Parte 1

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Alicia

Estendi o dinheiro para pagar a corrida ao motorista e saí rápido do carro segurando minha pasta e ajeitando a bolsa nos ombros.
Olhei em meu relógio de pulso vendo que faltavam menos de dois minutos para nove e trinta da manhã, horário que havia sido combinado. Parei em frente à porta e imediatamente lembrei da frase "nove e trinta, nem um segundo a mais" que eu ouvi ao telefone. Eu faria uma coisa infantil sim, mas eu fiquei encarando meu relógio rodar quarenta segundos e toquei a campainha assim que ele virou 9:30. Se não era um segundo a mais, não teria um segundo a menos.
Não naquele dia. E seria uma boa desculpa para meu quase atraso, já que o táxi decidiu não usar o GPS nos primeiros momentos da corrida e nos perdemos.

_ Está atrasada, senhorita - ouvi a voz firme assim que a porta foi aberta e neguei sutilmente
_ Toquei a campainha exatamente às nove e trinta. Nenhum segundo a mais - ele abriu a boca, mas logo a fechou desistindo de falar qualquer coisa que estivesse em sua cabeça.
Ele fez um gesto me pedindo para entrar e eu pedi licença logo após o segundo passo.
_ Já irei parar algumas regras da casa - começou - sapatos de usar na rua, são sapatos de usar na rua. A senhorita terá as slippers para usar dentro de casa assim como todos nós. A única pessoa que está liberada dessa regra é o Ben, por enquanto. Você irá o conhecer.
_ Preciso tirar os meus agora?
_ Como ainda estamos vendo se a senhorita realmente vai ficar com o emprego, pode tirar apenas se quiser.
_ Não quero - falei direta e ele me encarou alguns dois segundos antes virar-se voltando a andar.
Passamos pela primeira parte da casa que tinha apenas alguns quadros e uma pequena fonte de água no meio. Logo após a segunda porta tinha uma sala do lado direito e uma porta que estava fechada, não facilitando minha curiosidade, ao lado esquerdo. Andando mais pelo corredor tinha uma sala ainda maior que era um pouco mais colorida do que os tons neutros e opacos que eu vi antes. Alguns passos depois tinha a escada e ao lado uma porta grande, que foi onde ele me levou.
_ Senhor Bieber, as crianças acabaram de sair - Uma senhora que parecia muito simpática falou assim que o viu dentro da cozinha
_ Sem problemas. Estou apenas apresentando a casa e um pouco da rotina - nenhum obrigado, seu mal educado? - senhorita Reev, como pode ver aqui é a cozinha, e essa é a Senhora Harris, nossa governanta.
_ Prazer em conhecê-la - dei um sorriso simpático e ela se limitou a assentir com um sorriso fraco, logo voltando para seu trabalho
_ Andando mais um pouco é a sala de jantar, existe uma entrada pelo lado esquerdo da sala também, logo antes de onde fica o aquário - assenti afirmando que entendi a informação - todas as refeições são feitas na sala de jantar, sem exceção. A não ser que alguém esteja doente e precise se alimentar no quarto.
_ E as crianças? - perguntei sobre a única coisa que eu tinha interesse. Era por elas que eu estava ali.
_ Espero que já estejam nos esperando - falou olhando para o relógio e logo saiu pela porta que era ao lado do aquário, como ele havia dito.
Assim que olhei em direção à escada mais uma vez, vi as quatro crianças todas em pé por ordem de idade - ou pelo menos tamanho - e com as mãos para trás, exceto um dos meninos que tinha uma de suas mãos segurando a mão de um menino menor.
Eu conhecia aquelas crianças muito bem - pelo menos três delas - e não conti o sorriso fraco. Eu vi Luke, o mais velho dar um sorriso de meio segundo e voltar a ficar sério olhando para seu pai, assim como os outros.
O que é isso? Um exército?
_ Crianças, essa é a senhorita Alicia Reev.
_ Bom dia, senhorita Reev - eles falaram com uma sincronia que parecia ensaiada. Parecia mesmo um exército.
_ Ela, a partir de hoje, será a professora particular de vocês - Justin começou - não quero ouvir reclamações sobre vocês e quero que nas provas vocês tenham excelentes resultados. Já sabem as consequências de resultados abaixo disso.
Eu arqueei minhas sobrancelhas encarando o chão enquanto apenas ouvia.
