OS DEUSES ENFURECIDOS-Eu sou Loury Castelbill-

Capítulo- 8

Não sinto nada nas profundezas de meu peito. Meu coração não bate, e se bate, eu não o ouço. Estou de um jeito difícil de identificar meu corpo. Minhas pálpebras, sinto que pesam como rochas de Odin, minhas escleróticas estão tão imóveis quanto um iceberg no meio do deserto.

Em minha mente...não passa nada. Se tornou um vaco dos deuses mundanos. Meu corpo não mexe, minhas palavras não saem, meus pensamentos não surgem. Sinto meu corpo mole... morto.

Mesmo com o sentimento macabro -sendo a única coisa que ainda sinto perseguir meu corpo-, ouço as palavras distantes de alguém, como um sussurro ligeiramente alto, que se choca ao ver algo. Como se ele previsse que algo estava prestes a acontecer, sinto um calor imenso engolir a frieza em mim e me levantar.

Nesse momento, meus olhos se abrem e eu enxergo. Enxergo tudo. Por alguns milésimos de segundos eu vejo o corpo sobre mim, um homem tão chocado quanto eu. De olhar assustador, o homem monstruosamente grande se aproximar de mim...Por milésimos de segundos vejo o homem e além dele. Mas sendo algo de milésimos ocorre muito rápido, deixando a mente confusa com um impacto grande contra a água.

Os cristais de água me abraçam e sem ar para subir, me afundo até tocar nas profundezas. Abro meus olhos novamente e vejo a criatura em formato de homem na minha frente- tão sem ar quanto- me olha e sussurra:

"se tu morreres, eu te perseguirei no inferno" ele sorri como se estivesse a respirar debaixo de tanto liquido, mostrando seus dentes pontudos sem deixar uma única bolha de oxigênio sair por seus lábios. Arregalo os olhos e solto o pouco ar que me restava.

Eu subo desesperada por oxigênio decidida a não morrer ali. Naquele estado.

Sentindo meu corpo amolecer novamente, gasto minhas ultimas forças tentando alcançar a luz da saída.

Como um impulso, empurro uma rocha pontuda ao meu lado saindo em disparada e conseguindo por meu rosto fora, com tanta energia, eu respiro fundo, aguentando ao máximo o ar que consigo sustentar em meu pulmões no mesmo lugar na areia grossa da praia.

"Idiota, querer morrer afogada..."

Aquela voz aparece novamente. Levanto minha cabeça cansada e olho em volta á procura de seu dono. Em minha visão, só consigo ver a mata densa com um silencio normal. Suspiro virando-me de barriga para cima com os olhos fechados, respirando fundo. Ainda deitada no chão.

"Isso estúpida, continua deitada á deira do lado Groszel! Quando fores atacada por Sátiros serei eu a rir." a voz surge novamente em cima de minha cabeça. Abro os olhos e me assusto. Ele flutua sobre mim como na hora em que cai na água.

"Quem é você?" pergunto ofegante. Me levanto quase caindo no chão sem forças e corro para a árvore mais próxima. Lá, olho para cima novamente e vejo o homem igualmente próximo em cima de minha cabeça. "Quem é você?" Grito desta vez já nervosa.

"Eu sempre estive aqui..." ele abana a cabeça e suspira pelas narinas. " como é que estás me vendo só agora?" Ele serra as sobrancelhas e enruga o nariz.

Parecia-lhe que já o tinha visto em algum momento de minha vida. Mas qual? Puxo meus lábios para dentro de minha boca seca e insisto. " Quem é você?" Desgrudo da árvore em que estava abraçada e o olho. Tentando aproximar meus olhos nos dele para o ver melhor, porém, ele se afasta o tanto que eu avanço.

"Eu, minha cara, serei seu pior pesadelo a partir de agora. Já que só agora é que a 'princesinha' me viu"

"Quem é você?"

"Já falei o que precisava falar!"

"Não" reclamo já sem forças para continuar de pé escorrego e encosto na árvore. Alguma coisa havia tirado toda minha energia, mesmo não sabendo o quê. Olho-o irritada e lanço cuspe em sua direção.
Meu cuspe, passa por dentro dele e aterrissa na areia um pouca mais á minha frente. Arregalo os olhos.

"Quem é você de verdade?"

"Eu já disse...sua energúmena" diz gritando, que para mim sai como uma fala normal. " Sou alguém que não é seu amigo. Eu sou Hades!"

