Parte 2

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Alicia
Observei as crianças todas sentadas nas cadeiras, exceto Ben que estava brincando no chão, e andei até uma mesa na frente deles deixando minha pasta e minha bolsa.

_ Bom dia - abri um sorriso para as três crianças
_ Bom dia, senhorita Reev - eles realmente pareciam uma exército mirim
_ Então, vamos começar com uma pergunta- argui o dedo indicando o número um, mas logo o abaixei - eu realmente não vou ganhar um abraço?

Os três se olharam como se estivessem perdidos no que fazer, quem falou foi Ane.
_ Eu acho que nosso pai não vai gostar, senhorita Reev.
_ As salas tem câmeras - Luke complementou - ele não sabe que a gente combinou de escolher você para ser nossa professora por que já te conhecíamos e gostamos de você.
_ Não queremos que você seja demitida. Desculpa.
_ Vocês acham que ele me demitiria por causa de um abraço?
_ Não temos certeza, mas nossa última professora foi demitida por que nos colocou para fazer artesanato e nosso pai achou que não aprendemos anda com isso.
_ Tudo bem - dei um suspiro um tanto quanto triste - por hoje isso vai passar, mas amanhã eu vou cobrar meu abraço nem que seja no horário de lazer de vocês.
_ Lazer - Dave murmurou rindo e os irmãos deram uma risada fraca o acompanhando. Decidi não prolongar o assunto naquele momento.
_ Bem, vamos começar - abri minha pasta pegando os papéis de dentro - aqui eu tenho um questionário sobre vocês e algumas perguntas de conhecimentos gerais só para eu medir o nível de conhecimento que vocês estão agora - entreguei os papéis iguais para Dave e Ane, Luke recebeu um outro diferente para o nível dele - vocês tem quinze minutos. Se não souberem de alguma pergunta, não precisam fazer. Isso não é um teste e nem mesmo um exercício.

Cada um pegou seu lápis que já estava em um compartimento na própria mesa e começaram a fazer. Eu comecei a contar o tempo no meu relógio para eu não me distrair e andei até Ben que estava no chão sozinho.
Sentei com ele lhe entregando uma peça de encaixe igual as que ele estava fazendo o vendo dar um sorriso contente pela interação.

O restante do dia seguiu-se tranquilo. Depois de três horas de aula, com um intervalo a cada cinquenta minutos, eu já me sentia satisfeita com o que eles sabiam e aprenderam.
Às 1pm eles foram direto almoçar, 1:30pm cada um foi para seu quarto para ter o momento de leitura - eu fiquei com Ben na sala de brinquedos fazendo uma leitura com ele também -, 2:30pm os chequei vendo que Luke brincava em seu vídeo game, Ane vestia bonecas enquanto assistia um filme da Barbie e Dave procurava alguma coisa para assistir enquanto estava deitado na cama, foi ali que eu decidi entrar.

_ Oi, Dave! Posso entrar? - perguntei o vendo sentar da cama e assentir. Soltei a mão de Ben que logo subiu na cama com o irmão, eu não achei apropriado fazer o mesmo, então decidi ficar em pé - você quer uma sugestão do que assistir?
_ Tem que ser de classificação livre ou educacional.
Coloquei na busca o nome Go, Diego e o selecionei.
_ Você gosta desse? Ele vai te ensinar algumas palavras em espanhol e é divertido.
_ Pode ser - me olhou com um sorriso fraco no rosto - você vai assistir comigo? - assenti vendo seu sorriso aumentar. Sentei na ponta da cama.

Eu sentia meu coração doer ao saber que aquelas crianças eram tão carentes. Elas eram incríveis quando iam para a escola, eram crianças divertidas, carinhosas e inteligentes. Até a mãe deles morrer no parto de Ben por uma infecção causada por erro médico. Eles terminaram o semestre e depois sumiram da escola.
Claro que eu sabia que estavam tendo aulas particulares e em casa, mas eu jamais imaginei que eles tinham começado a ter um tratamento tão duro como aquele.

Logo o "horário de diversão" acabou e era hora de organizarem o quarto. O de Dave estava impecável, então eu fui direto para o de Ane enquanto ele ia para o de Luke o ajudar, assim como eu pedi.
Deixei Ben no chão do quarto mais uma vez indo ajudar Ane a ajeitar peça por peça das roupas de boneca que ela tinha separado.
_ Você não precisa me ajudar. Se meu pai souber ele vai ficar chateado, essa é nossa responsabilidade - murmurou tentando juntar o máximo de coisas o mais rápido possível.
_ Eu estou ajudando por que eu quero.
_ Mas ele...
_ Ele não vai fazer nada, querida. Está tudo bem.

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