_ Luke, você irá estudar sozinho e a senhorita Reev irá apenas lhe dar auxílio, espero que você não é incomode mais que o necessário
_ Sim, pai.
_ Dave e Ane, vocês terão aula com a senhorita Reev, mas isso não os isenta de ter um momento para estudarem sozinhos.
_ Sim, pai - os dois falaram juntos. Eu estava ficando assustada.
_ O Ben é responsabilidade de todos vocês. Seja banheiro, brinquedo ou brincar.
_ Sim, pai - e ali estava o exército mirim
_ Sim, papai! - Ben falou um bocado mais animado do que o resto e eu dei um sorriso fraco. Ane até riu, mas deu uma chacoalhada fraca na mão que ela segurava do irmão como se o repreendesse.
_ Vão esperar na sala de estudos - Justin ordenou e as crianças imediatamente pediram licença se retirando.
Não pareciam nem de longe as crianças que eu conheci um tempo antes.
_ Você já conheceu as crianças, eles sabem todas as regras que devem ser seguidas, mas ainda são crianças então, se eles quebrarem alguma, eu gostaria de saber para que eu possa agir de maneira apropriada.
_ Seus filhos são crianças muito educadas. Não acho que terei problema - fiz questão de frisar a primeira parte
_ Agradeço. A senhorita encontrará os termos para o emprego definitivo em cima da mesa da sala de estudos. Eu não me importo com o que a senhorita faz, eu só quero que no final do dia meus filhos tenham aprendido algo e que a senhorita realmente vala o que eu estou pagando.
Eu arqueei minhas sobrancelhas com aquela frase. Eu era professora há quase sete anos, claro que eu valia cada segundo do que era pago pelo meu tempo.
_ Estou saindo para trabalhar agora e voltarei às seis e meia. Teremos trinta minutos para discutirmos sobre o contrato e falarmos sobre as crianças. Diariamente esse tempo é quinze minutos.
_ Tudo bem - assenti - Quando as crianças não estiverem tendo aula, o que elas fazem?
_ Bem, cada um segue sua própria rotina e isso ter anexado aos termos. A senhorita é professora, mas eu estou pagando pela hora em que a senhorita está aqui independente de aulas, então eu peço que cheque cada um a cada trinta minutos durante o dia - assenti. Era justo.
_ Se, de repente, algum deles quebrar a rotina?
_ Bem, desde que eles estejam aprendendo e a senhorita esteja ciente disso, não há problema. Também podem assistir TV no horário de ler livro, desde que leia o livro no horário de assistir TV. Assim é com tudo.
_ Entendi - confirmei mais uma vez - mais alguma coisa que eu deva saber previamente?
_ Câmeras. Temos câmeras na casa e algumas delas gravam voz. - falou de imediato, como se estivesse esquecido de dar essa informação antes - tem em todas as entradas e saídas, na cozinha, no hall de entrada, na escada e no corredor do andar de cima. Nenhuma dessas tem som, é apenas para segurança e caso eu precise encontrar alguma criança que decidiu sumir dentro de casa - assenti com a informação - na sala de estudos tem uma câmera e nela tem áudio, assim como na sala do aquário que também é o local de brinquedos e leitura. Não precisa de preocupar com isso pois os áudios apenas são checados se eu achar necessário, não checo nenhuma câmera se não tenho motivos, pode ficar tranquila e ter sua rotina normal.
_ Okay. Obrigada por me informar.
_ Agora preciso ir. Em dias normais eu sairei de casa na mesma hora que a senhorita chegar. Vou te levar até eles - comecei a segui-lo até a porta que eu havia visto no início. Era uma sala de aula dentro de casa - tenha um bom dia, senhorita.
_ Obrigada - dei um sorriso fraco para ele e entrei na sala. Ele fechou a porta atrás de mim.

Continua...

***
Notas:

Oie! Esse é nosso primeiro capítulo. Muitas informações tanto para nossa personagem Alicia quanto para vocês se situarem na história também.
Não odeiem Justin e seu jeitinho robótico de ser, vocês vão entender um pouco do porquê ele é assim - ou não -, os xingamentos e puxões de orelha são livres, podem fazer o que quiser kkkkk

Eu espero que tenham gostado dessa primeira parte, conto com o apoio, opiniões e críticas para termos uma história linda <3

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