Capítulo-10

11 7 1
                                    

"Angel?"

Ele continua me olhando assustado. Com seus olhos arregalados e sua boca entreaberta. Alguma coisa estava diferente nele, não sabia o que seria, mas eu sabia exatamente que ele não era mais o mesmo.

"Princesa" ele gagueja e move seus olhos para as minhas costas, onde sai um grito estridente de alguma pessoa em sofrimento, e logo depois olha novamente para mim.

Desconfiada, olho para o Hades, que estava tão quieto, ele me olha novamente de forma nojenta e depois 'vira as costas' para mim.

"O que houve?" Pergunto para ele, so recebendo em troca um relinchar como um de cavalo.

"'O que houve'?" Abaixo a cabeça para ver o ser humano indignado com a minha pergunta na qual não estava sendo dirigida para. "Você matou seus Pais!" O olho caindo levemente a cabeça para o lado.

"Ah?"

"O seu irmão está atrás de você, e os reinos vizinhos também já estão a te procurar" Angel abana as mão de um lado para o outro e bate com uma em sua testa suada.

"O que houve contigo?" Pergunto, agora para ele, que para de se mover para me observar. Cerro meus olhos ao ver, evidentemente, fagulhas do fogo e queimaduras leves no braço esquerdo. Ele se aproxima de mim e segura forte o meu braço, fico parada ainda mais confusa com aquela situação e vejo.

Vejo quem está ali.

Vejo a magia borbulhar nos olhos deste bruxo que segura meu braço.

Ao ver, abano-me e tento me soltar andes que aconteça qualquer outra coisa. Mas, sendo mais resistente que eu decido gritar, gritar com minha voz aguda, gritar para atormentar e afugentar tal monstro fantasiado.

Grito alto.
Grito agudo.
E grito com todas as partículas dentro de mim.

Grito até me soltar, e, quando o acontece, dou uma cabeçada no impostor. Ele caiu atordoado, quebrando o feitiço e voltando à sua aparência, como bruxo com ódio em seu coração.

"O que queres comigo, bruxo?" Pergunto perto o suficiente para o olhar nos olhos, mas longe o suficiente para não conseguir me tocar. "FALA" cuspo na cara do indivíduo encolhido em caracol.

"Vou te matar, é o meu dever!" Sussurra de maneira grossa.

"Quê?" Pergunto sem ter compreendido o final.

"VOU TE MATAR, É O MEU DEVER!" Grita, ecoando no espaço silencioso. O encaro ainda sem compreender e me aproximo até juntar nossos narizes.

"Como é?"pergunto debochadamente e sorrio ao o ver tremer. "Fala bruxo, ou tenta me matar com os seus poderes no limite" assopro para sua cara.

"Não dá..." ele começa a tentar se afastar porem, como boa inimiga, o seguro e o levanto de maneira brusca. " Só fiz isso porque me mandaram... meu dever é te matar. Mas também te dar uma mensagem!"

"Que mensagem?" encaro seus olhos vermelhos e o atiro novamente para o chão. O bruxo, sem forças, se abraça á arvore perto. "Fala ou então te forçarei a faze-lo" levanto meu pé e apoio em seu joelho flexionado. Faço, depois de uns segundos, pressão até ele gritar.

"Assim ele não servirá para nada depois" levanto a cabeça e olho irônica para a mísera alma sobre mim. "Melhor a mentecapta ter cuidado com o que pensa..."

"E o que foi que eu pensei?"cuspo as palavras para ele.

"Que eu sou uma mísera alma presa a si!" ele me olha mais fundo com aqueles seus olhos. "Cuidado com a morte"

"Quê?"

Me viro para o bruxo e, logo atrás dele vejo, novamente, o Angel. Frustrada, piso mais forte o joelho já torcido.

"ähhhh..." Sorrio quase rasgando meu próprio rosto. Sinto minhas mãos virarem negras e a minha visão mudar para um mundo temporal.

Uma visão, que eu vejo o que está morto e o que está vivo. Uma visão que eu consigo correr os olhos e saber o que acontecerá no futuro.

Um barulho chama novamente minha atenção para baixo. Olho para o homem abaixo de mim com o crânio amassado pelo meu pé. Como eu tinha chegado ali? Vendo mais sangue escorrer e pintar a neve como uma rosa branca, me abaixo e fecho os olhos, ainda abertos, do homem que foi lhe tirada a vida.

Levo meus dedos no ferimento aberto, molhando a ponta do meu dedo com seu sangue ainda quente e pinto um símbolo. Leve e delicada como uma flor, pinto de forma graciosa o símbolo Tríscele.

Zeus, Poseidon e Hades.

"Não devias ter feito isso"Hades fala atras de mim.

O ignoro e continuo olhar fixamente para as três pernas com uma delas desaparecendo. Só uma sumiu.

"essa perna eras tu! Tu eras o terceiro pilar..." digo admirada com a imagem. Ela é que me guiou para representá-la na neve sangrenta. Vejo Hades desconfortável lá em cima e suspiro, levantando do corpo do bruxo.

"Como sabias que aquilo era um bruxo?" Olho fixamente para a antiga vila que gostava, dando os ombros como resposta à sua pergunta. Me viro para o cavalo calmo e acaricio sua crina.

"Não sei" abano ligeiramente a cabeça para os lados " eu só soube, soube pelos famosos olhos vermelhos de bruxo"

O silêncio se instala ao meu redor de novo, trazendo com o vento gelado de inverno os flocos de fogo até mim, antes sorria sobre a catástrofe causa da por mim, agora me sinto novamente vazia e sem vida.

"Aaahhhhh"

"Que foi isso?" Hades pergunta se espreguiçando no ar.

"Sei lá eu" dou os ombros olhando atentamente para a Vila queimada de onde o grito saiu. Perto demais. "O fogo já amenizou com a neve" dou um passo na direção, mas depois recuo dois. "Será que deveria ir novamente ao lugar que acabei de arruinar?" Olho para Hades que começa a rir de forma engasgada.

"Já está destruindo, que mal pode fazer agora?" Continua a rir até eu chegar lá.

O caminho foi mas pesado do que eu havia imaginado. A fumaça estava forte e o cavalo revoltado não queria de jeito nenhum para o local do massacre. Era assustador pensar que fui eu, uma princesa que anos atrás chorava por um arranhão, fez isso.

Eu acabei com uma vila.
Eu acabei com centenas de moradores.

Até...

OS DEUSES ENFURECIDOS-Eu sou Loury Castelbill-Onde histórias criam vida. Descubra agora