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~Gizelly On~

Os últimos meses de gravidez com certeza eram os piores, minha barriga estava enorme, o que me proporcionou dores constantes nas costas, além disso já não conseguia mais calçar meus sapatos, nenhuma roupa, mesmo sendo de gestante, não servia ou não ficava confortável. Eu tinha muita falta de ar e a pior coisa era passar a maior parte do dia no banheiro por causa da vontade de fazer xixi.

Durante a madrugada eu raramente dormia e tinha muitos desejos, fazendo com que seguidamente eu acordasse Felipe para me buscar alguma coisa. Além do meu humor, que também tinha piorado muito. Se antes eu era uma pessoa que chorava por qualquer coisa, agora eu brigava por qualquer coisa.

Consequentemente, isso vinha afetando nosso casamento, pois eu e Felipe acabamos brigando diversas vezes durante o dia e os eram teimosos e orgulhosos demais a ponte de ceder. A três semanas atrás tivemos uma briga feia por conta dos nossos trabalhos. Eu brigava por ele passar maior tempo no trabalho, sendo que ele havia me prometido que iria diminuir o tempo trabalhando fora assim que eu entrasse para o oitavo mês de gestação. Invés disso ele parecia querer fugir da responsabilidade, saía cedo e chegava tarde. Me deixando o dia todo somente com Jack Bacon. Alguns dias eu ligava para minha sogra e pedia que ela viesse por eu simplesmente não conseguir fazer nada graças a minha falta de ar e dor nas costas.

Cris não concordava com as atitudes que Felipe vinha tendo, mas parecia que ele tinha voltado para a época do BBB, pois agia da mesma maneira.  Enfim, após essa briga, ficamos uma semana sem se falar ou dormir junto. Mas havia servido para alguma coisa, pois durante toda está semana ele havia ficado em casa saindo para trabalhar somente no turno da manhã. E dormia no chão do quarto para caso eu precisasse de alguma coisa. Não demorou até as coisas voltarem a como estava antes. E hoje, era um dia que eu não deixaria passar.

Desci as escadas devagar e me sentei cuidadosamente no sofá, minha respiração estava mais falhada que o normal e a dor por vezes era tanta que eu sentia náuseas. Olhei a hora em meu celular e já era quase meia noite e nada do Felipe, logo meu sangue ferveu e fui direto até minha conversa com minha sogra, perguntando se Felipe estava na casa dela. Não levou nem um minuto até que ela dissesse que não tinham visto Felipe ainda essa semana. Bufei, sentindo novamente aquela dor forte e disquei o número de Felipe, que me atendeu depois de vários toques.

- Por que tu tá me ligando? Eu tô no trabalho! - ele disse de forma grosseira.

- Que porra de trabalho o que Prior, que merda de arquiteto fica até meia noite na porra do escritório enquanto a mulher tá grávida! - gruni de dor, cravando minhas unhas no encosto do sofá.

- Você tá grávida, não aleijada Gizelly. Deixa de drama, daqui a pouco eu tô em casa. Pede uma pizza pra você e diz pra colocar na minha conta.

Desta vez meu olhos haviam se enchido de lágrimas, não sabia se era de raiva ou de mágoa.

- Eu não quero a droga de uma pizza, eu quero meu marido do meu lado. Vai se foder Felipe, fica com a porra desse seu trabalho! - eu gritava, mais pela dor que eu sentia do que pela raiva.

- Era só por isso que tu me ligou? Pra gritar comigo e mandar eu me foder? Tu é louca Gizelly. - Comecei a sentir minha barriga se contraindo e descontraindo, tentava respirar fundo, mas era um pouco difícil.

Deixei o celular no viva voz e o larguei no sofá, levantando e encostando minhas mãos na parede. Sentindo meu corpo inteiro soar e a dor ser cada vez mais forte. Logo comecei a sentir um líquido escorrer pelas minhas pernas e comecei a chorar, pedindo que deus me desse pelo menos calma.

- Porra eu não acredito que isso tá acontecendo. - Murmurei baixinho.

- O que você disse Gizelly? - Felipe perguntou do outro lado da linha.

Lᴏᴠᴇ Mᴇ Oʀ Hᴀᴛᴇ Mᴇ - 𝙋𝙧𝙞𝙯𝙚𝙡𝙡𝙮Onde histórias criam vida. Descubra agora