Capítulo-11

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"Você me matou!" Arregalo meus olhos de forma surpresa. Observo  a pessoa andar na minha frente sem encostar os pés no chão. "Você me matou como me avisaram que farias"

"Eu..." as palavras ficaram pressas na minha garganta. Olhava para meu pai ainda sem entender. "Como...?"

"Você me matou então eu passo por ti. Não tem como fugir. Irei para o inferno e você é a porta principal para chegar lá" ele sorri de maneira macabra e passa para dentro de meu corpo.

Meus pulmões se esvaziam de ar e escorrego para o chão sentido-me afogar. Meus pulmões se contorcem dentro de mim. Estou me afogando como meu pai se afogou. No seu próprio sangue.

Fecho os olhos e respiro fundo quando a morte passa por mim.

"Você vai se acostumar com esse detalhe de ter sua consciência ligado á minha" levanto minha cabeça revoltada com Hades.

"mas.." não conseguia terminar nenhuma mas frases. A dor de como o meu pai, Rei de Bringforg, morreu ainda percorria meu corpo como uma enguia. "Tu..., tu sentias isto sempre?" pergunto olhando para o cavalo que se recusava a andar mais. Paro de tentar arrastar o pobre animal e me junto a ele, perto de uma arvore, para acaricia-lo enquanto me tranquilizo.

Não acreditava que aquilo era real, que eu tinha feito, em menos de um dia, dois massacres. Conforme dou mais um passo, dou mais um passo na direção da loucura e insanidade que vive dentro de mim. Porque eu era assim? Sempre com os cuidados a mais, mas porque se preocupar tanto? Quem seria eu depois de massacrar tantas pessoas a sangue frio?

Meu corpo estremece, não pela neve que cai em cima de mim e se acumula, mas pela ponta de felicidade e liberdade que está escondido no meu peito amedrontado. 

"Era o melhor de ser eu" a voz grossa e assustadora de Hades me chama, como um raio sente atração pela água. "e, esse foi o pior de vir para teu corpo inútil, não poder ter mais esse sentimento de dor e morte"

Ignoro as palavras proferidas da segunda alma e subo no cavalo descansado, pronta para galopar para longe daquela destruição.

"A partir de agora, meu caminho é até os deuses." bufo de frustração e abano a cabeça para tirar os negros fios de cabelo sobre meus olhos olhos. " e quando chegar a eles pergunta-lhe-eis o porque desse meu destino."

Bato meus pé, que seguram as botas grandes, no cavalo para ele começa a andar e depois correr. Tendo tudo que preciso na bolsa presa á sela, de comida e agua a um mapa, seguro as rédeas e aumento a velocidade. Decidida a cavalgar para o Al'mw.

O Al'mw era o paraíso, e, sendo sincera, ninguém a meu ver era merecedor de ir para tal perfeição. Diziam que eram os seus sonhos realizados e suas dores anestesiadas, e isso era um inferno particular pra mim. Al'mw não seria o meu lugar, se tiver sorte, não será mais dos deuses também.

Cavalgo rápido sem olhar para trás.

Logicamente falando, se eu for a 45 graus da onde eu sai chego ás montanhas pescanhosas, e, de lá, talvez, consiga encontrar e visualizar o mapa da vida melhor em menos de um dia. Precisaria abastecer-me em, no máximo, três dias de agua e comida então poderia passar num dos vilarejos após a montanha.

Mas quem eu quero enganar? Não conseguiria passar pelas montanhas com o cavalo, e, se fosse a pé, seria o meu fim. Morreria congelada. Não teria nem chances de ridicularizar meu irmão, ainda vivo, no reino que ele será coroado.

No reino que antes era de meu pai.

No reino que será meu.

