a pondo de caminhar para a morte e não fazer nada para impedir. Não podia deixar que o Porco que chamavam de 'Rei' me matar naquele corpo frágil, pois se ela morrer eu morro.

O corpo fica flutuando no lago das sereias enquanto as criaturas místicas se aproximam tenebrosas ao sentirem as duas almas presentes. Com suas escamas por todo o corpo e as guelras fazendo movimentos de comunicação, seus olhos negros como minhas profundezas se arregalam ao farejar o passado dela. Mostra suas presas afiadas para a pessoa dona da minha alma e se afasta, arrastando uma onda na direção do corpo inconsciente quase todo submerso.

Incapaz de eu fazer alguma coisa fico observando. A sereia Verde-água se aproxima novamente da princesa e a cheira com mais cautela- até eu, a um metro de altura, consigo captar a escuridão nada normal vindo do corpo-  Suas escamas se movimentam conforme ela inspira, e a agua que antes tranquila se movimenta de acordo com os sentimentos da sereia.

Dou um sorriso aberto e vejo a criatura nojenta se afastar de meu corpo, ela sobe a rocha com as  ondas se movimentando como um oceano clausurado e grita. Dá seu grito agudo que qualquer um que estivesse acordado teria perdido seus tímpanos. O grito treme a agua, as arvores e até as rochas.

Sinto alguma coisa rompendo em mim, por mais que seja só minha alma presa no maldito corpo, sinto dores físicas com o grito sereiano. Olho para o corpo que esta exatamente a um metro abaixo de mim e vejo que o dano não foi só comigo.

Loury está tremendo, a agua que a cobria está - literalmente- fugido dela. Seu corpo treme, sua pele, antes branca, estava visivelmente escura; seus lábios estavam perfeitamente desenhados pelas chamas que saiam de sua boca; seus cabelos branquearam conforme seu corpo erguia.

"Mas que porr..." reclamo ao ver a sereia gritando mais alto ainda, mas desta vez seu grito era de dor, agoniada se contorce tentando alcançar a agua que insiste em escapar de seu alcance.

Vendo tudo, fico ciente que essa escuridão não me pertencia, aquilo ia alem do meu alcance de dono do inferno.

Aquilo era o inferno em pessoa.

O corpo dela sobe -abrindo ligeiramente os olhos-  e, um momento depois, cai. Deixando escapar um grito de sua garganta seca.

Estando preso a ela, sou puxado para baixo. Me afogando na mesma agua que penetra seus pulmões.

OS DEUSES ENFURECIDOS-Eu sou Loury Castelbill-Onde histórias criam vida. Descubra agora