"Hades?" Abano minha cabeça não acreditando em suas palavras. " Hades está morto! Virou história a morte dele." Dito em voz alta me trouxe dúvida sobre o que falei.

"Acredita no que a mentecapta quiser acreditar" se vira de costas para mim. Olho seu corpo flutuar sobre mim sem entender o porquê ou o como isso aconteceu comigo. Dou um passo para trás e vejo o corpo se movimentar o tanto que eu andei.

Me Aveiro melhor na árvore fechando logo depois os olhos. O cansaço era maior que tudo. Manter os olhos fechados era um alivio insano.

De olhos fechados sinto as correntes de ar irem em contra com meu corpo, sinto o canto de pássaros passarem sobre mim, sinto o cheiro pacifico da agua.

Sinto a paz de dormir em meu corpo. E sinto, que aos poucos, vou perdendo a consciência.

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"SUA DESPREZÍVEL" ouço a maldita voz do 'Hades'.

Ainda cansada e de olhos fechados, bocejo alto e exageradamente para ver se o irrito.

"Quê?" pergunto abrindo os olhos e encontrando uma pessoa com chifres me olhando perto demais. Com seu nariz- praticamente- tocando no meu e seus olhos pretos cerrados. Tranco a respiração ao o sentir aproximar ainda mais e, como reflexo, o empurro para longe.

Ou pretendia empurrar.

Olho para cima e vejo o homem flutuante me olhar com certa diversão, o que me deixou ainda mais atordoada. Rastejo para meu lado esquerdo e me levanto assim que consigo, quase escorregando e caindo de costas.

Afastada, arregalo os olhos ao ver o suas pernas de bode. Com certeza aquilo não era um homem! Engulo seco e olho para os meus lados, a procurar algum refugio.
Vejo de longe uma abertura numa arvore, teria só de atravessar o rio que servia de obstáculo.

"Melhor não fazer isso não! Ele é um sátiros" olho para cima onde Hades está resmungando novamente "...para uma princesa, você não sabe de nada!"

"Sei sim! Só não sabia que eles realmente existiam" me defendo olhando para ele que sorri imensamente a olhar para o homem bode.

"MENINA DOIDA!"pulo ao ouvir a voz da criaturinha ao meu lado. Era grave e alta. Olho lentamente para ele e tento sorrir para me acalmar e lançar-lhe alguma confiança de que não sou má

O que faz em seguida- ou como resposta do meu sorriso- pegar uma taça de vinho que apareceu do nada. "TÁ FALANDO COM QUEM, VOSSA ALTEZA?" levanto minhas sobrancelhas incapaz de acreditar naquilo.

Recuo um passo. "SABE MINHA CARA..."recuo outro passo "SE NÁO PUDER FAZER TUDO FAÇA O QUE PUDER" dou outro passo para trás " MELHOR ACREDITAR NAS MINHAS PALAVRAS DO QUE EM CERTAS PRIMAVERAS TRANQUEIRAS" ele concorda com sua cabeça e me olha no exato momento em que dou mais um passo para trás. "NAO ME TEMAS, EU NAO SOU TEU PROBLEMA! PODES ME CHAMAR DE KREIOS, MAS JÁ AVISO, NAS MINHAS FALAS AS RIMAS NÁO TÊM FREIOS."

"Prazer Kleios" ele sorri e abana a cabeça para tirar os cabelos ondulados de sua testa.
Quando pára, sua outra aparece outra taça de vinho e o entrega para mim. "obrigado"

"NAO ME AGRADEÇAS, SÓ PEÇO QUE NAO TE ESQUEÇAS QUE EU NAO SOU O BICHO DE SETE CABEÇAS" sorri de forma bem humana e começa a andar para dentro da floresta. Sendo fundindo com a natureza ao redor do rio.

Sem saber como agir, me assusto quando a taça da minha mão desaparece, deixando um rastro de terra escorrer em meus dedos. Olho na direção em que Kreios saiu e respiro fundo, em fim, conseguindo respirar. Hades emitiu um grunhido de engasgo como : grup grup grup; olho para ele confusa e vejo que era seus jeito tosco de rir.

Bufo frustrada pelo que aconteceu e caminho para o lado oposto da direção do Sátiro.

Fui seguindo o rio com as energias recarregadas depois do momento em que dormi.

"Sábia escolha não ficar no mesmo lugar" ouço a voz irônica sobre mim. "Mas ir na direção Ciclopes...acho que se você quer carinho e guerra é o melhor lugar para ir"

"aff" resmungo sem saber aonde ir...