Capítulo-6

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"VOCÊ!"

Continuo correndo na mata densa, tentando, desesperadamente, chegar onde não me alcançariam, mesmo já sabendo de que isso já aconteceu. Lanço-me entrando nos olhos da fenda de Quarks, rasgando, conforme ando, o maldito vestido ainda com sangue para ter um maior movimento nas pernas.

Continuo correndo como na última hora.

_Chego no salão todo iluminado e sinto que sou extremamente desejada, Meu pai, rei de Bringforg, está segurando a sua espada com as mãos ensanguentadas. Minha mãe, a Rainha de Bringforg, caída no chão com seu pescoço cortado. A adrenalina toma conta do meu corpo, ficando em modo de defesa, meu irmão, Herdeiro William, está com a mão cheia de sangue. Respiro fundo, procurando com os olhos- discretamente- minha irmã; mas ela não estava.

"Sua TRAIDORA!" meu pai grita chamando minha atenção "acha que mandar um mercenário poderia nos matar!"

"e-eu..."

"CALA SUA AMALDIÇOADA BOCA! Foste sempre uma bruxa, mas pensava que usarias a tua escuridão"

Meu corpo treme enquanto tento conter minha raiva por ser acusada por alguma coisa que eu não fiz. Mas o choque é maior, pois, o impacto dado foi a prova que não queria ter. Seu pai sabia da sua escuridão, sabia da sua instabilidade de sentimentos negativos, sabia o que estava dentro mim. E por algum motivo, ela sabia que seu rei sabia mais do que ela.

"olha isto" olho para minha mãe morta e depois para o cara detido pelos guardas ao meu lado "eu sabia que negarias, então vai ouvir da própria boca do filho da Puta!" mesmo não olhando, tinha conhecimento de que o Rei estava apontando para o homem ajoelhado em sua frente.

O rei se aproxima de mim e fala com o cara.

"...em nome de Loury Castelbill Bringforg" sussurra o mercenário com certo orgulho em sua voz "...fiz em nome de Loury Castelbill" fala um pouco mais alto, sorrindo no final ao me olhar_

Meu peito verte as lágrimas que eu me obrigo a deter. Abano a cabeça e meu devaneio se vai - me recuso de pensar agora no que aconteceu- porém é automático e, sem me dar conta lembro novamente. Eu deixei todos para trás e sei exatamente o risco que correm- a morte, se é que já não estão. Paro e entro numa caverna que eu havia descoberto quando pequena com a Laneiy.

_"Você vai morrer em minhas mãos" meu pai diz. Me seguro ao máximo, no entanto, assim que ele mostra meu punhal em suas mãos, meu coração paralisa junto com meu pai. Minhas mãos estão- evidentemente- dominadas pelas trevas. Até meu cotovelo está dominado, fumaça saindo da minha pele, minhas veias negras com meus cabelos. "O que será que vão achar quando virem seu punhal em seu peito?" Todos presentes na sala do trono, saberão da escuridão que domina meu coração.

Cerro meus dentes e tenciono meu maxilar ao ver minha própria arma sendo apontada para mim. "não se atreva" minha voz sai falha e roca- não tendo a certeza que o Rei me ouviu.

Meu pai franze o nariz e mostra os dentes com um gato selvagem, dá um passo pra frente- abaixando a cabeça de leve- e pressiona o punhal  contra minha garganta. Uma boa parte de mim queria correr dali, mas a teimosia e o desafio de ficar foi mais persistente.

Ergo meu queixo e olho nos olhos verdes esmeralda do meu pai. Continuando a sentir a escuridão me domando, fecho meu rosto, e sinto uma coisa em mim nunca vista. Mas não só eu, meu pai também vê e arregala seus olhos._

"Não sei" choramingo para mim mesma a resposta que tanto quero lembrar "não sei"

Tento me lembrar dos próximos acontecimentos, porém, não acontece mais nada. O resto foi como meu sonho, fugir da guarda real e correr para a mata densa, e lembro-me detalhadamente do corpo do meu pequeno irmão morto ainda deitado onde eu o havia deixado- com uma rosa vermelha em suas mãos.

Olho para a espada de meu pai em minhas mãos trêmulas e respiro fundo fechando os olhos, encostando meus cabelos nas pedras cheias de musgo. A corrida que eu dei foi longa, só com a adrenalina me fazendo correr, mas, mesmo quando devia estar cansada, não estou.

_"...em nome de Loury Castelbill Bringforg" sussurra o mercenário com certo orgulho em sua voz "...fiz em nome de Loury Castelbill" fala um pouco mais alto, sorrindo no final ao me olhar_

Aquele homem tentou matar todos, mas quem pagou o homem para me culpar e tentar me jogar na morte junto com ele. Abro meus olho com o peito apertado e olho na direção da gruta. Pelo que me lembrava havia uma saída que leva a uma lagoa escondida, e se tiver sorte, a cabana ainda estará em pé.

Me levanto e começo a andar em direção oposta á entrada por onde vim. Conforme eu me aproximo, corro cada vez mais rápido levando um soco de luz ao chegar no outro lado, ficando cega temporariamente. Fico piscando para meus olho anis se adaptarem á luz imensa do sol de fim de tarde. E quando eles se adaptam, o gosto da saudade vem junto. Está tudo exatamente como me lembrava. Exatamente com quando vim com a Laneiy há 6 anos atrás.

Uma lagoa enorme com as águas azuis turquesa junto com o céu nadando em suas aguas geladas, as plantas num tom de verde que dá vontade de sorrir por ser tão claro e escuro ao mesmo tempo- que acaba se tornando a melhor combinação- , pássaros cantam livremente de arvore em arvore, peixes nadam em meus pés já submersos como se brincassem sem me temer. A mata engole a lagoa que brilha como um sol reluzente.

Tiro toda minha pesada roupa da realeza, ficando só com a roupa interior branca e mais solta, entrando de uma vez e me deitando encostada ao solo quase toda fundida com o liquido- meus cabelos preto, já soltos, brincando com a água e dançando como a correnteza . Fico ali durante um tempo até sentir algo se enroscando minha perna. Levanto minha cabeça lentamente para ver o que é, mas antes que consiga ver com clareza, sou puxada para baixo repentinamente, perdendo o fôlego e ficando sem ar.

Chuto minha própria perna a tentar cortar o contacto com aquilo que me puxa para a parte funda da lagoa. Quando o consigo, quase me afogo nadando para fora e me encontro novamente com a sensação ruim de que algo mais irá acontecer. Afasto um cacho do cabelo dos meus olhos, ficando atenta ao movimento da água- com medo de que seja alguém indesejável- normalizo minha respiração e vejo alguma coisa saindo da margem no outro lado.

Começo a andar lentamente de volta para a margem, chegando a molhar um dos meus pés, mas a agua estava com uma textura mais densa, mais difícil de se mexer. Olho para meu pé imerso e me assusto-  não pelo arranhão de 15 centímetros em minha panturrilha, mas sim pela água estar num tom sangrento, como se, eu tivesse nadado em sangue.

O liquido escorre pela minha perda de forma contraria, suga junto minha coragem me deixando imponente pra qualquer um. Não me importava na verdade. O sangue subindo pelo meu corpo como se eu fosse um imã, e conforme sobe meu peito começa a parar...bem...aos...p.ouc.os...

OS DEUSES ENFURECIDOS-Eu sou Loury Castelbill-Onde histórias criam vida. Descubra agora