Capítulo-9

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"Quanto mais eu falo, mais a incompetente faz o contrário que eu digo" tento me concentrar novamente na montanha que escalo. Olho ao meu redor, procurando algum resquício de civilização humana no meio de tanta planta e vegetação. Estou, na verdade, procurando só alguma estrada que possa, depois, reconhecer.

Estou sem comida, sem bebida, preciso de roupa- pois acabei deixando no meu esconderijo secreto no qual eu não sei onde está.
Acordei em um lugar que parecia mais como as histórias fantasiosas que me contavam quando pequena. Com elfos, ogros, dragões, ciclopes entre tantos outros...

Para ser sincera, eu não sei onde estou. Normalmente ficava sempre na carruagem quando me locomovia em longas distancias. E não conseguia observar a forma exata da estrada e as casas pela distração do tédio.

"Adoro quando sua majestade cala a boca" falo assim que reparo o silêncio do meu hospedeiro corporal. Olho para cima e o vejo chocado na direção em que ele olha. Olho para onde ele está observando e entendo seu choque.

"Uauuu" é a única coisa que falo quando vejo a vila que eu mais gosto na minha frente.
Qkuars era  mais bonita ao que eu me lembrava. Continuava tranquila á beira do mar, colorida com a neve e animada com a vida. Qkuars era a vila com a vida perfeita até na noite mais sombria.

"'Uauuu'? Que Uauu o quê! Essa vila é só pobreza, quem fica feliz sendo escravo se seu pai?" Olho para Hades com o olhar irônico " Ah é, eu o matei... menos um porco no mundo. Isso é certo!"

Bufo em resposta e corro para aquela vila que sempre me recebeu bem. Olho para os lado maravilhada com a simplicidade do lugar e continuo a andar com o passo mais lento.

Qkuars estava estranho. Não tinha pessoas andando de um lado para o outro não tinha nada de tranquilidade que parecia pacífica. A tranquilidade era macabra, assombrosa e medonha.

Levanto a cabeça para ver Hades que também parece suspeitar de algo.

Volto a olhar com mais cautela e, vejo, finalmente uma pessoa olhando na minha direção. Retribuo o olhar e ela some.
Essa reação de querer se esconder de mim me lembrou dos acontecimentos marcantes. "Será que eles já sabem?"

"De você ter matado sua família? Não, acho só que estão brincando contigo!" A ironia do Hades piorou meu pressentimento ruim e me deu a certeza de que algo iria acontecer.

Corro para a lateral de uma das casas presentes assim que ouço os passos dos cavalos do rei vindo. Eu me tornei uma fora da lei, uma infiel, eu me tornei aquilo que imaginava de maneira imatura. Eu acabei ganhado tudo aquilo que algum dia tinha desejado, mas o problema é que tinha sido tudo de forma literal.
"Sou eu quem eles procuram" sussurro em choque para mim mesma. Um misto de alegria com adrenalina perigosa.

"Não me diga? Logo irei gritar para chamar a atenção..." Hades cospe as palavras já frustrado com a minha revelação óbvia.

"Não!" Falo, ligeiramente alto para um silêncio de inverno estabelecido ao meu redor.

Para mim, pode ter sido um pouco alto, mas para o resto, foi o suficiente para saberem onde estou. E, com pouco tempo depois, a cavalaria real já estava me olhando com ódio.

Eu matei seu rei, nada mais nada menos que o aceitável, o ódio.

"Princesa Loury Castelbill está presa em nome do rei de Castelbill III por assassinato á rainha-mãe e ao rei Castelbill II, como sentença á decapitação" o cavaleiro ao lado apresenta meus atos e logo depois avançam para cima de mim.

Eu morrerei se não fizer nada.

EU morrerei por algo que tive prazer de fazer.

Sou Eu ou são Eles.

Sorriu quando estão perto o suficiente e pulo na frente do cavalo, que, como reação provável, levanta as patas da frente quase derrubando um dos cavaleiros. Corro para a abertura que deixaram e pego uma das rochas e atiro no meio dos cavalos que se desesperam e tentam correr.
Alguns dos guardas reais correm e me cercam apontando suas espadas para mim. Em pânico, mas ainda com o olhar psicopata em meu rosto, corro na direção de um deles e seguro sua espada com uma mão e com a outra livre dou uma cotovelada em seu nariz, deixando-o atordoado.

Empurro e, agora armada, eu era mais mortal.
Vão me atacando dois, três, quatro de cada vez; mas como boa espadachim, uso seus golpes contra eles mesmos...

Quando acaba-se tudo sorriu por acabar com todos eles, sorrio ao ve-los caídos mortos no chão e olhar o sangue deles, e não o meu, pintar a neve branca.

Pego em um dos cadáveres e o dispo pegando suas roupas, visivelmente mais quentes que as minhas. Olho para outro corpo que se mexe e vou até ele.

"Pelos vistos você ainda vive" digo virando o corpo do homem ensangüentado.

Como resposta á minha afirmação o homem tenta cuspir sangue para minha direção. Acertando pouco, abano a cabeça e vou embora depois de por fogo na vila toda.

Agora tendo um cavalo com pertences reais de sobrevivência e caça, e cavalgo para um dos próximos planaltos e sorrio ainda mais ao ver as chamas sem controles com as vozes dos mortos como canção de fundo.

Eu estava satisfeita.
Estava feliz.
Mas o pior foi quando reparei no que eu fiz, matando dezenas de pessoas a sangue frio. Matando com gosto e prazer no que eu fiz.

"Nada mal" continuo olhando, agora assustada, para a vila em chamas e abano a cabeça aterrorizada.

"Como eu pude matar?" Pergunto com o resto do meu corpo paralisado.

"Eu te faria outra pergunta, o que é você?" Olho para Hades que me olha com o ceno franzido e com os olhos cerrados.

"Quê?"

"Você estava com outra aparência quando estava matando" Hades olha-me seriamente e suspira "mas o melhor, tem pessoas atrás de ti"

Viro-me assim que ele diz isso é me dou de cara com o Angel e sua aparência assustada.

"Angel?"

OS DEUSES ENFURECIDOS-Eu sou Loury Castelbill-Onde histórias criam vida. Descubra agora