"Acho o Al'mw é para o norte" debocha baixinho como se não quisesse que eu ouvisse. Reviro os olhos e olho para o sol que já se põe a oeste. "Os Deuse não ligarão para a sua presença, mesmo que se consiga, como mero mortal, chegar lá"

"Eles me receberão ou então se tornaram meros deuses mortos" pego no meu cabelo bagunçado, pela primeira vez desde que sai do castelo, e tento prende-lo com ele mesmo, mas, com relutância, o cabelo foge.

Olho ao redor e pego num caule de uma planta ali perto e seguro-o com a boca. Puxo novamente meu cabelo e o circulo até deixar em formato circular. Tiro o caule de minha boca, cuspindo a terra que ficou nela e prendo meu cabelo pesado com ele. Com, por fim, ficando satisfeita com o cabelo seguro em minha cabeça.

"Não dou também nem pouco tempo para tudo isso cair" fecho minha cara e levanto minha cabeça, fazendo Hades olhar para meus olhos frios e anis.

"Sua positividade me estonteia"

Bato minhas pernas para o cavalo continuar a correr,  andar mais rápido, agora indo na direção da praia para correr pela areia e molhar-me nas águas cristalinas do mar.

Levanto minha cabeça ao sentir o vento gelado bater em mim, respiro fundo enquanto o cavalo continua em alta velocidade. Não querendo saber se mais nada, de mais ninguém, do mundo em que pertenço ou que devia pertencer...

Fecho os olhos aumentando as batidas do meu coração, pois, com uma coisa que aprendi com a vida é que não importa sua capacidade de querer fazer o bem, querer fazer o mal, ou não querer fazer nada, ela sempre acaba como os deuses querem e desenham em seu caderno.

Cada Deus com a história de uma cidade nas mãos, como se nada se passasse. Nada a não ser de um jogo.

"Paraaaaaa" ergo o cavalo para pará-lo e olho para a frente, assustada com o que eu quase ia fazer.

"Meu cavalo!" Exclamo saindo de cima dele e vendo o ferimento na pata. "Maldição seja esses arbustos espinhosos" empurro o cavalo para recuar e tiro os espinhos pressentes em sua crina e seu pescoço.

O pobre animal ficou ferido com os espinhos.

"Podia ter me alertado antes" reclamo a Hades

"Não te falei por isso" olho pra ele com o meu pescoço erguido no máximo "te falei pelos pégasos ali na frente, eles odeiam cavalos"

"Tu me fizestes parar por uma manada?"

"Uma manada que mata qualquer um"

Qualquer um que visse esses belos animais não diria isso, não acreditaria nisso nem em nada. E eu não fui diferente, me aproximei deles com cautela ignorando os avisos irritantes de Hades e me aproximei ao ponto de quase arrancar a crina de um.

Agora eu voaria até os deuses e acabaria com eles.

Pego na crina negra do cavalo voado branco e seguro nas asas do bicho, subindo em cima e tentando-o acalmar.

Levanta vou e se abana de maneira brusca sem o chão ao meu alcance.

"Se eu cair te arrancarei uma das suas assas em troca, pégaso idiota" reclamo á flor da pele, quase caindo dele enquanto sobe em vertical, na direção das nuvens.

De alguma forma o pégaso entendeu o recado e se acalmou, planou até o chão, até á terra íngreme e me deixou descer dele. 

"Princesa Loury Castelbill, que bom vê-la. Não sei se ficará feliz em me ver...mas não se é importante num momento tão crucial quanto"

"Vou te matar como fiz com o outro bruxo" olho de esguelha para o homem no corpo de um recente convívio. "Já avisei" me viro e pego na espada ás minhas costas.

"Que bruxo, sua estúpida?"

"Ele nao é um bruxo"

As duas vozes ditas ao mesmo tempo, fazem com que eu, Loury Castelbill, fique confusa por frações de segundos. O tempo suficiente para conseguir pronunciar.

"Barry?" o sussurro sai.

"Desculpa não avisar antes que isto iria acontecer, mas precisava seguir o plano e fugir do Bruxo preto, o Aharise está atras de ti" 

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⏰ Última atualização: Dec 21, 2022 ⏰

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